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GABINETE REGIONAL DA UNICEF PARA A ÁFRICA ORIENTAL E AUSTRAL
Medir Resultados
na Programação da Comunicação sobre
a Mudança Social e de Comportamentos
Outubro de 2020
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
Foto da capa: ©UNICEF/UN036248/Rich
Índice
Acrónimos e abreviaturas i
1 Introdução 1
2 Compreender a comunicação sobre a mudança social e de comportamentos 3
2.1 O modelo de catalisadores comportamentais 3
2.2 A Jornada em Direção à Saúde e à Vacinação 5
3 Gestão baseada em resultados 13
3.1 Análise do contexto e da situação 13
3.2 Análise causal 14
3.3 Estabelecimento de prioridades 15
3.4 Definição dos resultados prioritários 15
3.5 Como formular resultados e indicadores para a CMSC 18
3.5.1 Resultados e indicadores ao nível do impacto 19
3.5.2 Resultados e indicadores da CMSC ao nível da consequência 19
3.5.3 Resultados e indicadores da CMSC ao nível da consequência intermédia 21
3.5.4 Resultados e indicadores para a CMSC a nível do efeito direto 22
4 Como utilizar as listas de indicadores 25
5 Anexos 29
5.1 Anexo 1: Definições de determinantes comportamentais 29
5.1.1 Catalisadores psicológicos 29
5.1.2 Catalisadores sociológicos 37
5.1.3 Catalisadores ambientais 40
5.2 Anexo 2: Lista exaustiva de indicadores da CMSC 43
i
Acrónimos e abreviaturas
AnSit Análise da Situação
CAP Conhecimentos, Atitude, Prática
CCSH Conceção Centrada no Ser Humano
CD Comunicação para o Desenvolvimento
CMSC Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
CPN Cuidados Pré-Natais
EAAV Efeitos Adversos Após a Vacinação
ESARO Gabinete Regional para a África Oriental e Austral
ESAR Região da África Oriental e Austral
ESA África Oriental e Austral
GBR Gestão Baseada em Resultados
IDS Inquéritos Demográficos e de Saúde
MCC Modelo de Catalisadores Comportamentais
MENA Médio Oriente e Norte de África
MGF/E Mutilação Genital Feminina/Excisão
MICS Inquéritos aos Indicadores Múltiplos
MoRES Sistema de Igualdade de Resultados de Monitorização
MSE Modelo Socioecológico
PAV Programa Alargado de Vacinação
PC Perceções Comportamentais
PDI Pessoas Deslocadas Internamente
SIGE Sistema de Informação de Gestão da Educação
SMARTER eStratégico, Mensurável, Alinhado, Realista, Transformador, capacitantE, Relatável
SMART eStratégico, Mensurável, Alcançável, Relevante, limitado no Tempo
TdM Teoria da Mudança
TT Toxoide Tetânico
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
ii
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
ii
©UNICEF/UN0162343/Tremeau
1
1 Introdução
O objetivo deste documento consiste em fornecer algumas diretrizes básicas para a medição de resultados associados à
programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos (CMSC). De facto, tanto a Avaliação Global da
Comunicação para o Desenvolvimento de 20161
como a Análise de Diagnóstico de 2019 das Estruturas Operacionais e de
Programação da Comunicação para o Desenvolvimento na Região da África Oriental e Austral (ESAR)2
salientaram que dispor de
resultados claramente articulados tanto na Comunicação para o Desenvolvimento como nos planos estratégicos e quadros dos
setores permanece um dos principais desafios relacionados com a CMSC.
Apesar de a maioria dos países da África Oriental e Austral (ESA) terem formulado indicadores nas suas estratégias de CMSC3
,
persiste frequentemente um desfasamento entre o nível de mudança formulado na declaração de resultado e os indicadores
identificados para captar a mudança: “Tal como estão correntemente formulados, os indicadores só podem medir os progressos
ao nível da atividade, mas não conseguem captar as mudanças ao nível do efeito direto ou ao nível da consequência de modo
a refletir os progressos nos conhecimentos, atitudes, intenções e/ou competências que promoveriam a adoção das práticas
visadas4
.
”
A monitorização é uma componente-chave da Gestão Baseada em Resultados (GBR) e oferece uma oportunidade para
acompanhar o estado da implementação, recolher provas da mudança (ou da sua ausência) e medir a qualidade dos resultados
de uma iniciativa, projeto ou programa. A monitorização permite que os gestores ajustem as intervenções continuamente e que
melhorem os resultados através de um processo iterativo apoiado por informações credíveis, baseadas em provas.
Por conseguinte, enquanto parte da sessão da reunião de Representantes Adjuntos de 2019 da ESAR da UNICEF relativa
ao Enfoque na comunicação para o desenvolvimento para acelerar as mudanças nas normas, comportamentos e práticas
sociais, foi decidido criar um quadro de Gestão Baseada nos Resultados para a Região da África Oriental e Austral com uma
componente de CMSC integrada. O presente documento visa fornecer orientações para medir os resultados da CMSC ao levar
em consideração os documentos de orientação de CMSC da UNICEF mais recentemente disponibilizados, como o Modelo de
Catalisadores Comportamentais (MCC), o guia de programação de normas sociais Everybody wants to belong e o quadro da
Jornada em Direção à Saúde e à Vacinação5
.
Os destinatários que estas orientações visam alcançar são os funcionários de monitorização e avaliação e do setor do programa
Comunicação para o Desenvolvimento dos Gabinetes Nacionais da UNICEF que estão ativos na conceção e implementação do
ciclo do programa do país, parceiros estatais e não estatais envolvidos na conceção e implementação de programas de CMSC e
funcionários envolvidos na monitorização e avaliação das intervenções de CMSC.
O documento Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos foi elaborado
por Dominique Thaly, consultora internacional de Comunicação para o Desenvolvimento recrutada pelo ESARO da UNICEF
,
e revisto por Natalie Fol, Helena Ballester Bon e Massimiliano Sani, da equipa de Comunicação para o Desenvolvimento do
ESARO.
1 UNICEF (2016), Communication for Development: An evaluation of UNICEF’s Capacity and Action. Setembro de 2016. Gabinete de avaliação.
2 UNICEF ESARO (2019), Diagnostic Assessment of C4D Programming and Operational Structures in the Eastern and Southern Africa Region.
3 Será utilizado CMSC em lugar de Comunicação para o Desenvolvimento quando não se referem funcionários e intervenções específicos de Comunicação para
o Desenvolvimento da UNICEF.
4 UNICEF ESARO (2019), Diagnostic Assessment of C4D Programming and Operational Structures in the Eastern and Southern Africa Region.
5 UNICEF (2019), Everybody wants to Belong. A practical guide to tackling and leveraging social norms in behaviour change programming. UNICEF / Petit, V. (2019),
The behavioural drivers model: A conceptual Framework for Social and Behaviour Change Programming. UNICEF (2019), Versão preliminar da Orientação de
Programação da Comunicação para o Desenvolvimento. UNICEF (2018), The Journey to Health and Immunization Framework.
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
2
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
2
©UNICEF/UN056980/Ose
3
2 Compreender a comunicação
sobre a mudança social e de
comportamentos
2.1 O modelo de catalisadores comportamentais
Está provado que fornecer às pessoas as informações corretas raramente se traduz de forma automática na escolha ideal. As
pessoas são altamente emotivas e influenciadas pelo ambiente que as rodeia, por aqueles que são importantes para elas e
pelas outras pessoas com quem interagem. O que acontece em torno de uma pessoa importa tanto como o que ela própria
pensa (Petit, V., BDM 2019). Por conseguinte, as estratégias e intervenções de CMSC que se concentram meramente em
aumentar os conhecimentos do participante e a sua consciencialização de certas práticas geralmente não são eficazes, a menos
que sejam complementadas por outras intervenções.
Para reunir várias perspetivas sobre a tomada de decisões e as teorias e modelos de comportamentos, a UNICEF desenvolveu
o Modelo de Catalisadores Comportamentais (MCC). O MCC começa por fazer a pergunta fundamental: porque é que as
pessoas fazem o que fazem? De acordo com este modelo, todos os catalisadores comportamentais recaem em três categorias
fundamentais:
1. Psicologia, que reúne os catalisadores cognitivos e emocionais individuais;
2. Sociologia, para determinantes relacionadas com interações no interior de famílias, comunidades, grupos e a sociedade
em geral;
3. Ambiente, para elementos estruturais como instituições, políticas, sistemas e serviços, infraestruturas, informações, etc.
6 Para definições de fatores e dimensões, ver Petit, V. BDM 2019.
Figura 1. O Modelo de Catalisadores Comportamentais (Petit,V. BDM 2019)
Em cada categoria, os catalisadores estão organizados de acordo com dois níveis de profundidade6
:
- Catalisadores de Nível 1: os catalisadores de nível superior ou principais, designados por fatores;
- Catalisadores de Nível 2: cada fator é repartido pelas várias dimensões pelas quais é composto.
O que impulsiona um comportamento?
PSICOLOGIA SOCIOLOGIA AMBIENTE
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
4
Figura 2: Principais fatores comportamentais e correspondentes dimensões (catalisadores de nível 1) (Petit,V. BDM 2019)
Quadro 1: Dimensões que compõem cada catalisador principal (UNICEF 2019, Everybody wants to belong)
Fatores (Nível 1) Dimensões (Nível 2)
Caraterísticas pessoais Idade, género, fase do ciclo de vida, estatuto social, educação, composição do agregado
familiar, nível de rendimentos/pobreza, filiação religiosa, estilo de vida, atributos fisiológicos,
consumo de álcool/drogas, distúrbios.
Vieses cognitivos Evitar informação; Heurística da disponibilidade; Ancoragem; Efeito do mensageiro; Viés
de confirmação e de crença; Viés de simplicidade; Viés do mais recente; Viés do otimismo;
Heurística da representatividade; Dissonância cognitiva; Viés de memória.
Interesse Atenção; Exequibilidade; Fruição; Ganhos potenciais; Riscos percecionados; Acessibilidade
económica; Apelo; Desejo.
Atitude Consciencialização e conhecimento; Crenças; Aspirações; Valores; Intuições; Experiência
passada; Emoções; Mentalidade.
Autoeficácia Agência; Bem-estar emocional; Capacidade física; Competências; Confiança; Autoimagem;
Nível de stress; Fadiga; Apoio; Mobilidade social; Autonomia de decisão; Inteligência
emocional.
Racionalidade limitada Autocontrolo/Força de vontade; Viés do presente; Procrastinação; Fatores de complicação;
Hábitos e statu quo; Heurística; Compromisso inconsistente; Contexto/quadro de decisão.
Ambiente de comunicação Informações factuais e científicas; Agenda e narrativa dos meios de comunicação;
Redes sociais; Marketing, marcas, mensagens; Discurso e figuras públicos; Indústria do
entretenimento; Exposição; Boca a boca.
5
Fatores (Nível 1) Dimensões (Nível 2)
Alternativas emergentes Tendências de opinião; Movimentos sociais; Inovações e oportunidades; Mudança e histórias
publicitadas; Desvios positivos.
Influência social e Normas
sociais
Atitudes e práticas da rede de referência; Comportamentos aprovados – expetativas
normativas; Práticas típicas em que se crê – expetativas empíricas; Pressão social –
recompensas, sanções, exceções; Estigma e discriminação/visões societais das minorias;
Sensibilidade à influência social.
Metanormas Processo de socialização; Ideologias de género; Dinâmica de poder; Padrões de tomada
de decisões; Responsabilidades e relações familiares; Resolução de conflitos; Perceção da
Criança, normas morais, cumprimento da lei.
Dinâmica da comunidade Autoeficácia coletiva; Sentimento de apropriação; Coesão social; Igualdade de participação;
Qualidade da liderança.
Entidades governamentais Reconhecimento do problema; Políticas e regulamentos; Mecanismos de cumprimento da
lei e de segurança; Medidas fiscais; Queixas contra as autoridades; Instituições religiosas;
Sistema educativo; Voz e participação.
Intenção Contemplação; Experiência; Reincidência; Celebração, louvor, ritualização, compromisso
público; Sensibilização.
Barreiras estruturais Condições de vida; Disponibilidade e acesso a serviços e tecnologias e qualidade dos
mesmos; Confiança nos prestadores de serviços; Sugestões de ação; Serviços tradicionais;
Infraestruturas; Outros fatores externos.
Contexto Migração, deslocação, emergência versus contexto de desenvolvimento, contexto social/
cultural e religioso, fenómenos naturais e clima.
2.2 A Jornada em Direção à Saúde e à Vacinação
Em áreas como a saúde, a educação ou a proteção das crianças, em que a existência de um sistema de prestação de serviços
funcional é uma condição prévia para a adoção de determinadas práticas e comportamentos, é fundamental realizar um exame
dos fatores viabilizadores e/ou barreiras específicos à procura, acesso e usufruto dos serviços.
O programa Jornada em Direção à Saúde e à Vacinação constitui um quadro abrangente que inclui elementos das Perceções
Comportamentais e da Abordagem Centrada no Ser Humano numa tentativa de racionalizar um amplo leque de barreiras e
fatores viabilizadores que tanto os cuidadores como os profissionais de saúde enfrentam ao longo das suas jornadas rumo à
saúde e à vacinação (mais informações estão disponíveis em https://www.hcd4health.org).
Os desafios relativos à procura referem-se à tomada de decisões e à implementação de medidas. Os fatores viabilizadores e as
barreiras à ação podem influenciar os cuidadores nas decisões de levarem ou não os filhos às unidades de saúde, procurarem
ou não serviços de saúde e regressarem ou não às unidades de saúde. Por conseguinte, temos de reconhecer a complexidade
das interações procura-serviço para compreender os fatores humanos e contextos relacionados com os desafios associados à
aceitabilidade, adequação, capacidade de resposta e qualidade percecionada dos serviços.
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
6
Este modelo pode também ser aplicado a qualquer setor em que a interação procura-serviço desempenhe um papel relevante.
Este quadro coloca a criança e o seu cuidador no centro, cobrindo todos os passos do circuito procura-serviço recorrendo a uma
abordagem do ciclo de vida, desde o momento prévio à conceção da criança (por exemplo, a mãe vai a todas as consultas de
cuidados pré-natais recomendadas) até à idade reprodutora da criança (por exemplo, gravidezes na adolescência).
Figura 3: Quadro da Jornada em Direção à Saúde e à Vacinação, UNICEF 2018
Como se pode ver na figura acima, fatores e dimensões psicológicos, bem como elementos relativos à sociologia ou ao
ambiente, como normas e valores, apoio social e reconhecimento, respeito da comunidade e confiança, desempenham um
papel crucial tanto do ponto de vista do cuidador como do prestador de serviços.
CUIDADOR PROFISSIONAL DE SAÚDE
A JORNADA EM DIREÇÃO À SAÚDE
Seguimento
Seguimento
Seguimento
6 Após o serviço
Ponto do serviço
4
Experiência do serviço
5
Intenção 2
1
Conhecimento,
consciencialização
e crença
3
Preparação,
custo e esforço
•Têm conhecimentos práticos (quando e
onde ir, calendário de vacinação, etc.)
•Compreendem o valor da vacinação
•Têm uma perceção positiva da vacinação
•Têm uma perceção da vacinação como
prioritária
•Não têm receio de efeitos secundários
•Confiam nas vacinas
•Confiam nos prestadores
•Confiam nas entidades governamentais
•Têm informações e motivação suficientes para voltar
para a próxima consulta
•Partilham a sua experiência positiva com a sua
comunidade
•Reforçam a vacinação como norma social
•Estão aptos a dar o seu feedback sobre o serviço de
vacinação
•Conquistam o respeito da família e da comunidade
•Incitam os cuidadores a comparecerem à sessão
seguinte
•Informam os cuidadores sobre possíveis EAAV, como
geri-los e quando e como comunicá-los
•Têm competências práticas
•Têm valores e normas positivos no
que respeita à vacinação
•Têm uma perceção positiva
dos clientes
•Tencionam vacinar os seus
filhos (poder de tomada de
decisões, autoeficácia)
•Comunicam a vacinação
como norma social na sua
comunidade
•Estão motivados pelo
trabalhol
•Elaboram um plano para aceder ao
serviço (transporte, ter quem tome das
crianças, prioridades concorrentes, custos
sociais e de oportunidade)
•Despendem tempo e esforço para aceder
ao serviço
•Elaboram um plano para chegar ao local de
vacinação (preparação, chegar à clínica ou local
de vacinação, custos de oportunidade)
•Sentem-se confiantes a nível técnico
para oferecer uma experiência positiva
ao cliente (competências de
comunicação interpessoal, criação de
confiança, mitigação da dor, formação
e experiência, distanciamento social)
•Têm um perfil adequado
•Têm uma perceção positiva da
experiência (tratamento por
profissionais de saúde, condições
físicas, utilização de registos caseiros,
satisfação do cliente)
•Consideram os serviços disponíveis,
apropriados, convenientes e de
qualidade técnica adequada (horário
do serviço, distanciamento social,
tempo de espera)
•Recebem formação adequada, auxílios
de trabalho e uma supervisão solidária
não ameaçadora
•Estão satisfeitos com a carga de
trabalho e o fluxo da unidade
•Envolvem as comunidades no
desenvolvimento de microplanos
7
O quadro que se segue ilustra a forma como o MCC e a Jornada em Direção à Saúde e à Vacinação estão ligados. As dimensões
de N2 a vermelho são consideradas catalisadores de alta prioridade.
Quadro 2: Ligações entre A Jornada em Direção à Saúde e à Vacinação e o Modelo de Catalisadores Comportamentais
Passos ao longo da
Jornada
Competências ou
comportamentos desejados
ao longo da Jornada
Fatores/
Consequências
de N1 do MCC
associados
Dimensões/Efeito direto de N2 do MCC
associados
1. Conhecimento,
consciencialização e
crença
CUIDADORES
1.1.a Têm conhecimentos
práticos
N/A Consciencialização e Conhecimento
Exposição
Marketing, marca, mensagens
Autoeficácia coletiva
Coesão social
1.2.a. Compreendem o valor
da vacinação
Atitude Consciencialização e Conhecimento
Ganhos potenciais
Evitar informação
Crenças
Valores
1.3.a. Têm uma perceção
positiva da vacinação
Atitude Figuras públicas, discurso público
Ambiente de
comunicação
Redes sociais
Heurística
1.4.a. Têm uma perceção
da vacinação como
prioritária
Atitude Tendências de opinião
Entidades
governamentais
Instituições religiosas
Atitude Normas morais
1.5.a. Não têm receio de
efeitos secundários
Atitude Crenças
1.6.a. Confiam nas vacinas Autoeficácia (ou
atitude)
Crenças
Experiência anterior
1.7
.a. Confiam nos
prestadores
Confiança no
prestador de serviços
Experiência anterior
Caraterísticas pessoais
Efeito do mensageiro
18.a Confiam nas entidades
governamentais
Entidades
governamentais
Queixas contra as autoridades
Cumprimento da lei
Efeito do mensageiro
Crenças
PRESTADORES
1.1.b. Têm competências
práticas
Autoeficácia Política e regulamentação
Marketing, marca, mensagens
1.2.b. Têm valores e normas
positivos no que
respeita à vacinação
Atitude Crenças
Valores
Risco percecionado
1.3.b. Têm uma perceção
positiva dos clientes
Atitude Perceção da criança
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
8
2. Intenção CUIDADORES
2.1.a. Tencionam vacinar os
seus filhos
Intenção Viabilidade
Risco percecionado
Fadiga
Ideologias de género
Responsabilidades e relações familiares
2.2.a. Comunicam a
vacinação como
norma social na sua
comunidade
Influência social e
normas sociais
Atitudes e práticas da rede de referência
Norma obrigatória/expetativa normativa
Norma descritiva/expetativa empírica
Qualidade da liderança
PRESTADORES
2.1.b Estão motivados pelo
trabalho
Interesse Coesão social
Políticas e regulamentações
Riscos percecionados
3. Preparação, custo e
esforço
CUIDADORES
3.1.a. Elaboram um plano
para aceder ao serviço
Autoeficácia Confiança
3.2.a. Despendem tempo e
esforço para aceder ao
serviço
Autoeficácia Agência
Autonomia de decisão/Dinâmica de poder
Apoio
Riscos percecionados
Esforços necessários
Medidas e incentivos fiscais
PRESTADORES
3.1.b. Elaboram um plano
para chegar ao local de
vacinação
Autoeficácia Esforços necessários
Políticas e regulamentações
4. Ponto do serviço CUIDADORES
4.1.a. Consideram os
serviços disponíveis,
apropriados,
convenientes e de
qualidade técnica
adequada
Barreiras estruturais Disponibilidade, acesso aos serviços e
qualidade dos mesmos
Interesse Serviços tradicionais
Contexto e quadro da decisão (Ref. aceitar
versus recusar)
PRESTADORES
4.1.b. Recebem formação
adequada, auxílios
de trabalho e uma
supervisão solidária
não ameaçadora
Entidades
governamentais
Reconhecimento do problema
4.2.b. Estão satisfeitos com
a carga de trabalho e o
fluxo da unidade
Entidades
governamentais
Políticas e regulamentações
4.3.c Envolvem as
comunidades no
desenvolvimento de
microplanos
Dinâmica da
comunidade
Igualdade de participação
Passos ao longo da
Jornada
Competências ou
comportamentos desejados
ao longo da Jornada
Fatores/
Consequências
de N1 do MCC
associados
Dimensões/Efeito direto de N2 do MCC
associados
9
5. Experiência do
serviço
CUIDADORES
5.1.a. Têm uma perceção
positiva da experiência
Barreiras estruturais Experiência anterior
Disponibilidade, acesso aos serviços e
qualidade dos mesmos
Igualdade de participação
PRESTADORES
5.1.b. Sentem-se confiantes
a nível técnico
para oferecer uma
experiência positiva ao
cliente
Autoeficácia Ref. 1.1.b
5.2.b. Têm um perfil
adequado
Confiança no
prestador de serviços
Ref 1.7
.a
CUIDADORES
6.1.a. Têm informações e
motivação suficientes
para voltar para a
próxima consulta
Ref. passos 1 e 2 Ref. passos 1 e 2
6.2.a. Partilham a
sua experiência
positiva com a sua
comunidade
Alternativas
emergentes
Mudança e histórias publicitadas/Desvios
positivos
6.3.a. Reforçam a vacinação
como norma social
Influência social e
normas sociais
Ref 2.1.a
6.4.a. Estão aptos a dar o
seu feedback sobre o
serviço de vacinação
Entidades
governamentais
Voz e participação
Políticas e regulamentações
PRESTADORES
6.1.b. Conquistam o respeito
da família e da
comunidade
Dinâmica da
comunidade
Celebração, louvor
6.2.b. Incitam os cuidadores
a comparecerem à
sessão seguinte
Autoeficácia Sugestões de ação
6.2.c. Informam os
cuidadores sobre
possíveis EAAV, como
geri-los e quando e
como comunicá-los
Barreiras estruturais Ref. para 1.1 b
Passos ao longo da
Jornada
Competências ou
comportamentos desejados
ao longo da Jornada
Fatores/
Consequências
de N1 do MCC
associados
Dimensões/Efeito direto de N2 do MCC
associados
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
10
Exemplos ilustrativos extraídos de uma avaliação de 2019 dos serviços de vacinação e prestação em três grandes cidades
urbanas da Somália ajudam a compreender melhor alguns dos desafios existentes na ESAR:
Passos Descrição Exemplos
1. Conhecimento,
atitudes,
práticas e
crença
Cuidadores:
• Têm conhecimentos práticos (quando e onde ir,
calendário de vacinação, etc,)
• Compreendem o valor da vacinação
• Têm uma perceção positiva da vacinação
• Têm uma perceção da vacinação como prioritária
• Não têm receio de efeitos secundários
• Confiam nas vacinas
• Confiam nos prestadores
• Confiam nas entidades governamentais
Prestadores:
• Têm competências práticas
• Têm valores e normas positivos no que respeita à
vacinação
• Têm uma perceção positiva dos clientes
• Fracas práticas de cuidados pré-natais (CPN)
e histórico de mau acesso a vacinações de TT
durante a gravidez
• Fraco conhecimento e consciencialização das
vacinações, seu objetivo e seus benefícios por
parte das mães
• Desconfiança em relação aos centros de saúde
• Vacinação associada à infertilidade e a doenças
• Prestadores sem formação em comunicações
interpessoais e envolvimento comunitário
• Os prestadores têm a perceção de que os
cuidadores pertencentes a aglomerados urbanos
informais são “ignorantes”
2. Intenção Cuidadores:
• Tencionam vacinar os seus filhos (poder de
tomada de decisões, autoeficácia)
• Comunicam a vacinação como norma social na
sua comunidade
Prestadores:
• Estão motivados pelo trabalho
• A recusa do pai prejudicou o poder de tomada
de decisões das mães
• As mães divorciadas tinham mais probabilidades
de completar o calendário de vacinação dos
filhos
• Ritual tradicional: os recém-nascidos ficam
confinados em casa durante 40 dias para evitar
infeções e o mau-olhado
• O papel dos líderes tradicionais, do género
feminino e religiosos prejudica ou apoia a
aceitação da vacinação
• Prestadores não motivados para irem trabalhar
devido a atrasos no pagamento dos seus salários
3. Preparação,
custo e
esforço
Cuidadores:
• Elaboram um plano para aceder ao serviço
(transporte, ter quem tome das crianças,
prioridades concorrentes, custos sociais e de
oportunidade)
• Despendem tempo e esforço para aceder ao
serviço
Prestadores:
• Elaboram um plano para chegar ao local de
vacinação (preparação, chegar à clínica ou local de
vacinação, custos de oportunidade)
• Mulheres frequentemente em busca de fontes
fiáveis de rendimentos e alimentos quando a
sessão de vacinação estava marcada.
• As pessoas deslocadas internamente não têm
dinheiro para pagar o transporte até às unidades
de saúde.
• Os prestadores não conseguem planear a
chegada ao local de vacinação devido a falta de
transporte
11
4. Ponto do
serviço
Cuidadores:
• Consideram os serviços disponíveis, apropriados,
convenientes e de qualidade técnica adequada
(horário do serviço, distanciamento social, tempo
de espera)
Prestadores:
• Recebem formação adequada, auxílios de
trabalho e uma supervisão solidária não
ameaçadora
• Estão satisfeitos com a carga de trabalho e o
fluxo da unidade
• Envolvem as comunidades no desenvolvimento
de microplanos
• Horário de funcionamento limitado das unidades
de saúde
• Programas Alargados de Vacinação associados a
pessoas de fora e estrangeiros
• As mães deslocadas internamente gostariam
de ser tratadas por profissionais de saúde da
comunidade do género feminino
• Um grande número de crianças que compareceu
nas unidades de saúde não possuía boletim de
vacinação
• Prestadores incapazes de prestar serviços
de vacinação de qualidade devido ao elevado
número de clientes por prestador
• Os prestadores não beneficiam de uma
supervisão solidária não ameaçadora
5. Experiência do
serviço
Cuidadores:
• Têm uma perceção positiva da experiência
(tratamento por profissionais de saúde, condições
físicas, utilização de registos caseiros, satisfação
do cliente)
Prestadores:
• Sentem-se confiantes a nível técnico para
oferecer uma experiência positiva ao cliente
(competências de comunicação interpessoais,
criação de confiança, mitigação da dor, formação
e experiência, distanciamento social)
• Têm um perfil adequado
• Atitudes negativas dos trabalhadores das
unidades de saúde, os profissionais de saúde
eram hostis.
• Os prestadores estão demasiado ocupados para
explicar os procedimentos
• Longo tempo de espera
• Os prestadores não são da mesma comunidade
que os cuidadores, pelo que são encarados
como pessoas de fora
• Seria socialmente aceitável que uma mãe
interagisse com prestadores do género
feminino, mas todos os prestadores são homens
6. Após o serviço Cuidadores:
• Têm informações e motivação suficientes para
voltar para a próxima consulta
• Partilham a sua experiência positiva com a sua
comunidade
• Reforçam a vacinação como norma social
• Estão aptos a dar o seu feedback sobre o serviço
de vacinação
Prestadores:
• Conquistam o respeito da família e da
comunidade
• Incitam os cuidadores a comparecerem à sessão
seguinte
• Informam os cuidadores sobre possíveis EAAV,
como geri-los e quando e como comunicá-los
• As pessoas deslocadas internamente gostariam
de obter informações sobre os próximos
serviços para a comunidade de PDI alguns dias
antes das sessões de vacinação
• Informações insuficientes sobre os efeitos
secundários aumentam o receio da vacinação
• Os prestadores não dizem aos cuidadores
quando e onde levar a criança para a próxima
sessão de vacinação
As intervenções tradicionais de CMSC tendem a centrar-se nos passos Conhecimento, consciencialização e crença e Intenção,
principalmente através de campanhas de comunicação e do desenvolvimento de materiais de comunicação. No entanto, como
pode ver no exemplo acima, existem barreiras ao longo de toda a Jornada.
Passos Descrição Exemplos
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
12
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
12
©UNICEF/UN052547/Ayene
13
3 Gestão baseada em resultados
A Gestão Baseada em Resultados (GBR) é uma estratégia de gestão baseada numa responsabilização claramente definida para
os resultados, a monitorização e a autoavaliação. Estas caraterísticas estão representadas no ciclo ilustrado na Figura 47
. A GBR
implica analisar o contexto, estabelecer prioridades com base nestas informações e planear em conformidade, implementar
o plano, monitorizar e avaliar resultados e aprender com as consequências da monitorização e avaliação de forma a ajustar os
planos. O ciclo faz uma nova iteração, aproximando gradualmente os resultados de consequências mais ambiciosas.
A mesma abordagem também se aplica para definir os resultados para a programação de CMSC. Neste caso, a análise do
contexto e da situação irá contribuir para identificar os principais catalisadores de um comportamento ou prática específico e a
fase estratégica de estabelecimento de prioridades e planeamento irá ajudar a definir as principais intervenções a implementar.
Os indicadores desenvolvidos em torno dos principais catalisadores serão monitorizados através de inquéritos de referência e
subsequentes inquéritos regulares no decurso do programa e/ou da implementação.
Este documento irá centrar-se especificamente na análise do contexto e da situação, no estabelecimento de prioridades
e planeamento estratégicos, nas fases de monitorização e avaliação da GBR e nos principais caminhos para a definição,
estabelecimento de prioridades e monitorização dos indicadores de CMSC.
Figura 4: Ciclo da GBR
7 Para mais informações sobre a GBR da UNICEF, ver curso online https://agora.unicef.org/course/info.php?id=3169
8 Poderá encontrar mais informações sobre como conduzir uma análise de contexto e da situação em UNICEF MENARO (2018), Everybody wants to belong.
Practical guide for social norms programming; UNICEF MENA (2018), Measuring social and behavioural drivers of child protection issues. Human-Centred
Design formative research process https://www.hcd4health.org/process; e Implementation research in Health
3.1 Análise do contexto e da situação8
O objetivo da análise do contexto e da situação consiste em identificar os principais catalisadores e dimensões dos
comportamentos individuais, bem como as barreiras relacionadas com as determinantes ambientais e sociais tanto em termos
de oferta como de procura de serviços específicos.
Esta fase deverá fornecer informações sobre os obstáculos e catalisadores relacionados com os comportamentos prioritários
a promover, a análise das determinantes sociais e comportamentais, a procura de serviços relevantes e a conveniência e
qualidade da oferta. De igual modo, a análise do contexto e da situação deverá fornecer factos sobre a gama de influenciadores-
chave, plataformas de Comunicação para o Desenvolvimento existentes, modalidades de comunicação preferidas, ambiente de
comunicação social existente e identificação de lacunas de investigação.
A análise do contexto e da situação deve ser efetuada por meio de uma revisão da literatura e, se necessário, investigação
formativa. Na medida em que nem sempre é exequível levar a cabo um estudo socioantropológico em grande escala devido
à limitação de recursos e tempo, é importante confiar na investigação qualitativa disponível realizada pela UNICEF
, outras
organizações doadoras ou universidades. Se for necessário recolher dados qualitativos adicionais, é melhor fazê-lo num conjunto
de áreas geográficas limitadas onde o programa terá probabilidades de ser iniciado.
Estabelecimento de prioridades
e planeamento estratégicos
Implementação
Análise do contexto e da situação
Aprendizagem e ajustamento
Monitorização da Avaliação
e Relatórios
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
14
3.2 Análise causal
Geralmente, a análise causal é realizada através do exercício da árvore do problema, que é um meio eficaz para identificar o
caminho ideal para a mudança de comportamentos, especialmente quando um comportamento tem várias determinantes (Petit,
V., BDM 2019).
A elaboração de uma árvore do problema consiste num exercício participativo baseado numa declaração que indica o problema
e depois pergunta “Porque está a acontecer?”
. A primeira pergunta irá geralmente revelar um sintoma ou vários sintomas.
A pergunta é efetuada várias vezes até que a causa originária do problema seja revelada. A causalidade permite-nos analisar
e explorar quem é mais afetado por um problema, até que ponto o problema está generalizado e por que é que isso está
a acontecer. Uma análise causal permite que diferentes vertentes de um problema sejam examinadas em profundidade.
As causas não são lineares, mas constituem frequentemente uma interação complexa de várias vertentes que se reforçam
mutuamente. As causas mais imediatas geralmente são mais fáceis de abordar, ao passo que as causas mais estruturais
são mais difíceis e normalmente de mais longo prazo, mas tendem a fornecer soluções e resultados mais sustentáveis9
. Os
resultados desta análise da situação participativa devem refletir-se na fase de estabelecimento de prioridades e planeamento
estratégicos.
Quando a análise é realizada no contexto de uma intervenção que envolve o circuito procura-serviço (saúde, educação, proteção
social, etc.), os catalisadores e barreiras poderão ser classificados em cada um dos passos do Quadro da Jornada em Direção
à Saúde e à Vacinação (consciencialização do conhecimento e crença, intenção, custo e efeito da preparação, ponto do serviço,
experiência de cuidado e pós-cuidado) aos níveis individual, familiar, comunitário, do ambiente de comunicação social, da
governação e dos sistemas. Este processo de classificação irá contribuir para identificar áreas de alta prioridade e lacunas de
informação a colmatar através de investigação qualitativa e/ou quantitativa mais aprofundada a fim de garantir que os programas
desenvolvam intervenções para superar estas barreiras e promover os comportamentos desejados.
Uma técnica recomendada para realizar investigação qualitativa mais aprofundada é a investigação da Abordagem Centrada
no Ser Humano, um processo estimulado pelo problema e iterativo que começa pela compreensão dos fatores humanos, do
contexto do programa e dos desafios associados à aceitabilidade, adequação, capacidade de resposta e qualidade percecionada
dos serviços; esta técnica exige trabalhar diretamente com as pessoas que utilizam o serviço ou fornecem a solução para
desenvolver novas ideias viáveis e adequadas no respetivo contexto10
.
Figura 5: Metodologia da árvore do problema (Workshop de GBR, ESARO, 2016)
9 Workshop de GBR, ESARO, 2016.
10 Mais informações disponíveis em https://www.hcd4health.org
Declaração do
problema
Por isso isto
acontece
Por isso isto
acontece
Por isso isto
acontece
Por isso isto
acontece
Por isso isto
acontece
1. Porque está a acontecer?
2. Porque está a acontecer?
3. Porque está a acontecer?
4. Porque está a acontecer?
5. Porque está a acontecer?
Sintoma
Sintoma
Sintoma
Sintoma
Causa
originária
15
3.3 Estabelecimento de prioridades11
Como nem todos os catalisadores ou privações podem ser abordados através de intervenções de CMSC por intermédio da
UNICEF
, existe uma necessidade de estabelecimento de prioridades.
O estabelecimento de prioridades ajuda a UNICEF a centrar-se primária e diretamente em certos aspetos das questões da
CMSC, nas barreiras e nos catalisadores e nas suas causas e repercussões. Clarifica aspetos considerados dentro do alcance
e capacidade da CMSC influenciar, mas que estão além do seu enfoque, e aspetos fora do âmbito do programa da CMSC. Os
itens que estão dentro do âmbito serão transformados em pressupostos durante o desenvolvimento da Teoria da Mudança
(TdM), ao passo que os que estão fora do âmbito serão registados na categoria riscos.
O processo de estabelecimento de prioridades deve ser baseado em provas, participativo e iterativo. O exercício de
estabelecimento de prioridades pode ser efetuado após a fase de análise do problema a fim de estabelecer prioridades para as
questões em que alguém pretende concentrar-se, mas também pode ser feito na fase de análise da solução para dar prioridade
às soluções que alguém pretende implementar.
Figura 6: Estabelecimento de prioridades das questões, adaptado do Workshop de GBR, ESARO, 2016
3.4 Definição dos resultados prioritários
Os resultados prioritários serão definidos através da transformação da árvore do problema numa árvore da solução. Para produzir
uma árvore da solução, a declaração do problema é transformada numa declaração positiva. Posteriormente, diferentes camadas
de causas são também transformadas em declarações positivas. A transformação de declarações de causa em declarações
positivas permite que seja dado o primeiro passo na formulação de consequências de curto, médio e longo prazo.
Figura 7:Transformar uma árvore do problema numa árvore da solução (Workshop de GBR, ESARO, 2016)
11 Ver UNICEF (2017), Result-Based Management Handbook. Working together for children. Online, consultado em 15 de janeiro de 2020: https://www.pndajk.gov.
pk/uploadfiles/downloads/RBM_Handbook_Working_Together_for_Children_July_2017.pdf
ENFOQUE ENFOQUE
ÂMBITO
Em que aspetos/catalisadores
do problema da MSC, suas
causas e repercussões irá a MSC
concentrar-se de forma direta e
primária?
Que aspetos/catalisadores estão
além do enfoque e do âmbito do
programa de MSC?
Que aspetos/catalisadores
são importantes e estão ao
alcance e dentro da capacidade
de influência do programa de
MSC, mas além do enfoque do
programa de MSC?
Árvore do problema Árvore da solução/Cadeia da consequência
Elevada prevalência da MGF/E
entre crianças com menos de 15 anos
Redução da elevada prevalência da MGF/E
entre crianças com menos de 15 anos
As famílias sujeitam as suas filhas à MGF/E
Os praticantes
de MGF/E são
conhecidos
e estão
disponíveis na
comunidade
A Prática da
MGF/E é passada
de geração em
geração
A prática
da MGF/E é
interrompida
Falta de aplicação
de leis contra a
MGF/E
As leis contra
a MGF/E são
aplicadas
A MGF/E é uma norma social A MGF/E já não é uma norma social
Não há
praticantes
de MGF/E
disponíveis na
comunidade
Os custos
sociais e
financeiros
da MGF/E são
baixos
Os custos sociais
e financeiros da
MGF/E são altos
Falta de
consciencialização
das repercussões
da MGF/E na
saúde e nos
direitos humanos
As famílias
compreendem as
repercussões da
MGF/E na saúde
e nos direitos
humanos
A comunidade
valoriza a
MGF/E e as
ligações à
aptidão para
casar
A comunidade
rejeita a MGF/E e
pune as famílias
que realizam a
MGF
As famílias não sujeitam as suas filhas à MGF/E
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
16
Cada comportamento, fator e dimensão identificado durante a fase de estabelecimento de prioridades estratégicas deve
traduzir-se em pelo menos um resultado: os Comportamentos a alcançar serão identificados como consequências; os Fatores
constituirão as consequências intermédias; as Dimensões serão os efeitos diretos e as atividades da CMSC em cada nível do
modelo socioecológico constituirão os contributos.
Figura 8: Quadro lógico das intervenções da CMSC (adaptado de Petit,V., BDM 2019)
De facto, uma cadeia de resultado da CMSC acrescenta um nível adicional em comparação com uma cadeia de resultado regular
da UNICEF: as consequências intermédias.
Figura 9: Comparação da hierarquia de resultados regulares e da CMSC
IMPACTO IMPACTO
CONSEQUÊNCIA
CONSEQUÊNCIA
EFEITO DIRETO
EFEITO DIRETO
INTERMÉDIO
EFEITO DIRETO
GBR regular: Hierarquia de resultados GBR da Comunicação para o Desenvolvimento/CMSC: Hierarquia de resultados
• Mudanças de longo
prazo nos direitos/
privação/desigualdades
na situação das crianças
e mulheres
• Apropriação nacional
• Mudanças de longo prazo nos direitos/privação/desigualdades
na situação das crianças e mulheres
• Apropriação nacional
• Mudanças no
comportamento ou
desempenho dos
indivíduos ou instituições
visados, manifestando-se
na cobertura e igualdade
dos serviços/intervenções
• A UNICEF contribui para
estas mudanças
• Mudanças no comportamento ou desempenho dos indivíduos
ou instituições visados, manifestando-se na cobertura e
igualdade dos serviços/intervenções
• A UNICEF contribui para estas mudanças
• Mudanças na capacidade
das pessoas ou
instituições, incluindo
novos produtos,
competências,
capacidades e serviços
• Atributos para os
fundos do programa e
gestão; por conseguinte,
elevado grau de
responsabilização
• Mudanças nos catalisadores de nível 1 ou fatores
comportamentais (fatores psicológicos, sociológicos e
ambientais) impulsionam o comportamento, ou seja, mudanças
em termos de criação de normas sociais solidárias, influência
social, dinâmica da comunidade em geral, mas também
atitudes dos participantes, interesse, autoeficácia e intenção
• A UNICEF contribui para estas mudanças
• Mudanças a nível dos catalisadores de nível 2 ou nas
dimensões comportamentais, como, por exemplo, ao nível
da comunidade, a melhoria do reconhecimento coletivo do
problema, o sentido de apropriação do processo comunitário,
a igualdade de participação nas deliberações, etc., bem como
a mudança nas capacidades das pessoas ou instituições,
incluindo novos produtos, competências, aptidões e serviços
• Atributos para os fundos do programa e gestão; por
conseguinte, elevado grau de responsabilização
17
Quadro 4: Exemplos do quadro lógico da CMSC para a mudança de comportamentos associada à utilização do serviço e
para a adoção de uma prática caseira.
Níveis do resultado Utilização de um serviço: Adoção de uma prática caseira:
Consequência para
a CMSC
Até ao ano x, x% de mulheres grávidas vão pelo
menos a 4 consultas de cuidados pré-natais.
Até ao ano x, x% de mães de crianças com
menos de 6 meses amamentam os seus bebés
exclusivamente durante os primeiros 6 meses.
Consequências
intermédias para a
CMSC
Até ao ano x, x% das mulheres inquiridas em
idade fértil declaram que não têm tempo nem
recursos financeiros suficientes para ir a pelo
menos 4 consultas de cuidados pré-natais durante
a gravidez.
Até ao ano x, x% das mulheres inquiridas em
idade fértil declaram que o seu marido lhes presta
apoio para terem acesso e deslocar-se a pelo
menos 4 consultas de cuidados pré-natais.
Até ao ano x, x% das mulheres inquiridas em
idade fértil acreditam que estarão/estão aptas
a amamentar os seus bebés exclusivamente
durante os primeiros 6 meses.
Até ao ano x, x% das mulheres inquiridas em
idade fértil pensam que a sogra ou o marido
esperam que amamentem exclusivamente
durante os primeiros 6 meses.
Efeito direito para
a CMSC
Até ao ano x, x% das mulheres inquiridas em
idade fértil conhecem pelo menos x vantagens
associadas à ida às 4 consultas de cuidados pré-
natais.
Até ao ano x, x% das mulheres inquiridas em
idade fértil declaram que pensam que mais de
metade das suas amigas vão a pelo menos 4
consultas de cuidados pré-natais.
Até ao ano x, x% dos homens inquiridos em idade
fértil sabem como apoiar a mulher na sua ida a
pelo menos 4 consultas de cuidados pré-natais.
Até ao ano x, x% das parteiras tradicionais
declaram que incentivam as mães e os pais a ir a
pelo menos 4 consultas de cuidados pré-natais.
Até ao ano x, x% das mulheres inquiridas em
idade fértil sabem que amamentar exclusivamente
os bebés nos primeiros 6 meses de vida sem
água não é prejudicial para os seus filhos.
Até ao ano x, x% das mulheres em idade fértil
sabem onde podem obter aconselhamento sobre
amamentação.
Até ao ano x, x% dos homens em idade fértil
pensam que a mulher deve praticar amamentação
exclusiva durante os primeiros 6 meses.
Com o objetivo de melhorar a qualidade dos indicadores da CMSC, em 2018 o Gabinete Regional do Médio Oriente e do
Norte de África (MENARO) da UNICEF desenvolveu ferramentas de monitorização que visam medir catalisadores sociais e
comportamentais (fatores e dimensões) e ajudar os gabinetes nacionais a recolher dados sobre o impacto dos respetivos
programas.
O kit de ferramentas de monitorização compreende uma lista de indicadores relativos a um conjunto de catalisadores da
mudança social e de comportamentos que abrange três tópicos; mutilação e excisão genital feminina, casamento de menores e
métodos de disciplinar crianças. Também inclui inquéritos quantitativos genéricos e perguntas baseadas nos indicadores12
. Este
pacote está atualmente a ser testado de forma cognitiva em nove países das regiões do Médio Oriente e Norte de África, da
África Oriental e Austral e da África Oriental e Central.
No presente documento, estes resultados e indicadores, que são obtidos maioritariamente ao nível micro (individual e
comunitário), serão complementados com resultados e indicadores ao nível institucional/meso e político/macro.
12 Para mais informações e lista de indicadores, perguntas e inquéritos genéricos: ver UNICEF MENA, 2018, Measuring social and behavioural drivers of child
protection issues.
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
18
3.5 Como formular resultados e indicadores para a CMSC
Um resultado consiste numa mudança passível de ser descrita ou medida no estado desencadeada por uma relação de causa e
efeito.
Há duas formas de formular resultados13
: colocando o verbo ativo no início (exemplo: Permanência melhorada de voluntários
jovens do género feminino e masculino para além da conclusão do ensino secundário) ou no meio (exemplo: Em 2022, mais
raparigas e rapazes no País X concluem um ensino básico de qualidade e inclusivo com consequências de aprendizagem
melhoradas).
Os Indicadores constituem medidas utilizadas para monitorizar os progressos alcançados na obtenção dos resultados
pretendidos ou na aplicação dos processos desejados. Um indicador é neutro, não faz julgamentos prévios nem define metas,
pelo que é “vazio de dados” (Workshop de GBR, ESARO, 2016).
13 Workshop de GBR, ESARO, 2016
14 Workshop de GBR, ESARO, 2016
15 Workshop de GBR, ESARO, 2016
Exemplo de como formular resultados e indicadores (adaptado do Workshop de GBR, ESARO, 2016):
• Declaração do resultado (ao nível da consequência intermédia): Até 2021, 80% dos inquiridos pensam que
a MGF/E deveria ser descontinuada na sua comunidade
• Indicador: % dos inquiridos que pensam que a MGF/E deveria ser descontinuada na sua comunidade
• Base de referência: 50%
• Meta Ano 1: 65%
• Desempenho no final do Ano 1: 67% dos inquiridos
Quadro 5: Princípios e critérios de qualidade para os resultados e o indicador
Princípios para formular resultados14
Critérios de qualidade para os indicadores15
• Clareza relativa ao nível: Efeito direto, consequência
intermédia, consequência ou impacto e responsabilidades.
• Resultados SMARTER: eStratégico, Mensurável, Alinhado,
Realista, Transformador, capacitantE, Relatável.
• Cadeias de resultados coerentes: Aplica a lógica “se/
então”; caso contrário, faz a pergunta “e então” entre
níveis.
• Utiliza a linguagem da mudança: Coloca a ênfase no
assunto da mudança.
• Considera a equidade, os direitos humanos, o género,
as determinantes e os riscos.
• Relação clara com as questões identificadas na AnSit:
Utiliza a linguagem da mudança, que coloca a ênfase
no assunto da mudança.
• Rácio entre indicador e resultado: O número de
indicadores para cada resultado deve ser mantido num
mínimo, de preferência um a quatro, dependendo do nível
do resultado.
• Nível do indicador: Os indicadores devem medir
o resultado diretamente ou constituir uma medida
aproximada óbvia.
• Mensurabilidade dos indicadores: Os indicadores
devem ser SMART – eStratégico, Mensurável, Alcançável,
Relevante e limitado no Tempo – com uma unidade de
medição clara e um efeito direto operacional.
• Qualidade do indicador: O indicador deve dispor de bases
de referência, metas e uma fonte de dados fiável.
19
Os indicadores propostos são formulados em termos de número (N.º) ou sob a forma de rácio (%). Quando formulado como um
rácio, o numerador é o número de [definição do indicador] e o denominador consiste no número total de pessoas inquiridas.
O rácio é calculado dividindo o numerador pelo denominador e multiplicando o resultado por 100. Quando necessário, os
indicadores podem ser desagregados por idade, religião, região, etnia, género, quintil de riqueza, educação, etc. Por exemplo,
no indicador “% de inquiridos que declaram que a mutilação genital feminina (MGF)/E não é dolorosa para as raparigas”
, o
numerador é o número de inquiridos que declararam que a MGF/E não era dolorosa para as raparigas e o denominador é o
número total de pessoas inquiridas:
16 UNICEF (2019), Communication for Development Programme Guidance, Versão preliminar somente para feedback.
x 100
[Numerador] número de inquiridos que declaram que a MGF/E não é dolorosa para as raparigas
[Denominador] número total de pessoas inquiridas (inquiridos)
3.5.1 Resultados e indicadores ao nível do impacto
A CMSC não tem resultados e indicadores ao nível do impacto por si só, na medida em que a CMSC contribui para o alcance
de resultados setoriais. Por conseguinte, os indicadores ao nível do impacto relacionam-se com mudanças de longo prazo nos
direitos/privações/desigualdades na situação de crianças e mulheres para as quais a CMSC contribui. Devem ser retirados do
quadro de resultados da UNICEF e correspondem ao respetivo indicador setorial ao nível do impacto. A base de referência,
a meta, a fonte dos dados e a frequência constituem exemplos de informações que já se encontram disponíveis ao nível do
programa. Por exemplo, a redução da mortalidade materna constitui um resultado ao nível do impacto.
3.5.2 Resultados e indicadores da CMSC ao nível da consequência
Os resultados e indicadores ao nível da consequência relacionam-se com mudanças no comportamento ou desempenho dos
indivíduos ou instituições visados, manifestando-se na cobertura e igualdade dos serviços/intervenções. Relacionam-se com
a adoção ou dissuasão de certas práticas realizadas por indivíduos, incluindo prestadores de serviços (na saúde, educação,
proteção, etc.). Referem-se sobretudo à prevalência comportamental, pelo que são formulados com um verbo ativo que
descreve uma ação concreta que um tipo específico de pessoa ou um grupo de pessoas pratica ou não pratica ou o que um
inquirido comunica ter visto ou testemunhado alguém ou um grupo de pessoas a fazer.
Possíveis resultados ao nível da consequência relacionados com a CMSC são os seguintes16
:
• Procura acrescida dos serviços existentes
• Adoção de práticas familiares e comunitárias fundamentais
• Abandono de normas sociais e comportamentos prejudiciais e/ou a criação de positivos
• Capacitação e envolvimento de grupos e comunidades marginalizados, incluindo adolescentes.
Geralmente, os resultados da consequência e os indicadores serão formulados da seguinte forma:
• Resultado ao nível da consequência: Até [data], n.º acrescido ou % de [população] adotaram/procuraram/[ação]/estão em
[situação melhorada]
- Indicador ao nível da consequência: % ou n.º de [população] praticaram [uma ação específica ou não]/estão [numa
situação específica].
- Indicador ao nível da consequência: % ou n.º de [população] que comunicaram/ouviram/viram alguém/
um grupo de pessoas [a praticar uma ação específica/estão numa situação específica].
20
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
©UNICEF/UN030147/Rich
20
21
Com vista a formular melhores resultados e indicadores ao nível da consequência, é importante contar com uma lista
predefinida de práticas ou comportamentos que o programa pretende promover (ou dissuadir), para cada uma das categorias
de participantes no modelo socioecológico relevante com as consequências comportamentais, ou seja, aos níveis individual,
interpessoal e comunitário.
Um exemplo é a MGF/E.
• Nível individual:
- Resultado: Até 2021, a percentagem de raparigas entre os 0 e os 14 anos que sofreram alguma forma de MGF/E será
reduzida em X%.
- Indicador MICS PR 11: Percentagem de filhas dos 0 aos 14 anos que sofreram alguma forma de MGF/E, conforme
comunicado por mães entre os 15 e os 49 anos17
.
• Nível familiar:
- Resultado: Até 2021, a percentagem de pais e mães que se envolvem ativamente contra a MGF/E irá aumentar x%.
- Indicador: % dos inquiridos (mãe ou pai) que comunicam envolver-se ativamente contra a MGF/E no seio da sua família.
• Nível comunitário:
- Resultado: Até 2021, o número de comunidades em que os praticantes de circuncisão/excisão já não exercem esta
profissão cresceu x.
- Indicador:
» % de comunidades em que os inquiridos comunicaram que pelo menos um praticante de circuncisão/excisão na
sua comunidade não exerce esta profissão (e não foi substituído por outra pessoa);
» % de comunidades em que os inquiridos comunicaram que conhecem pelo menos um caso em que os pais que
tinham praticado MGF/E na filha foram denunciados à autoridade competente;
» % de comunidades em que os inquiridos comunicaram que testemunharam pelo menos um líder que impediu uma
cerimónia de MGF/E de se realizar na sua comunidade;
» N.º de casos de MGF/E que foram denunciados à polícia.
É possível encontrar alguns dados de indicadores ao nível da consequência relacionados com a CMSC em inquéritos
nacionais como os Inquéritos aos Indicadores Múltiplos (MICS), os Inquéritos Demográficos e de Saúde (IDS), os Sistemas de
Informação de Gestão da Educação (SIGE) ou estatísticas nacionais de diferentes setores. Geralmente, fornecem informações
representativas ao nível nacional, com um certo grau de desagregação por género, idade ou localização geográfica. Os SIGE e
outros sistemas de informação setorial fornecem dados anualmente, mas todos os dados de inquéritos aos agregados familiares
dos MICS, IDS e outros fornecem dados de cinco em cinco anos (ou menos frequentemente).
3.5.3 Resultados e indicadores da CMSC ao nível da consequência intermédia
Os resultados ao nível da consequência intermédia a alcançar são os seguintes:
• % acrescida de pessoas com fatores psicológicos positivos em relação a práticas familiares e comunitárias fundamentais;
• % acrescida de pessoas que apoiam ativamente os seus parentes ou amigos na implementação de práticas familiares e
comunitárias fundamentais;
• Comunidade crescentemente envolvida no diálogo, planeamento e ação;
• Mudanças positivas nas normas sociais.
17 Indicadores e Definições do MICS 6 2019.
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
22
Os indicadores da CMSC ao nível da consequência intermédia (bem como os indicadores do efeito direto) são maioritariamente
declarativos ou de autorrelato (utilizando verbos como pensar, comunicar, declarar) e relacionam-se com fatores identificados
como cruciais durante a investigação formativa, além de confirmados como tais nos inquéritos quantitativos. Por conseguinte,
para formular indicadores ao nível da consequência intermédia, é necessário consultar o fator relevante, a sua definição e
adaptá-lo ao tópico específico. A escolha de fatores a medir e indicadores relacionados dependerá do resultado ao nível da
consequência intermédia formulado na árvore do resultado.
Geralmente, um indicador da CMSC ao nível da consequência intermédia será formulado da seguinte forma:
• % ou n.º de [categoria do inquirido] que pensam/comunicam/declaram que [catalisadores de nível 1/declaração relacionada
com fatores comportamentais];
• % ou n.º de [categoria do inquirido] que comunicaram/ouviram/viram alguém/um grupo de pessoas pensam/esperam que
estes façam [aprovação ou recusa de/uma prática relacionada com catalisadores de nível 1/fatores comportamentais].
Relativamente à população/inquiridos, é também importante incluir não somente participantes primários, mas também
participantes de nível comunitário e de prestação de serviços, especialmente se tiverem uma influência significativa no
comportamento dos participantes primários. Por outras palavras, se as atitudes dos enfermeiros dissuadirem as mães de se
deslocarem ao centro de saúde para receberem cuidados pré-natais ou se as atitudes dos professores em relação a disciplinar
as crianças ou à higiene menstrual dissuadirem as crianças de frequentarem a escola, estes fatores têm de ser abordados. Mais
uma vez, fatores cruciais serão identificados durante a análise do contexto e da situação e nas fases de estabelecimento de
prioridades e de planeamento estratégicos, bem como através do inquérito de referência.
Um exemplo é a MGF/E.
• % de inquiridos que declaram que se sentem confiantes em como podem recusar que a filha seja alvo de MGF/E;
• % de inquiridos que pensam que a MGF/E deveria ser descontinuada na sua comunidade;
• % de inquiridos que declaram que a opinião de (membro de um grupo de referência) importa para decidir quanto à prática de
MGF/E nas suas filhas/membros do género feminino das suas famílias;
• % de inquiridos que conhecem algumas pessoas no seu grupo de referência ou comunidade que não praticaram MGF/E nas
suas filhas/membros do género feminino das suas famílias.
3.5.4 Resultados e indicadores para a CMSC a nível do efeito direto
Os indicadores para a CMSC a nível do efeito direto relacionam-se com mudanças nas dimensões comportamentais, como,
por exemplo, ao nível da comunidade, a melhoria do reconhecimento coletivo do problema, o sentido de apropriação do
processo comunitário, a igualdade de participação nas deliberações, etc., bem como a mudança nas capacidades das pessoas
ou instituições, incluindo novos produtos, competências, aptidões e serviços. Os efeitos diretos devem-se em grande parte às
ações da UNICEF e o organismo é responsabilizado pelas mesmas.
Os indicadores da CMSC ao nível do efeito direto são maioritariamente declarativos ou de autorrelato (utilizando verbos
como pensar, comunicar, declarar) e relacionam-se com as dimensões cruciais de cada fator conforme identificadas durante a
investigação formativa. Por conseguinte, para formular indicadores da CMSC ao nível do efeito direto, é necessário consultar a
dimensão relevante, a sua definição e adaptá-la à TdM específica.
Os resultados ao nível do efeito direto são os seguintes:
• Melhoria da informação, conhecimento e perceção para a mudança de comportamentos;
• Melhoria da autoconfiança, motivação e competências para tomar decisões informadas e medidas adequadas;
• Discurso positivo a nível familiar, comunitário e público e narrativa sobre as normas sociais;
• Acréscimo da não aceitação social do estigma, discriminação, violência, abuso e desigualdade de género;
• Acréscimo do apoio de pares e da comunidade à mudança social e de comportamentos;
• Políticas, planos e serviços com uma capacidade de resposta cada vez maior à procura da comunidade;
23
• Capacidade governamental acrescida em termos de planeamento, orçamentação, monitorização e avaliação da Comunicação
para o Desenvolvimento;
• Capacitar e envolver os grupos e comunidades marginalizados, incluindo adolescentes;
• Planos, políticas e regulamentações favoráveis implementados.
Os indicadores ao nível do efeito direto podem ser formulados da seguinte forma:
• % ou n.º de [população] que pensam/comunicam/declaram que [catalisadores de nível 2/declaração relacionada com a
dimensão comportamental];
• % ou n.º de [população] que comunicaram/ouviram/viram alguém/um grupo de pessoas pensam/esperam que estes façam
[aprovação ou recusa de/uma prática relacionada com catalisadores de nível 2/dimensões comportamentais].
Mais uma vez, é também importante incluir não somente participantes primários, mas também participantes de nível
comunitário e de prestação de serviços, especialmente se tiverem uma influência significativa no comportamento dos
participantes primários.
Tomando a MGF como exemplo:
• % de inquiridos que declaram que a MGF/E não é dolorosa para as raparigas;
• % de inquiridos que declaram que pedem (a um membro de um grupo de referência) conselho no que respeita a praticar a
MGF/E nas suas filhas/membros do género feminino das suas famílias;
• % de inquiridos que declaram ter exposição a mensagens sobre o abandono da prática de MGF/E através de programas de
televisão ou de rádio ou das redes sociais nos últimos xxx meses/semanas.
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
24
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
24
©UNICEF/UN0311779/Kokic
25
4 Como utilizar as listas de
indicadores
O Anexo 2 apresenta uma lista de indicadores relativos aos seguintes tópicos:
• Abuso sexual;
• Surto de doenças;
• Registos de nascimento;
• Abandono escolar;
• Práticas de alimentação das mães, bebés e crianças pequenas;
• VIH/SIDA;
• Vacinação.
Outras três listas de indicadores (métodos de disciplinar crianças, casamento de menores e MGF/excisão) já foram elaboradas
e testadas18
. As listas do Anexo 2 foram elaboradas com base em estratégias e diretrizes de CMSC existentes. Alguns dos
indicadores ao nível da consequência (a vermelho) referidos nestas listas foram medidos recorrendo a inquéritos nacionais
como os MICS e os IDS. Outros (a negrito) já constituem parte das normas do programa (indicadores do Módulo de Avaliação
de Resultados). Os restantes indicadores constituem propostas para orientar o desenvolvimento de cadeias de resultados que
incluem resultados da CMSC em programas setoriais. Os indicadores foram analisados pela equipa de Comunicação para o
Desenvolvimento e especialistas do setor do ESARO.
Os indicadores estão agrupados de acordo com consequências comportamentais, fatores (determinantes comportamentais de
Nível 1, consequências intermédias) e dimensões (determinantes comportamentais de Nível 2, indicadores do efeito direto). A
lista de indicadores de vacinação é organizada de acordo com a Jornada em Direção à Saúde e Vacinação.
Na medida em que estas listas de indicadores são dinâmicas, os indicadores propostos devem ser adaptados ao contexto
nacional. Assim que os resultados tenham sido selecionados, há que selecionar indicadores, adaptá-los ao país e quantificá-
los com base nos dados disponíveis ou num inquérito quantitativo conduzido na área do programa. A experiência da utilização
destes indicadores, incluindo as perguntas elaboradas que pertencem a estes indicadores, bem como as mudanças propostas,
devem ser partilhadas com o ESARO a fim de melhorar estas listas.
Informações práticas sobre as listas de indicadores:
Legenda
• Indicadores a negrito: Indicadores da consequência ou do efeito direto do Módulo de Avaliação de Resultados.
• Indicadores a vermelho: Indicadores existentes (MICS 2019, IDS, etc).
• Na lista de verificação de indicadores de imunização: os fatores e as dimensões a vermelho são considerados catalisadores
de alta prioridade.
Documentos de referência/documentos utilizados:
• Indicadores da consequência padrão (Módulo de Avaliação de Resultados) da UNICEF (lista Excel);
• Indicadores do efeito direto padrão (Módulo de Avaliação de Resultados) da UNICEF (lista Excel);
• Lista de indicadores MICS de 2019.
Abuso sexual
• UNICEF (2014), Protecting children from violence: A comprehensive evaluation of UNICEF’s strategies and programme
performance. Relatório nacional da Tanzânia.
• UNICEF (2015), Child Protection Resource Pack. How to Plan, Monitor and Evaluate Child Protection Programmes.
18 UNICEF MENA, 2018, Measuring social and behavioural drivers of child protection issues.
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
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• UNICEF (2015), Ghana: VAC Evaluation. Estudo de caso do Gana.
• UNICEF (2019), C4D programmes addressing violence against children. Orientação técnica.
• UNICEF (2018), Preventing and Responding to Child Sexual Abuse and Exploitation. Análise de dados.
• UNICEF (2018), INSPIRE Indicator Guidance and Results Framework. Ending violence against children: How to define and
measure change.
• Darkness to light (site), Os 5 Passos para Proteger as Crianças™ formam uma estrutura para prevenir o abuso sexual
infantil.
Vacinação
• GAVI (2019), An Atlas of Vaccine Demand. A roadmap for GAVI, government, and CSOs to immunize the never-reached child.
Versão preliminar. Setembro de 2019.
• UNICEF (2018), Human Centred Approach for Health (https://www.hcd4health.org/).
• Crocker, Buqueetal (2017), Immunization, urbanization and slums. A systematic review of factors and interventions.
• Brewer et al. (2017), Increasing vaccination, putting psychological science into action.
• JSI (2014), Drivers of routine immunization coverage improvement in Africa: Findings from district-level case studies.
• OMS (2013), The Guide to Tailoring Immunization Programmes (TIP).
Surto de doenças
• República da Serra Leoa (2014), National Communication Strategy for Ebola Response in Sierra Leone.
• Ministério da Saúde da Libéria (2015), National Knowledge, Attitudes and Practices (KAP) Study on Ebola Virus disease in
Liberia, março de 2015.
• OMS (2018), Risk communication and community engagement preparedness and readiness framework: Ebola response in
the Democratic Republic of Congo in North Kivu.
• OMS (2016), Medical Anthropology Study of the Ebola Virus Disease (EVD) Outbreak in Liberia/West Africa.
Registos de nascimento
• UNICEF (2013), A passport to protection. A guide to birth registration programming.
Abandono escolar
• UNICEF (2013), Global Initiative on Out-of-School Children. Relatório Regional da Região da África Oriental e Austral.
• UNICEF (2019), Data Must Speak (DMS) Toolbox on Community Engagement Social Accountability (Versão preliminar).
Alimentação das mães, bebés e crianças pequenas
• UNICEF (2018), C4D/SBCC Framework for Improving Maternal, Infant and Young Child Feeding in Ethiopia. PCI Media.
• UNICEF (2020), Improving Young Children’s Diets during the Complementary Feeding Period. Orientação de Programação da
UNICEF
.
• UNICEF (2016), IYCF SBCC Strategy 2016-2020. Versão final.
• USAID/IYCN (2010), Formative assessment of infant and young child feeding practices at the community level in Zambia.
• Ministério da Saúde da Jordânia (2013), Jordan Guidelines for Management of Acute Malnutrition.
27
VIH
• Fundo Global (2011), Kit de Ferramentas de Monitorização e Avaliação. Parte 2: VIH.
• Shisana, O., Rehle, T., Simbayi L.C., Zuma, K., Jooste, S., Zungu N., Labadarios, D., Onoya, D. et al. (2014), South African
National HIV Prevalence, Incidence and Behaviour Survey, 2012.
• República da Namíbia (2009), HIV/AIDs in Namibia: Behavioral and Contextual Factors Driving the Epidemic.
• Comissão Nacional para a SIDA do Malawi (2014), National HIV Prevention Strategy 2015-2020.
• USAID (2011), The unpeeled mango. A Qualitative Assessment of Views and Preferences concerning Voluntary Medical Male
Circumcision in Iringa Region, Tanzania.
• PSI (2019), Breaking the cycle of transmission: increasing uptake of HIV testing, prevention and linkage to treatment among
young men in South Africa.
• FNUAP (2014), UNFPA Operational Guidance for Comprehensive Sexuality Education: A Focus on Human Rights and Gender.
Caso tenha alguma dúvida sobre a utilização destas listas, queira enviá-las para Natalie Fol, Consultora de Comunicação para o
Desenvolvimento, Gabinete Regional da UNICEF para a África Oriental e Austral – ESARO (nfol@unicef.org).
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©UNICEF/UN0271249/Tremeau
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5 Anexos
5.1 Anexo 1: Definições de determinantes comportamentais
5.1.1 Catalisadores psicológicos
Nível de MSE Fatores e Dimensões19
Vieses cognitivos: os vieses cognitivos referem-se à utilização de modelos mentais para filtrar e interpretar informações,
geralmente para dar sentido ao mundo que nos rodeia. A mente humana é preguiçosa e a cognição exige vários tipos de
atalhos para dar sentido às coisas. Estes atalhos conduzem a erros: cometemos erros quando raciocinamos, avaliamos e
recordamos; como resultado, as escolhas são quase sempre baseadas em informações imperfeitas. Os atalhos constituem
parte do pensamento automático (por oposição ao pensamento deliberativo), que é quando alguém retira conclusões com
base em informações limitadas. As pessoas geralmente consideram aquilo que vem automaticamente à mente para substituir
informações em falta, associam a situação àquilo que já conhecem, formulam pressupostos, saltam para conclusões e
eventualmente tomam decisões com base numa imagem enviesada de uma situação. Este processo mental é comum e
exige menos esforço. Do ponto de vista social, estes modelos mentais estão associados a formas de pensar, frequentemente
passadas de geração em geração, o que inclui estereótipos e ideologias.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Evitar informação: as pessoas podem evitar informação de forma ativa e/ou inconsciente
caso esta informação ameace as suas crenças, as force a agir, as incomode ou simplesmente
porque já estão sobrecarregadas de informação. As pessoas podem optar por não reconhecer
e considerar determinados pormenores sobre um tema, mesmo que não haja qualquer custo
associado à obtenção de tais pormenores e existam benefícios por fazê-lo.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Heurística da disponibilidade: temos tendência para sobrestimar a importância das
informações que estão à nossa disposição. Como resultado, recorremos a exemplos imediatos
que vêm à mente quando fazemos julgamentos, em lugar de reconhecer a necessidade de
dispor de mais dados.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Ancoragem: tal implica uma dependência excessiva de uma caraterística de um assunto ou de
uma informação quando se tomam decisões. A ancoragem recorre frequentemente à exposição
inicial das pessoas a uma determinada informação (geralmente um número), que funciona como
um ponto de referência que influencia os julgamentos e opiniões subsequentes.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Efeito do mensageiro: o valor que atribuímos a uma informação é largamente condicionado
pela respetiva fonte. O nível de confiança, familiaridade e credibilidade de um canal de
comunicação é um catalisador-chave da nossa recetividade. O julgamento de um tema por parte
de uma pessoa pode ser influenciado pelo representante desse tema e não pelo tema em si.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Viés de confirmação e de crença: as pessoas ignoram ou criticam facilmente informações
que contradizem os seus pressupostos e crenças existentes e filtram-nas de uma forma
que sustenta os seus preconceitos e se adapta às suas crenças. Trata-se de um processo
automático que utilizamos naturalmente para procurar a confirmação das nossas opiniões, o que
pode levar-nos a dar importância a pormenores que são irrelevantes no cenário geral.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Viés de simplicidade: descartamos pormenores específicos a favor de formar generalidades,
reduzimos eventos e listas aos seus elementos-chave e favorecemos opções aparentemente
simples em lugar de outras complexas e ambíguas. Favorecemos os aspetos imediatos, fiáveis
e tangíveis à nossa frente, simplificamos probabilidades e números para torná-los mais fáceis de
compreender e pensamos que sabemos o que os outros estão a pensar, já que tudo isto tende a
facilitar-nos a vida. Também simplificamos a nossa visão da vida ao projetar a nossa mentalidade
e pressupostos atuais para o passado e o futuro.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Viés do mais recente: ao favorecer as informações mais recentes, tendemos a retirar
conclusões incorretas devido a reforçarmos e sobrestimarmos a importância de eventos,
experiências e observações recentes em relação aos que se situam no passado próximo ou
distante.
19 UNICEF MENA, 2018, Measuring social and behavioural drivers of child protection issues.
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
30
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Viés do otimismo: as pessoas tendem a sobrestimar a probabilidade de eventos positivos
e subestimam a probabilidade de eventos negativos, incluindo os riscos que enfrentam em
comparação com outras pessoas. De igual modo, apercebemo-nos de defeitos nos outros mais
facilmente do que em nós próprios (também designado por viés de autoindulgência). Também
imaginamos que as coisas e pessoas com que estamos familiarizados ou de que gostamos são
melhores do que as coisas ou pessoas com que não estamos familiarizados.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Heurística da representatividade: preenchemos caraterísticas com base em estereótipos,
generalidades e histórias anteriores. Como resultado, fazemos julgamentos sobre pessoas e
eventos com base no grau mediante o qual se parecem com outros.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Dissonância cognitiva: as pessoas sofrem de tensão psicológica quando se apercebem de
que se envolvem em comportamentos incoerentes com o tipo de pessoa que gostariam de
ser. A reação natural consiste em reduzir esta tensão, quer através da mudança de atitudes e
comportamentos ou da aceitação de uma autoimagem diferente (o que pode ser muito mais
difícil).
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Viés de memória: o que e como alguém se lembra das coisas nunca é objetivo. Editamos e
reforçamos algumas memórias depois dos eventos, armazenamos memórias de modo diferente
com base na forma como foram experimentadas (por exemplo, lembramo-nos melhor das
informações se tivermos sido nós próprios a produzi-las), estamos mais inclinados a considerar
memórias associadas a eventos significativos ou emoções como sendo exatas e reparamos em
coisas que já memorizámos ou repetimos com frequência. Em resumo, os vieses cognitivos
afetam os conteúdos e/ou a recordação de uma memória tanto de forma negativa como positiva.
Interesse: o interesse carateriza a medida pela qual as pessoas estão sensíveis a uma prática alternativa, até que ponto
querem conhecê-la, envolverem-se em atividades relativas à mesma ou experimentá-la. Tal inclui algumas considerações de
custo/benefício, bem como uma dimensão de apelo a um nível mais emocional.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Atenção: podemos ou não aperceber-nos do que é colocado à nossa frente. Frequentemente
assumimos erradamente que as pessoas estão devidamente informadas acerca das opções
existentes porque estas opções lhes foram comunicadas. No entanto, assegurar que as
pessoas estão informadas e a prestar atenção ao que é sugerido, ou que os promotores de
comportamentos consigam captar a atenção do seu público, são medidas fundamentais para
considerar um novo comportamento. Esta tarefa é dificultada ainda mais pelo facto de as
pessoas tenderem a ouvir apenas as informações que confirmam as suas ideias preconcebidas
(viés de confirmação).
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Viabilidade: refere-se à medida pela qual a adoção de um novo comportamento é percecionada
como viável ou não por uma pessoa na sua situação corrente (trata-se de uma autoavaliação
individual e que é não-objetiva).
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Fruição: refere-se à medida pela qual alguém gosta ou pode gostar de fazer algo e é um estado
cognitivo e afetivo que se segue a uma atividade em que foi experimentada uma sensação
de prazer. O termo inclui o divertimento básico, bem como outras formas de gratificação e de
emoção, como a sensação de poder. Sentir paixão por algo é um poderoso catalisador da ação.
Em economia, a satisfação e a felicidade são por vezes referidas como “utilidade”.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Ganhos potenciais/perdas evitadas: referem-se aos benefícios que uma pessoa pensa que
pode ganhar com a mudança, especialmente no curto prazo (os ganhos rápidos tendem a ser
mais importantes na tomada de decisões). Estes ganhos não são somente materiais, já que
podem apresentar-se sob a forma de relações, imagem, etc. Os ganhos devem também ser
entendidos como “perdas evitadas”
, já que uma determinada perda é frequentemente encarada
como sendo bastante pior do que é, ao passo que um ganho equivalente é percecionado de
forma menos positiva (“aversão ao risco” humana).
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Riscos percecionados: refere-se à possibilidade de que algo de mau possa ocorrer como
resultado da mudança, em termos de segurança, por exemplo, entre outros aspetos. As pessoas
desejam a certeza, mesmo quando esta é contraproducente. A aversão ao risco excessiva é um
viés humano natural.
Nível de MSE Fatores e Dimensões19
31
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Esforços necessários: refere-se à medida pela qual é prático e fácil adotar um novo
comportamento. A dificuldade percecionada não é proporcional à probabilidade de adoção, já
que inconveniências menores (também conhecidas como “fatores de complicação”) podem
impedir-nos de agir em conformidade com as nossas intenções.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Acessibilidade económica: é a medida pela qual uma pessoa considera que a mudança de
prática está ao seu alcance a nível financeiro e inclui custos e possíveis incentivos monetários.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Apelo: tal indica em que medida algo é atrativo a um nível mais emocional. Como se entende na
psicologia, o apelo é um estímulo, que pode ser visual ou auditivo, que influencia as atitudes dos
seus alvos relativamente a um sujeito. Muitos tipos de apelo psicológico foram explorados pelos
setores da publicidade e do marketing, como o apelo do medo, o apelo sexual, a falácia genética
ou a culpa por associação.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Desejo: tal refere-se a um intenso sentimento ou ânsia por algo ou ao desejo de que algo
aconteça. Este sentimento de ansiedade está associado a uma gama de impulsos humanos,
como a necessidade de criar laços, de possuir o que não temos, de amar e reproduzir-se, de
dominar, etc. O desejo pode ser consciente ou inconsciente.
Atitude: a atitude é o que alguém pensa ou sente sobre algo. Na medida em que combina elementos cognitivos e
emocionais, a atitude define as predisposições das pessoas para responderem de forma positiva ou negativa a uma ideia,
uma situação ou uma mudança sugerida. Constitui um dos principais catalisadores da escolha de uma ação por parte de uma
pessoa e é provavelmente o fator mais importante para moldar a mudança de comportamentos.
O contexto socioeconómico, a religião e outras caraterísticas individuais constituem catalisadores importantes da
atitude; quando os medimos, as perguntas demográficas nos inquéritos irão ajudar a efetuar referências cruzadas com as
caraterísticas dos inquiridos e a compreender melhor a sua influência.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Consciencialização e conhecimento: estes conceitos são interdependentes, mas não
permutáveis. A consciencialização reside em ter consciência de um facto (por exemplo, estar
consciente de que a disciplina violenta tem repercussões negativas e saber que existem
alternativas à mesma), ao passo que o conhecimento está associado a uma compreensão mais
profunda desta informação (como uma apreciação dos motivos pelos quais a disciplina violenta
é prejudicial e estar apto a debater alternativas à mesma). É importante ter em mente que as
pessoas tendem a ignorar informações “negativas” relacionadas com as suas ações e podem
por vezes favorecer as “provas” prévias que reafirmam as suas ações. A perceção é altamente
seletiva.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Crenças: existem vários tipos de crenças que influenciam as atitudes, sendo as principais as
seguintes:
» Crenças de efeito: considerar que uma cadeia de causalidade é verdadeira (X conduz a Y);
por exemplo, disciplinar uma criança fisicamente irá torná-la num bom adulto.
» Ter convicções pessoais sobre o que “necessita” de ser feito numa dada situação; por
exemplo, se uma mulher é vista a andar com outro homem, deve ser punida.
» Crenças normativas pessoais: crenças sobre o que deveria ser, o que deveria acontecer;
por exemplo, os homens devem ser os principais responsáveis pela honra da família, as
mulheres devem denunciar a violência às mãos do seu parceiro íntimo à polícia e por aí
adiante.
As crenças são pessoais, mas altamente influenciadas por outras pessoas. A probabilidade de
uma pessoa adotar uma crença aumenta em função do número de pessoas que já tem essa
crença.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Aspirações: trata-se de objetivos e sonhos pessoais, a visão do “eu” futuro e a esperança
e ambição de alcançar feitos, como aspirar a ser o melhor pai/mãe possível, ser uma mulher
independente, ser um estudante bem-sucedido, etc. Reflete o verdadeiro desejo de alguém na
vida.
Nível de MSE Fatores e Dimensões19
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
32
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
32
©UNICEF/UNI171211/Ose
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Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Valores: os valores são aquilo que percecionamos como sendo bom, certo ou aceitável e
envolvem convicções pessoais de certo e errado e do que exige uma boa consciência. Estes
princípios constituem fortes catalisadores de comportamentos padrão. Os valores individuais
são diretamente influenciados pelas normas morais.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Intuições: as intuições são sentimentos instintivos relativos a uma situação ou uma ideia e são
frequentemente formados como resultado de experiências passadas. As intuições envolvem
processos com carga emocional, rápidos e inconscientes que contribuem para atitudes ou
decisões imediatas que não decorrem do raciocínio. Por outras palavras, o nosso cérebro pode
já ter decidido o que fazer numa situação antes de analisar as opções. As intuições constituem
um dos elementos do pensamento automático. As leis e regras influenciam o nosso cérebro
racional, ao passo que muitas decisões são tomadas de forma intuitiva. Os palpites influenciam
muitos dos nossos atos e frequentemente confiamos mais nas nossas suspeitas do que em
factos.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Experiência passada: os estudos demonstram que a experiência passada contribui para
formar decisões complexas. As memórias de experiências, como fracassos e frustrações do
passado com um comportamento ou experiências negativas como um mau tratamento por
parte de um prestador de serviços, irão moldar as nossas atitudes relativamente a experimentar
novas coisas. A um nível mais profundo, as experiências da infância também influenciam o
comportamento enquanto adulto, incluindo comportamentos negativos, violentos ou abusivos.
Este conceito de réplica é fundamental na maioria das escolas do pensamento psicológico.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Normas morais: trata-se de princípios de moralidade que se espera que as pessoas sigam.
A sua aprendizagem é efetuada socialmente. Por exemplo, os direitos humanos, enquanto
doutrina global, representam as normas morais que a ONU está a tentar aplicar universalmente.
A questão importante nesta área é o que as pessoas percecionam como direitos das mulheres
e das crianças, já que este aspeto irá condicionar a classificação de certas práticas como sendo
inerentemente imorais ou não (por exemplo, bater numa mulher).
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Emoções: as emoções são geradas subconscientemente e são concebidas para avaliar e
resumir uma experiência e informar a tomada de medidas. As emoções envolvem um processo
de sentimento em que as reações cognitivas, fisiológicas e comportamentais se combinam para
responder a um estímulo. Várias decisões são informadas pelas nossas respostas emocionais,
que podem constituir uma barreira ao pensamento racional. Por exemplo, as fobias e as
aversões são mecanismos importantes no quotidiano. Outro exemplo do poder das emoções é
que informações idênticas desencadeiam diferentes atitudes se forem apresentadas de forma
positiva ou negativa.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Mentalidade: refere-se à forma de pensar de uma pessoa e é uma atitude padrão para abordar
várias situações que criam uma predisposição para adotar ou rejeitar certos comportamentos,
como ter uma mentalidade inovadora, uma mentalidade conservadora, uma mentalidade de
aprendizagem e crescimento, etc.
Autoeficácia: a autoeficácia alia a capacidade objetiva de uma pessoa realizar a mudança proposta e a sua própria crença
sobre esta capacidade. A autoeficácia positiva constitui uma condição prévia necessária para dar passos em direção a novas
práticas. Tal como acontece com a atitude, os fatores demográficos constituem geralmente um catalisador-chave para a
autoeficácia de alguém. Por exemplo, a pobreza impõe uma carga cognitiva significativa que dificulta às pessoas mais pobres
pensarem de forma deliberada, encararem-se como capazes, terem fé na possibilidade de mudar e tirarem proveito das
oportunidades. As intervenções relacionadas com a perceção que uma pessoa tem de si própria podem ser poderosas fontes
de mudança.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Agência: refere-se ao sentimento de controlo que uma pessoa sente relativamente a uma ação
e respetivas repercussões. Se a intenção de realizar uma ação parece preceder, orientar e causar
a ação exclusivamente, uma pessoa terá um sentimento de agência sobre aquilo que acabou de
fazer. Caso contrário, a dissonância resultante irá impedir que a pessoa tenha um sentimento de
controlo sobre o que acabou de acontecer. Um sentimento de agência constitui um sentimento
de controlo geral sem qualquer pensamento explícito sobre uma ação específica. O julgamento
de agência refere-se ao nível de controlo conceptual, quando uma pessoa pensa explicitamente
em iniciar uma ação.
Nível de MSE Fatores e Dimensões19
Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos
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Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Bem-estar emocional: refere-se à qualidade emocional da experiência quotidiana de uma
pessoa ou à frequência e intensidade de sentimentos positivos e negativos que tornam a vida
de uma pessoa agradável ou desagradável. Elevados níveis de stress podem prejudicar a nossa
capacidade de fazer escolhas e de termos uma perceção positiva e capaz de nós próprios
e podem paralisar a mudança e a adoção de práticas positivas; em alguns casos, podem
resultar na adoção de mecanismos de defesa negativos. A ansiedade e a angústia mental são
particularmente comuns em contextos de emergência. O trauma é um obstáculo de peso à
ação.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Capacidade física: refere-se à força e capacidade de desempenhar ações físicas essenciais.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Fadiga: estar cansado (e com fome) esgota os recursos cognitivos e afeta significativamente a
nossa tomada de decisões.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Competências: as competências referem-se a determinadas aptidões e capacidades de realizar
algo. A maioria das competências é adquirida através da experiência e/ou da aprendizagem
deliberada. Alguns exemplos de competências são técnicas parentais e disciplina positiva ou
competências de vida como o pensamento crítico ou a cidadania ativa.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Autonomia de decisão: refere-se à capacidade de uma pessoa tomar as suas próprias
decisões.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Confiança: refere-se à crença de uma pessoa de que consegue ter sucesso na criação da
mudança ou de que tem confiança nas suas aptidões próprias.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Autoimagem: muitas das nossas escolhas estão sujeitas ao impacto da perceção que
temos de nós e do nosso papel na família, na comunidade e na sociedade. Esta identidade
percecionada frequentemente faz com que nos comportemos de acordo com estereótipos
comuns associados à nossa identidade dominante. Este aspeto pode impedir que as pessoas
façam coisas que são totalmente capazes de fazer porque subestimam as suas aptidões em
conformidade com o estereótipo do seu grupo.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Nível de stress geral: elevados níveis de stress prejudicam a nossa capacidade de fazer
escolhas, de termos uma perceção positiva e capaz de nós próprios, podem paralisar a mudança
e a adoção de práticas positivas e, em alguns casos, resultam na adoção de mecanismos
de defesa negativos. A ansiedade e a angústia mental são particularmente frequentes em
contextos de emergência.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Apoio: refere-se à disponibilidade de parentes ou amigos de confiança que encorajam, ajudam e
protegem alguém quando necessário.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Mobilidade social: refere-se a um processo socioeconómico em que uma pessoa, família ou
grupo se movimenta para uma nova posição no âmbito de uma hierarquia social, de emprego
para emprego ou de um nível ou classe social para outro. A mobilidade social é também
entendida como o movimento de determinadas categorias de pessoas de local para local. Em
muitas sociedades, a mobilidade é um problema para as mulheres em ambos os sentidos
do termo: estão impedidas de ascender a posições de poder, mas podem também não ter
a liberdade ou a capacidade de abandonar a família, interagir com determinadas pessoas ou
aceder a certos bens e serviços por motivos culturais ou de segurança.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Inteligência emocional: a capacidade de reconhecer e processar as suas próprias emoções e
de utilizá-las para ajudar no pensamento.
Nível de MSE Fatores e Dimensões19
35
Nível de MSE Fatores e Dimensões19
Racionalidade limitada: as pessoas nem sempre tomam as decisões que melhor servem os seus interesses. Trata-se
de casos em que realmente não sabemos por que fazemos ou não fazemos as coisas. Um motivo que o explica pode ser
porque sempre foi feito da mesma forma, mesmo que pareça irracional. Várias caraterísticas psicológicas (como sentir-se mais
confortável numa rotina estabelecida, considerar a inação o caminho mais fácil, sentir-se excessivamente positivo quanto a
uma escolha feita previamente e sentimentos semelhantes) constituem parte da “natureza humana” e podem ser utilizadas
para explicar por que motivo as pessoas não se comportam da forma que poderíamos prever do ponto de vista racional. A
racionalidade limitada ou condicionada refere-se a esta caraterística da cognição humana, que é restringida em termos de
recursos (capacidade de pensar, informação a contribuir disponível e quantidade de tempo atribuída). Como resultado, as
pessoas têm a tendência para encontrar formas mais simples e mais fáceis de tomar decisões e de agir, independentemente
da inteligência. O conceito de racionalidade condicionada é muito semelhante ao de avarento cognitivo.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Autocontrolo/Força de vontade: tentações e impulsos afetam as nossas decisões e ações,
incluindo as que são contrárias ao caminho que tínhamos decidido seguir e às metas que
definimos. Todos experimentamos estas lutas, mas nem sempre temos capacidade igual no que
respeita a restringir ou regular estes ímpetos.
Quando os nossos recursos mentais estão esgotados (devido ao stress ou à fadiga, por
exemplo), a nossa força de vontade diminui. Determinados comportamentos são mais aditivos
do que outros.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Viés do presente: as pessoas geralmente favorecem um pequeno ganho no curto prazo em
relação a um ganho maior no futuro, por vezes até conscientemente quando medem os prós e
os contras. Sobrevalorizamos as recompensas imediatas, o que prejudica a nossa capacidade
de tomar decisões a favor de interesses a mais longo prazo que nos beneficiariam mais. Este
aspeto tem várias repercussões, incluindo a necessidade de criar ganhos pequenos e rápidos
para as pessoas no processo de obter um ganho maior no comportamento com recompensas
maiores, o que serve para trazer aspetos do benefício futuro para mais perto do presente.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Procrastinação: podemos ser tão bons a adiar ações positivas como o somos quando nos
deixamos levar por impulsos negativos súbitos (“hoje não é um bom dia, ainda há tempo”). Adiar
decisões pode ser explicado pelo desejo de utilizar o presente para ações mais satisfatórias
ou pela complexidade de realizar uma mudança. Em ambos os casos, as nossas emoções
comandam e esquecemo-nos do plano a mais longo prazo, apesar do custo da ação adiada.
Ampliar as repercussões da ação ou da inação no que respeita ao que nos irá acontecer no
futuro é uma resposta programática clássica a este problema.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Fatores de complicação: esta expressão refere-se a inconveniências menores que impedem
as pessoas de agir. Uma tarefa pode exigir algum tempo, o preenchimento de papelada ou
um pequeno investimento; estas são percecionadas como complicações de peso que podem
impedir-nos desproporcionadamente de agir.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Hábitos e statu quo: a opção padrão para os seres humanos geralmente é o statu quo.
Normalmente, sentimo-nos mais confortáveis numa rotina definida, consideramos a inação
mais fácil, sentimo-nos excessivamente positivos quanto a uma escolha feita anteriormente e
somos avessos à mudança porque pode ser arriscada. Muitos destes sentimentos conduzem-
nos à inércia mesmo que tal não sirva os nossos melhores interesses. Além disso, uma
parte significativa das nossas vidas é habitual e as ações relacionadas são frequentemente
automáticas e impulsionadas por partes específicas do cérebro, estão associadas a um
contexto ou a um momento ou seguem um ritual e a finalidade específica destas ações perde
importância. A introdução de novidade nestes padrões mentais não acontece sem fricção e
disrupção.
Individual + interpessoal
+ prestador de serviços
individual
Heurística: a heurística consiste em atalhos cognitivos ou regras práticas que simplificam as
decisões. Geralmente, fundamentam-se em vieses cognitivos semelhantes aos que os nossos
cérebros usam para filtrar informações (ver vieses cognitivos) e tornar as perguntas mais fáceis
de responder. Na medida em que fazer uma escolha pode ser difícil e exige esforço, recorremos
à nossa intuição, tentamos adivinhar, estereotipar ou usar aquilo que descrevemos como “senso
comum” para evitar a fadiga das decisões.
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  • 1. a GABINETE REGIONAL DA UNICEF PARA A ÁFRICA ORIENTAL E AUSTRAL Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos Outubro de 2020
  • 2. Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos Foto da capa: ©UNICEF/UN036248/Rich Índice Acrónimos e abreviaturas i 1 Introdução 1 2 Compreender a comunicação sobre a mudança social e de comportamentos 3 2.1 O modelo de catalisadores comportamentais 3 2.2 A Jornada em Direção à Saúde e à Vacinação 5 3 Gestão baseada em resultados 13 3.1 Análise do contexto e da situação 13 3.2 Análise causal 14 3.3 Estabelecimento de prioridades 15 3.4 Definição dos resultados prioritários 15 3.5 Como formular resultados e indicadores para a CMSC 18 3.5.1 Resultados e indicadores ao nível do impacto 19 3.5.2 Resultados e indicadores da CMSC ao nível da consequência 19 3.5.3 Resultados e indicadores da CMSC ao nível da consequência intermédia 21 3.5.4 Resultados e indicadores para a CMSC a nível do efeito direto 22 4 Como utilizar as listas de indicadores 25 5 Anexos 29 5.1 Anexo 1: Definições de determinantes comportamentais 29 5.1.1 Catalisadores psicológicos 29 5.1.2 Catalisadores sociológicos 37 5.1.3 Catalisadores ambientais 40 5.2 Anexo 2: Lista exaustiva de indicadores da CMSC 43
  • 3. i Acrónimos e abreviaturas AnSit Análise da Situação CAP Conhecimentos, Atitude, Prática CCSH Conceção Centrada no Ser Humano CD Comunicação para o Desenvolvimento CMSC Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos CPN Cuidados Pré-Natais EAAV Efeitos Adversos Após a Vacinação ESARO Gabinete Regional para a África Oriental e Austral ESAR Região da África Oriental e Austral ESA África Oriental e Austral GBR Gestão Baseada em Resultados IDS Inquéritos Demográficos e de Saúde MCC Modelo de Catalisadores Comportamentais MENA Médio Oriente e Norte de África MGF/E Mutilação Genital Feminina/Excisão MICS Inquéritos aos Indicadores Múltiplos MoRES Sistema de Igualdade de Resultados de Monitorização MSE Modelo Socioecológico PAV Programa Alargado de Vacinação PC Perceções Comportamentais PDI Pessoas Deslocadas Internamente SIGE Sistema de Informação de Gestão da Educação SMARTER eStratégico, Mensurável, Alinhado, Realista, Transformador, capacitantE, Relatável SMART eStratégico, Mensurável, Alcançável, Relevante, limitado no Tempo TdM Teoria da Mudança TT Toxoide Tetânico
  • 4. Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos ii Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos ii ©UNICEF/UN0162343/Tremeau
  • 5. 1 1 Introdução O objetivo deste documento consiste em fornecer algumas diretrizes básicas para a medição de resultados associados à programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos (CMSC). De facto, tanto a Avaliação Global da Comunicação para o Desenvolvimento de 20161 como a Análise de Diagnóstico de 2019 das Estruturas Operacionais e de Programação da Comunicação para o Desenvolvimento na Região da África Oriental e Austral (ESAR)2 salientaram que dispor de resultados claramente articulados tanto na Comunicação para o Desenvolvimento como nos planos estratégicos e quadros dos setores permanece um dos principais desafios relacionados com a CMSC. Apesar de a maioria dos países da África Oriental e Austral (ESA) terem formulado indicadores nas suas estratégias de CMSC3 , persiste frequentemente um desfasamento entre o nível de mudança formulado na declaração de resultado e os indicadores identificados para captar a mudança: “Tal como estão correntemente formulados, os indicadores só podem medir os progressos ao nível da atividade, mas não conseguem captar as mudanças ao nível do efeito direto ou ao nível da consequência de modo a refletir os progressos nos conhecimentos, atitudes, intenções e/ou competências que promoveriam a adoção das práticas visadas4 . ” A monitorização é uma componente-chave da Gestão Baseada em Resultados (GBR) e oferece uma oportunidade para acompanhar o estado da implementação, recolher provas da mudança (ou da sua ausência) e medir a qualidade dos resultados de uma iniciativa, projeto ou programa. A monitorização permite que os gestores ajustem as intervenções continuamente e que melhorem os resultados através de um processo iterativo apoiado por informações credíveis, baseadas em provas. Por conseguinte, enquanto parte da sessão da reunião de Representantes Adjuntos de 2019 da ESAR da UNICEF relativa ao Enfoque na comunicação para o desenvolvimento para acelerar as mudanças nas normas, comportamentos e práticas sociais, foi decidido criar um quadro de Gestão Baseada nos Resultados para a Região da África Oriental e Austral com uma componente de CMSC integrada. O presente documento visa fornecer orientações para medir os resultados da CMSC ao levar em consideração os documentos de orientação de CMSC da UNICEF mais recentemente disponibilizados, como o Modelo de Catalisadores Comportamentais (MCC), o guia de programação de normas sociais Everybody wants to belong e o quadro da Jornada em Direção à Saúde e à Vacinação5 . Os destinatários que estas orientações visam alcançar são os funcionários de monitorização e avaliação e do setor do programa Comunicação para o Desenvolvimento dos Gabinetes Nacionais da UNICEF que estão ativos na conceção e implementação do ciclo do programa do país, parceiros estatais e não estatais envolvidos na conceção e implementação de programas de CMSC e funcionários envolvidos na monitorização e avaliação das intervenções de CMSC. O documento Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos foi elaborado por Dominique Thaly, consultora internacional de Comunicação para o Desenvolvimento recrutada pelo ESARO da UNICEF , e revisto por Natalie Fol, Helena Ballester Bon e Massimiliano Sani, da equipa de Comunicação para o Desenvolvimento do ESARO. 1 UNICEF (2016), Communication for Development: An evaluation of UNICEF’s Capacity and Action. Setembro de 2016. Gabinete de avaliação. 2 UNICEF ESARO (2019), Diagnostic Assessment of C4D Programming and Operational Structures in the Eastern and Southern Africa Region. 3 Será utilizado CMSC em lugar de Comunicação para o Desenvolvimento quando não se referem funcionários e intervenções específicos de Comunicação para o Desenvolvimento da UNICEF. 4 UNICEF ESARO (2019), Diagnostic Assessment of C4D Programming and Operational Structures in the Eastern and Southern Africa Region. 5 UNICEF (2019), Everybody wants to Belong. A practical guide to tackling and leveraging social norms in behaviour change programming. UNICEF / Petit, V. (2019), The behavioural drivers model: A conceptual Framework for Social and Behaviour Change Programming. UNICEF (2019), Versão preliminar da Orientação de Programação da Comunicação para o Desenvolvimento. UNICEF (2018), The Journey to Health and Immunization Framework.
  • 6. Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 2 Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 2 ©UNICEF/UN056980/Ose
  • 7. 3 2 Compreender a comunicação sobre a mudança social e de comportamentos 2.1 O modelo de catalisadores comportamentais Está provado que fornecer às pessoas as informações corretas raramente se traduz de forma automática na escolha ideal. As pessoas são altamente emotivas e influenciadas pelo ambiente que as rodeia, por aqueles que são importantes para elas e pelas outras pessoas com quem interagem. O que acontece em torno de uma pessoa importa tanto como o que ela própria pensa (Petit, V., BDM 2019). Por conseguinte, as estratégias e intervenções de CMSC que se concentram meramente em aumentar os conhecimentos do participante e a sua consciencialização de certas práticas geralmente não são eficazes, a menos que sejam complementadas por outras intervenções. Para reunir várias perspetivas sobre a tomada de decisões e as teorias e modelos de comportamentos, a UNICEF desenvolveu o Modelo de Catalisadores Comportamentais (MCC). O MCC começa por fazer a pergunta fundamental: porque é que as pessoas fazem o que fazem? De acordo com este modelo, todos os catalisadores comportamentais recaem em três categorias fundamentais: 1. Psicologia, que reúne os catalisadores cognitivos e emocionais individuais; 2. Sociologia, para determinantes relacionadas com interações no interior de famílias, comunidades, grupos e a sociedade em geral; 3. Ambiente, para elementos estruturais como instituições, políticas, sistemas e serviços, infraestruturas, informações, etc. 6 Para definições de fatores e dimensões, ver Petit, V. BDM 2019. Figura 1. O Modelo de Catalisadores Comportamentais (Petit,V. BDM 2019) Em cada categoria, os catalisadores estão organizados de acordo com dois níveis de profundidade6 : - Catalisadores de Nível 1: os catalisadores de nível superior ou principais, designados por fatores; - Catalisadores de Nível 2: cada fator é repartido pelas várias dimensões pelas quais é composto. O que impulsiona um comportamento? PSICOLOGIA SOCIOLOGIA AMBIENTE
  • 8. Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 4 Figura 2: Principais fatores comportamentais e correspondentes dimensões (catalisadores de nível 1) (Petit,V. BDM 2019) Quadro 1: Dimensões que compõem cada catalisador principal (UNICEF 2019, Everybody wants to belong) Fatores (Nível 1) Dimensões (Nível 2) Caraterísticas pessoais Idade, género, fase do ciclo de vida, estatuto social, educação, composição do agregado familiar, nível de rendimentos/pobreza, filiação religiosa, estilo de vida, atributos fisiológicos, consumo de álcool/drogas, distúrbios. Vieses cognitivos Evitar informação; Heurística da disponibilidade; Ancoragem; Efeito do mensageiro; Viés de confirmação e de crença; Viés de simplicidade; Viés do mais recente; Viés do otimismo; Heurística da representatividade; Dissonância cognitiva; Viés de memória. Interesse Atenção; Exequibilidade; Fruição; Ganhos potenciais; Riscos percecionados; Acessibilidade económica; Apelo; Desejo. Atitude Consciencialização e conhecimento; Crenças; Aspirações; Valores; Intuições; Experiência passada; Emoções; Mentalidade. Autoeficácia Agência; Bem-estar emocional; Capacidade física; Competências; Confiança; Autoimagem; Nível de stress; Fadiga; Apoio; Mobilidade social; Autonomia de decisão; Inteligência emocional. Racionalidade limitada Autocontrolo/Força de vontade; Viés do presente; Procrastinação; Fatores de complicação; Hábitos e statu quo; Heurística; Compromisso inconsistente; Contexto/quadro de decisão. Ambiente de comunicação Informações factuais e científicas; Agenda e narrativa dos meios de comunicação; Redes sociais; Marketing, marcas, mensagens; Discurso e figuras públicos; Indústria do entretenimento; Exposição; Boca a boca.
  • 9. 5 Fatores (Nível 1) Dimensões (Nível 2) Alternativas emergentes Tendências de opinião; Movimentos sociais; Inovações e oportunidades; Mudança e histórias publicitadas; Desvios positivos. Influência social e Normas sociais Atitudes e práticas da rede de referência; Comportamentos aprovados – expetativas normativas; Práticas típicas em que se crê – expetativas empíricas; Pressão social – recompensas, sanções, exceções; Estigma e discriminação/visões societais das minorias; Sensibilidade à influência social. Metanormas Processo de socialização; Ideologias de género; Dinâmica de poder; Padrões de tomada de decisões; Responsabilidades e relações familiares; Resolução de conflitos; Perceção da Criança, normas morais, cumprimento da lei. Dinâmica da comunidade Autoeficácia coletiva; Sentimento de apropriação; Coesão social; Igualdade de participação; Qualidade da liderança. Entidades governamentais Reconhecimento do problema; Políticas e regulamentos; Mecanismos de cumprimento da lei e de segurança; Medidas fiscais; Queixas contra as autoridades; Instituições religiosas; Sistema educativo; Voz e participação. Intenção Contemplação; Experiência; Reincidência; Celebração, louvor, ritualização, compromisso público; Sensibilização. Barreiras estruturais Condições de vida; Disponibilidade e acesso a serviços e tecnologias e qualidade dos mesmos; Confiança nos prestadores de serviços; Sugestões de ação; Serviços tradicionais; Infraestruturas; Outros fatores externos. Contexto Migração, deslocação, emergência versus contexto de desenvolvimento, contexto social/ cultural e religioso, fenómenos naturais e clima. 2.2 A Jornada em Direção à Saúde e à Vacinação Em áreas como a saúde, a educação ou a proteção das crianças, em que a existência de um sistema de prestação de serviços funcional é uma condição prévia para a adoção de determinadas práticas e comportamentos, é fundamental realizar um exame dos fatores viabilizadores e/ou barreiras específicos à procura, acesso e usufruto dos serviços. O programa Jornada em Direção à Saúde e à Vacinação constitui um quadro abrangente que inclui elementos das Perceções Comportamentais e da Abordagem Centrada no Ser Humano numa tentativa de racionalizar um amplo leque de barreiras e fatores viabilizadores que tanto os cuidadores como os profissionais de saúde enfrentam ao longo das suas jornadas rumo à saúde e à vacinação (mais informações estão disponíveis em https://www.hcd4health.org). Os desafios relativos à procura referem-se à tomada de decisões e à implementação de medidas. Os fatores viabilizadores e as barreiras à ação podem influenciar os cuidadores nas decisões de levarem ou não os filhos às unidades de saúde, procurarem ou não serviços de saúde e regressarem ou não às unidades de saúde. Por conseguinte, temos de reconhecer a complexidade das interações procura-serviço para compreender os fatores humanos e contextos relacionados com os desafios associados à aceitabilidade, adequação, capacidade de resposta e qualidade percecionada dos serviços.
  • 10. Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 6 Este modelo pode também ser aplicado a qualquer setor em que a interação procura-serviço desempenhe um papel relevante. Este quadro coloca a criança e o seu cuidador no centro, cobrindo todos os passos do circuito procura-serviço recorrendo a uma abordagem do ciclo de vida, desde o momento prévio à conceção da criança (por exemplo, a mãe vai a todas as consultas de cuidados pré-natais recomendadas) até à idade reprodutora da criança (por exemplo, gravidezes na adolescência). Figura 3: Quadro da Jornada em Direção à Saúde e à Vacinação, UNICEF 2018 Como se pode ver na figura acima, fatores e dimensões psicológicos, bem como elementos relativos à sociologia ou ao ambiente, como normas e valores, apoio social e reconhecimento, respeito da comunidade e confiança, desempenham um papel crucial tanto do ponto de vista do cuidador como do prestador de serviços. CUIDADOR PROFISSIONAL DE SAÚDE A JORNADA EM DIREÇÃO À SAÚDE Seguimento Seguimento Seguimento 6 Após o serviço Ponto do serviço 4 Experiência do serviço 5 Intenção 2 1 Conhecimento, consciencialização e crença 3 Preparação, custo e esforço •Têm conhecimentos práticos (quando e onde ir, calendário de vacinação, etc.) •Compreendem o valor da vacinação •Têm uma perceção positiva da vacinação •Têm uma perceção da vacinação como prioritária •Não têm receio de efeitos secundários •Confiam nas vacinas •Confiam nos prestadores •Confiam nas entidades governamentais •Têm informações e motivação suficientes para voltar para a próxima consulta •Partilham a sua experiência positiva com a sua comunidade •Reforçam a vacinação como norma social •Estão aptos a dar o seu feedback sobre o serviço de vacinação •Conquistam o respeito da família e da comunidade •Incitam os cuidadores a comparecerem à sessão seguinte •Informam os cuidadores sobre possíveis EAAV, como geri-los e quando e como comunicá-los •Têm competências práticas •Têm valores e normas positivos no que respeita à vacinação •Têm uma perceção positiva dos clientes •Tencionam vacinar os seus filhos (poder de tomada de decisões, autoeficácia) •Comunicam a vacinação como norma social na sua comunidade •Estão motivados pelo trabalhol •Elaboram um plano para aceder ao serviço (transporte, ter quem tome das crianças, prioridades concorrentes, custos sociais e de oportunidade) •Despendem tempo e esforço para aceder ao serviço •Elaboram um plano para chegar ao local de vacinação (preparação, chegar à clínica ou local de vacinação, custos de oportunidade) •Sentem-se confiantes a nível técnico para oferecer uma experiência positiva ao cliente (competências de comunicação interpessoal, criação de confiança, mitigação da dor, formação e experiência, distanciamento social) •Têm um perfil adequado •Têm uma perceção positiva da experiência (tratamento por profissionais de saúde, condições físicas, utilização de registos caseiros, satisfação do cliente) •Consideram os serviços disponíveis, apropriados, convenientes e de qualidade técnica adequada (horário do serviço, distanciamento social, tempo de espera) •Recebem formação adequada, auxílios de trabalho e uma supervisão solidária não ameaçadora •Estão satisfeitos com a carga de trabalho e o fluxo da unidade •Envolvem as comunidades no desenvolvimento de microplanos
  • 11. 7 O quadro que se segue ilustra a forma como o MCC e a Jornada em Direção à Saúde e à Vacinação estão ligados. As dimensões de N2 a vermelho são consideradas catalisadores de alta prioridade. Quadro 2: Ligações entre A Jornada em Direção à Saúde e à Vacinação e o Modelo de Catalisadores Comportamentais Passos ao longo da Jornada Competências ou comportamentos desejados ao longo da Jornada Fatores/ Consequências de N1 do MCC associados Dimensões/Efeito direto de N2 do MCC associados 1. Conhecimento, consciencialização e crença CUIDADORES 1.1.a Têm conhecimentos práticos N/A Consciencialização e Conhecimento Exposição Marketing, marca, mensagens Autoeficácia coletiva Coesão social 1.2.a. Compreendem o valor da vacinação Atitude Consciencialização e Conhecimento Ganhos potenciais Evitar informação Crenças Valores 1.3.a. Têm uma perceção positiva da vacinação Atitude Figuras públicas, discurso público Ambiente de comunicação Redes sociais Heurística 1.4.a. Têm uma perceção da vacinação como prioritária Atitude Tendências de opinião Entidades governamentais Instituições religiosas Atitude Normas morais 1.5.a. Não têm receio de efeitos secundários Atitude Crenças 1.6.a. Confiam nas vacinas Autoeficácia (ou atitude) Crenças Experiência anterior 1.7 .a. Confiam nos prestadores Confiança no prestador de serviços Experiência anterior Caraterísticas pessoais Efeito do mensageiro 18.a Confiam nas entidades governamentais Entidades governamentais Queixas contra as autoridades Cumprimento da lei Efeito do mensageiro Crenças PRESTADORES 1.1.b. Têm competências práticas Autoeficácia Política e regulamentação Marketing, marca, mensagens 1.2.b. Têm valores e normas positivos no que respeita à vacinação Atitude Crenças Valores Risco percecionado 1.3.b. Têm uma perceção positiva dos clientes Atitude Perceção da criança
  • 12. Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 8 2. Intenção CUIDADORES 2.1.a. Tencionam vacinar os seus filhos Intenção Viabilidade Risco percecionado Fadiga Ideologias de género Responsabilidades e relações familiares 2.2.a. Comunicam a vacinação como norma social na sua comunidade Influência social e normas sociais Atitudes e práticas da rede de referência Norma obrigatória/expetativa normativa Norma descritiva/expetativa empírica Qualidade da liderança PRESTADORES 2.1.b Estão motivados pelo trabalho Interesse Coesão social Políticas e regulamentações Riscos percecionados 3. Preparação, custo e esforço CUIDADORES 3.1.a. Elaboram um plano para aceder ao serviço Autoeficácia Confiança 3.2.a. Despendem tempo e esforço para aceder ao serviço Autoeficácia Agência Autonomia de decisão/Dinâmica de poder Apoio Riscos percecionados Esforços necessários Medidas e incentivos fiscais PRESTADORES 3.1.b. Elaboram um plano para chegar ao local de vacinação Autoeficácia Esforços necessários Políticas e regulamentações 4. Ponto do serviço CUIDADORES 4.1.a. Consideram os serviços disponíveis, apropriados, convenientes e de qualidade técnica adequada Barreiras estruturais Disponibilidade, acesso aos serviços e qualidade dos mesmos Interesse Serviços tradicionais Contexto e quadro da decisão (Ref. aceitar versus recusar) PRESTADORES 4.1.b. Recebem formação adequada, auxílios de trabalho e uma supervisão solidária não ameaçadora Entidades governamentais Reconhecimento do problema 4.2.b. Estão satisfeitos com a carga de trabalho e o fluxo da unidade Entidades governamentais Políticas e regulamentações 4.3.c Envolvem as comunidades no desenvolvimento de microplanos Dinâmica da comunidade Igualdade de participação Passos ao longo da Jornada Competências ou comportamentos desejados ao longo da Jornada Fatores/ Consequências de N1 do MCC associados Dimensões/Efeito direto de N2 do MCC associados
  • 13. 9 5. Experiência do serviço CUIDADORES 5.1.a. Têm uma perceção positiva da experiência Barreiras estruturais Experiência anterior Disponibilidade, acesso aos serviços e qualidade dos mesmos Igualdade de participação PRESTADORES 5.1.b. Sentem-se confiantes a nível técnico para oferecer uma experiência positiva ao cliente Autoeficácia Ref. 1.1.b 5.2.b. Têm um perfil adequado Confiança no prestador de serviços Ref 1.7 .a CUIDADORES 6.1.a. Têm informações e motivação suficientes para voltar para a próxima consulta Ref. passos 1 e 2 Ref. passos 1 e 2 6.2.a. Partilham a sua experiência positiva com a sua comunidade Alternativas emergentes Mudança e histórias publicitadas/Desvios positivos 6.3.a. Reforçam a vacinação como norma social Influência social e normas sociais Ref 2.1.a 6.4.a. Estão aptos a dar o seu feedback sobre o serviço de vacinação Entidades governamentais Voz e participação Políticas e regulamentações PRESTADORES 6.1.b. Conquistam o respeito da família e da comunidade Dinâmica da comunidade Celebração, louvor 6.2.b. Incitam os cuidadores a comparecerem à sessão seguinte Autoeficácia Sugestões de ação 6.2.c. Informam os cuidadores sobre possíveis EAAV, como geri-los e quando e como comunicá-los Barreiras estruturais Ref. para 1.1 b Passos ao longo da Jornada Competências ou comportamentos desejados ao longo da Jornada Fatores/ Consequências de N1 do MCC associados Dimensões/Efeito direto de N2 do MCC associados
  • 14. Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 10 Exemplos ilustrativos extraídos de uma avaliação de 2019 dos serviços de vacinação e prestação em três grandes cidades urbanas da Somália ajudam a compreender melhor alguns dos desafios existentes na ESAR: Passos Descrição Exemplos 1. Conhecimento, atitudes, práticas e crença Cuidadores: • Têm conhecimentos práticos (quando e onde ir, calendário de vacinação, etc,) • Compreendem o valor da vacinação • Têm uma perceção positiva da vacinação • Têm uma perceção da vacinação como prioritária • Não têm receio de efeitos secundários • Confiam nas vacinas • Confiam nos prestadores • Confiam nas entidades governamentais Prestadores: • Têm competências práticas • Têm valores e normas positivos no que respeita à vacinação • Têm uma perceção positiva dos clientes • Fracas práticas de cuidados pré-natais (CPN) e histórico de mau acesso a vacinações de TT durante a gravidez • Fraco conhecimento e consciencialização das vacinações, seu objetivo e seus benefícios por parte das mães • Desconfiança em relação aos centros de saúde • Vacinação associada à infertilidade e a doenças • Prestadores sem formação em comunicações interpessoais e envolvimento comunitário • Os prestadores têm a perceção de que os cuidadores pertencentes a aglomerados urbanos informais são “ignorantes” 2. Intenção Cuidadores: • Tencionam vacinar os seus filhos (poder de tomada de decisões, autoeficácia) • Comunicam a vacinação como norma social na sua comunidade Prestadores: • Estão motivados pelo trabalho • A recusa do pai prejudicou o poder de tomada de decisões das mães • As mães divorciadas tinham mais probabilidades de completar o calendário de vacinação dos filhos • Ritual tradicional: os recém-nascidos ficam confinados em casa durante 40 dias para evitar infeções e o mau-olhado • O papel dos líderes tradicionais, do género feminino e religiosos prejudica ou apoia a aceitação da vacinação • Prestadores não motivados para irem trabalhar devido a atrasos no pagamento dos seus salários 3. Preparação, custo e esforço Cuidadores: • Elaboram um plano para aceder ao serviço (transporte, ter quem tome das crianças, prioridades concorrentes, custos sociais e de oportunidade) • Despendem tempo e esforço para aceder ao serviço Prestadores: • Elaboram um plano para chegar ao local de vacinação (preparação, chegar à clínica ou local de vacinação, custos de oportunidade) • Mulheres frequentemente em busca de fontes fiáveis de rendimentos e alimentos quando a sessão de vacinação estava marcada. • As pessoas deslocadas internamente não têm dinheiro para pagar o transporte até às unidades de saúde. • Os prestadores não conseguem planear a chegada ao local de vacinação devido a falta de transporte
  • 15. 11 4. Ponto do serviço Cuidadores: • Consideram os serviços disponíveis, apropriados, convenientes e de qualidade técnica adequada (horário do serviço, distanciamento social, tempo de espera) Prestadores: • Recebem formação adequada, auxílios de trabalho e uma supervisão solidária não ameaçadora • Estão satisfeitos com a carga de trabalho e o fluxo da unidade • Envolvem as comunidades no desenvolvimento de microplanos • Horário de funcionamento limitado das unidades de saúde • Programas Alargados de Vacinação associados a pessoas de fora e estrangeiros • As mães deslocadas internamente gostariam de ser tratadas por profissionais de saúde da comunidade do género feminino • Um grande número de crianças que compareceu nas unidades de saúde não possuía boletim de vacinação • Prestadores incapazes de prestar serviços de vacinação de qualidade devido ao elevado número de clientes por prestador • Os prestadores não beneficiam de uma supervisão solidária não ameaçadora 5. Experiência do serviço Cuidadores: • Têm uma perceção positiva da experiência (tratamento por profissionais de saúde, condições físicas, utilização de registos caseiros, satisfação do cliente) Prestadores: • Sentem-se confiantes a nível técnico para oferecer uma experiência positiva ao cliente (competências de comunicação interpessoais, criação de confiança, mitigação da dor, formação e experiência, distanciamento social) • Têm um perfil adequado • Atitudes negativas dos trabalhadores das unidades de saúde, os profissionais de saúde eram hostis. • Os prestadores estão demasiado ocupados para explicar os procedimentos • Longo tempo de espera • Os prestadores não são da mesma comunidade que os cuidadores, pelo que são encarados como pessoas de fora • Seria socialmente aceitável que uma mãe interagisse com prestadores do género feminino, mas todos os prestadores são homens 6. Após o serviço Cuidadores: • Têm informações e motivação suficientes para voltar para a próxima consulta • Partilham a sua experiência positiva com a sua comunidade • Reforçam a vacinação como norma social • Estão aptos a dar o seu feedback sobre o serviço de vacinação Prestadores: • Conquistam o respeito da família e da comunidade • Incitam os cuidadores a comparecerem à sessão seguinte • Informam os cuidadores sobre possíveis EAAV, como geri-los e quando e como comunicá-los • As pessoas deslocadas internamente gostariam de obter informações sobre os próximos serviços para a comunidade de PDI alguns dias antes das sessões de vacinação • Informações insuficientes sobre os efeitos secundários aumentam o receio da vacinação • Os prestadores não dizem aos cuidadores quando e onde levar a criança para a próxima sessão de vacinação As intervenções tradicionais de CMSC tendem a centrar-se nos passos Conhecimento, consciencialização e crença e Intenção, principalmente através de campanhas de comunicação e do desenvolvimento de materiais de comunicação. No entanto, como pode ver no exemplo acima, existem barreiras ao longo de toda a Jornada. Passos Descrição Exemplos
  • 16. Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 12 Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 12 ©UNICEF/UN052547/Ayene
  • 17. 13 3 Gestão baseada em resultados A Gestão Baseada em Resultados (GBR) é uma estratégia de gestão baseada numa responsabilização claramente definida para os resultados, a monitorização e a autoavaliação. Estas caraterísticas estão representadas no ciclo ilustrado na Figura 47 . A GBR implica analisar o contexto, estabelecer prioridades com base nestas informações e planear em conformidade, implementar o plano, monitorizar e avaliar resultados e aprender com as consequências da monitorização e avaliação de forma a ajustar os planos. O ciclo faz uma nova iteração, aproximando gradualmente os resultados de consequências mais ambiciosas. A mesma abordagem também se aplica para definir os resultados para a programação de CMSC. Neste caso, a análise do contexto e da situação irá contribuir para identificar os principais catalisadores de um comportamento ou prática específico e a fase estratégica de estabelecimento de prioridades e planeamento irá ajudar a definir as principais intervenções a implementar. Os indicadores desenvolvidos em torno dos principais catalisadores serão monitorizados através de inquéritos de referência e subsequentes inquéritos regulares no decurso do programa e/ou da implementação. Este documento irá centrar-se especificamente na análise do contexto e da situação, no estabelecimento de prioridades e planeamento estratégicos, nas fases de monitorização e avaliação da GBR e nos principais caminhos para a definição, estabelecimento de prioridades e monitorização dos indicadores de CMSC. Figura 4: Ciclo da GBR 7 Para mais informações sobre a GBR da UNICEF, ver curso online https://agora.unicef.org/course/info.php?id=3169 8 Poderá encontrar mais informações sobre como conduzir uma análise de contexto e da situação em UNICEF MENARO (2018), Everybody wants to belong. Practical guide for social norms programming; UNICEF MENA (2018), Measuring social and behavioural drivers of child protection issues. Human-Centred Design formative research process https://www.hcd4health.org/process; e Implementation research in Health 3.1 Análise do contexto e da situação8 O objetivo da análise do contexto e da situação consiste em identificar os principais catalisadores e dimensões dos comportamentos individuais, bem como as barreiras relacionadas com as determinantes ambientais e sociais tanto em termos de oferta como de procura de serviços específicos. Esta fase deverá fornecer informações sobre os obstáculos e catalisadores relacionados com os comportamentos prioritários a promover, a análise das determinantes sociais e comportamentais, a procura de serviços relevantes e a conveniência e qualidade da oferta. De igual modo, a análise do contexto e da situação deverá fornecer factos sobre a gama de influenciadores- chave, plataformas de Comunicação para o Desenvolvimento existentes, modalidades de comunicação preferidas, ambiente de comunicação social existente e identificação de lacunas de investigação. A análise do contexto e da situação deve ser efetuada por meio de uma revisão da literatura e, se necessário, investigação formativa. Na medida em que nem sempre é exequível levar a cabo um estudo socioantropológico em grande escala devido à limitação de recursos e tempo, é importante confiar na investigação qualitativa disponível realizada pela UNICEF , outras organizações doadoras ou universidades. Se for necessário recolher dados qualitativos adicionais, é melhor fazê-lo num conjunto de áreas geográficas limitadas onde o programa terá probabilidades de ser iniciado. Estabelecimento de prioridades e planeamento estratégicos Implementação Análise do contexto e da situação Aprendizagem e ajustamento Monitorização da Avaliação e Relatórios
  • 18. Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 14 3.2 Análise causal Geralmente, a análise causal é realizada através do exercício da árvore do problema, que é um meio eficaz para identificar o caminho ideal para a mudança de comportamentos, especialmente quando um comportamento tem várias determinantes (Petit, V., BDM 2019). A elaboração de uma árvore do problema consiste num exercício participativo baseado numa declaração que indica o problema e depois pergunta “Porque está a acontecer?” . A primeira pergunta irá geralmente revelar um sintoma ou vários sintomas. A pergunta é efetuada várias vezes até que a causa originária do problema seja revelada. A causalidade permite-nos analisar e explorar quem é mais afetado por um problema, até que ponto o problema está generalizado e por que é que isso está a acontecer. Uma análise causal permite que diferentes vertentes de um problema sejam examinadas em profundidade. As causas não são lineares, mas constituem frequentemente uma interação complexa de várias vertentes que se reforçam mutuamente. As causas mais imediatas geralmente são mais fáceis de abordar, ao passo que as causas mais estruturais são mais difíceis e normalmente de mais longo prazo, mas tendem a fornecer soluções e resultados mais sustentáveis9 . Os resultados desta análise da situação participativa devem refletir-se na fase de estabelecimento de prioridades e planeamento estratégicos. Quando a análise é realizada no contexto de uma intervenção que envolve o circuito procura-serviço (saúde, educação, proteção social, etc.), os catalisadores e barreiras poderão ser classificados em cada um dos passos do Quadro da Jornada em Direção à Saúde e à Vacinação (consciencialização do conhecimento e crença, intenção, custo e efeito da preparação, ponto do serviço, experiência de cuidado e pós-cuidado) aos níveis individual, familiar, comunitário, do ambiente de comunicação social, da governação e dos sistemas. Este processo de classificação irá contribuir para identificar áreas de alta prioridade e lacunas de informação a colmatar através de investigação qualitativa e/ou quantitativa mais aprofundada a fim de garantir que os programas desenvolvam intervenções para superar estas barreiras e promover os comportamentos desejados. Uma técnica recomendada para realizar investigação qualitativa mais aprofundada é a investigação da Abordagem Centrada no Ser Humano, um processo estimulado pelo problema e iterativo que começa pela compreensão dos fatores humanos, do contexto do programa e dos desafios associados à aceitabilidade, adequação, capacidade de resposta e qualidade percecionada dos serviços; esta técnica exige trabalhar diretamente com as pessoas que utilizam o serviço ou fornecem a solução para desenvolver novas ideias viáveis e adequadas no respetivo contexto10 . Figura 5: Metodologia da árvore do problema (Workshop de GBR, ESARO, 2016) 9 Workshop de GBR, ESARO, 2016. 10 Mais informações disponíveis em https://www.hcd4health.org Declaração do problema Por isso isto acontece Por isso isto acontece Por isso isto acontece Por isso isto acontece Por isso isto acontece 1. Porque está a acontecer? 2. Porque está a acontecer? 3. Porque está a acontecer? 4. Porque está a acontecer? 5. Porque está a acontecer? Sintoma Sintoma Sintoma Sintoma Causa originária
  • 19. 15 3.3 Estabelecimento de prioridades11 Como nem todos os catalisadores ou privações podem ser abordados através de intervenções de CMSC por intermédio da UNICEF , existe uma necessidade de estabelecimento de prioridades. O estabelecimento de prioridades ajuda a UNICEF a centrar-se primária e diretamente em certos aspetos das questões da CMSC, nas barreiras e nos catalisadores e nas suas causas e repercussões. Clarifica aspetos considerados dentro do alcance e capacidade da CMSC influenciar, mas que estão além do seu enfoque, e aspetos fora do âmbito do programa da CMSC. Os itens que estão dentro do âmbito serão transformados em pressupostos durante o desenvolvimento da Teoria da Mudança (TdM), ao passo que os que estão fora do âmbito serão registados na categoria riscos. O processo de estabelecimento de prioridades deve ser baseado em provas, participativo e iterativo. O exercício de estabelecimento de prioridades pode ser efetuado após a fase de análise do problema a fim de estabelecer prioridades para as questões em que alguém pretende concentrar-se, mas também pode ser feito na fase de análise da solução para dar prioridade às soluções que alguém pretende implementar. Figura 6: Estabelecimento de prioridades das questões, adaptado do Workshop de GBR, ESARO, 2016 3.4 Definição dos resultados prioritários Os resultados prioritários serão definidos através da transformação da árvore do problema numa árvore da solução. Para produzir uma árvore da solução, a declaração do problema é transformada numa declaração positiva. Posteriormente, diferentes camadas de causas são também transformadas em declarações positivas. A transformação de declarações de causa em declarações positivas permite que seja dado o primeiro passo na formulação de consequências de curto, médio e longo prazo. Figura 7:Transformar uma árvore do problema numa árvore da solução (Workshop de GBR, ESARO, 2016) 11 Ver UNICEF (2017), Result-Based Management Handbook. Working together for children. Online, consultado em 15 de janeiro de 2020: https://www.pndajk.gov. pk/uploadfiles/downloads/RBM_Handbook_Working_Together_for_Children_July_2017.pdf ENFOQUE ENFOQUE ÂMBITO Em que aspetos/catalisadores do problema da MSC, suas causas e repercussões irá a MSC concentrar-se de forma direta e primária? Que aspetos/catalisadores estão além do enfoque e do âmbito do programa de MSC? Que aspetos/catalisadores são importantes e estão ao alcance e dentro da capacidade de influência do programa de MSC, mas além do enfoque do programa de MSC? Árvore do problema Árvore da solução/Cadeia da consequência Elevada prevalência da MGF/E entre crianças com menos de 15 anos Redução da elevada prevalência da MGF/E entre crianças com menos de 15 anos As famílias sujeitam as suas filhas à MGF/E Os praticantes de MGF/E são conhecidos e estão disponíveis na comunidade A Prática da MGF/E é passada de geração em geração A prática da MGF/E é interrompida Falta de aplicação de leis contra a MGF/E As leis contra a MGF/E são aplicadas A MGF/E é uma norma social A MGF/E já não é uma norma social Não há praticantes de MGF/E disponíveis na comunidade Os custos sociais e financeiros da MGF/E são baixos Os custos sociais e financeiros da MGF/E são altos Falta de consciencialização das repercussões da MGF/E na saúde e nos direitos humanos As famílias compreendem as repercussões da MGF/E na saúde e nos direitos humanos A comunidade valoriza a MGF/E e as ligações à aptidão para casar A comunidade rejeita a MGF/E e pune as famílias que realizam a MGF As famílias não sujeitam as suas filhas à MGF/E
  • 20. Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 16 Cada comportamento, fator e dimensão identificado durante a fase de estabelecimento de prioridades estratégicas deve traduzir-se em pelo menos um resultado: os Comportamentos a alcançar serão identificados como consequências; os Fatores constituirão as consequências intermédias; as Dimensões serão os efeitos diretos e as atividades da CMSC em cada nível do modelo socioecológico constituirão os contributos. Figura 8: Quadro lógico das intervenções da CMSC (adaptado de Petit,V., BDM 2019) De facto, uma cadeia de resultado da CMSC acrescenta um nível adicional em comparação com uma cadeia de resultado regular da UNICEF: as consequências intermédias. Figura 9: Comparação da hierarquia de resultados regulares e da CMSC IMPACTO IMPACTO CONSEQUÊNCIA CONSEQUÊNCIA EFEITO DIRETO EFEITO DIRETO INTERMÉDIO EFEITO DIRETO GBR regular: Hierarquia de resultados GBR da Comunicação para o Desenvolvimento/CMSC: Hierarquia de resultados • Mudanças de longo prazo nos direitos/ privação/desigualdades na situação das crianças e mulheres • Apropriação nacional • Mudanças de longo prazo nos direitos/privação/desigualdades na situação das crianças e mulheres • Apropriação nacional • Mudanças no comportamento ou desempenho dos indivíduos ou instituições visados, manifestando-se na cobertura e igualdade dos serviços/intervenções • A UNICEF contribui para estas mudanças • Mudanças no comportamento ou desempenho dos indivíduos ou instituições visados, manifestando-se na cobertura e igualdade dos serviços/intervenções • A UNICEF contribui para estas mudanças • Mudanças na capacidade das pessoas ou instituições, incluindo novos produtos, competências, capacidades e serviços • Atributos para os fundos do programa e gestão; por conseguinte, elevado grau de responsabilização • Mudanças nos catalisadores de nível 1 ou fatores comportamentais (fatores psicológicos, sociológicos e ambientais) impulsionam o comportamento, ou seja, mudanças em termos de criação de normas sociais solidárias, influência social, dinâmica da comunidade em geral, mas também atitudes dos participantes, interesse, autoeficácia e intenção • A UNICEF contribui para estas mudanças • Mudanças a nível dos catalisadores de nível 2 ou nas dimensões comportamentais, como, por exemplo, ao nível da comunidade, a melhoria do reconhecimento coletivo do problema, o sentido de apropriação do processo comunitário, a igualdade de participação nas deliberações, etc., bem como a mudança nas capacidades das pessoas ou instituições, incluindo novos produtos, competências, aptidões e serviços • Atributos para os fundos do programa e gestão; por conseguinte, elevado grau de responsabilização
  • 21. 17 Quadro 4: Exemplos do quadro lógico da CMSC para a mudança de comportamentos associada à utilização do serviço e para a adoção de uma prática caseira. Níveis do resultado Utilização de um serviço: Adoção de uma prática caseira: Consequência para a CMSC Até ao ano x, x% de mulheres grávidas vão pelo menos a 4 consultas de cuidados pré-natais. Até ao ano x, x% de mães de crianças com menos de 6 meses amamentam os seus bebés exclusivamente durante os primeiros 6 meses. Consequências intermédias para a CMSC Até ao ano x, x% das mulheres inquiridas em idade fértil declaram que não têm tempo nem recursos financeiros suficientes para ir a pelo menos 4 consultas de cuidados pré-natais durante a gravidez. Até ao ano x, x% das mulheres inquiridas em idade fértil declaram que o seu marido lhes presta apoio para terem acesso e deslocar-se a pelo menos 4 consultas de cuidados pré-natais. Até ao ano x, x% das mulheres inquiridas em idade fértil acreditam que estarão/estão aptas a amamentar os seus bebés exclusivamente durante os primeiros 6 meses. Até ao ano x, x% das mulheres inquiridas em idade fértil pensam que a sogra ou o marido esperam que amamentem exclusivamente durante os primeiros 6 meses. Efeito direito para a CMSC Até ao ano x, x% das mulheres inquiridas em idade fértil conhecem pelo menos x vantagens associadas à ida às 4 consultas de cuidados pré- natais. Até ao ano x, x% das mulheres inquiridas em idade fértil declaram que pensam que mais de metade das suas amigas vão a pelo menos 4 consultas de cuidados pré-natais. Até ao ano x, x% dos homens inquiridos em idade fértil sabem como apoiar a mulher na sua ida a pelo menos 4 consultas de cuidados pré-natais. Até ao ano x, x% das parteiras tradicionais declaram que incentivam as mães e os pais a ir a pelo menos 4 consultas de cuidados pré-natais. Até ao ano x, x% das mulheres inquiridas em idade fértil sabem que amamentar exclusivamente os bebés nos primeiros 6 meses de vida sem água não é prejudicial para os seus filhos. Até ao ano x, x% das mulheres em idade fértil sabem onde podem obter aconselhamento sobre amamentação. Até ao ano x, x% dos homens em idade fértil pensam que a mulher deve praticar amamentação exclusiva durante os primeiros 6 meses. Com o objetivo de melhorar a qualidade dos indicadores da CMSC, em 2018 o Gabinete Regional do Médio Oriente e do Norte de África (MENARO) da UNICEF desenvolveu ferramentas de monitorização que visam medir catalisadores sociais e comportamentais (fatores e dimensões) e ajudar os gabinetes nacionais a recolher dados sobre o impacto dos respetivos programas. O kit de ferramentas de monitorização compreende uma lista de indicadores relativos a um conjunto de catalisadores da mudança social e de comportamentos que abrange três tópicos; mutilação e excisão genital feminina, casamento de menores e métodos de disciplinar crianças. Também inclui inquéritos quantitativos genéricos e perguntas baseadas nos indicadores12 . Este pacote está atualmente a ser testado de forma cognitiva em nove países das regiões do Médio Oriente e Norte de África, da África Oriental e Austral e da África Oriental e Central. No presente documento, estes resultados e indicadores, que são obtidos maioritariamente ao nível micro (individual e comunitário), serão complementados com resultados e indicadores ao nível institucional/meso e político/macro. 12 Para mais informações e lista de indicadores, perguntas e inquéritos genéricos: ver UNICEF MENA, 2018, Measuring social and behavioural drivers of child protection issues.
  • 22. Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 18 3.5 Como formular resultados e indicadores para a CMSC Um resultado consiste numa mudança passível de ser descrita ou medida no estado desencadeada por uma relação de causa e efeito. Há duas formas de formular resultados13 : colocando o verbo ativo no início (exemplo: Permanência melhorada de voluntários jovens do género feminino e masculino para além da conclusão do ensino secundário) ou no meio (exemplo: Em 2022, mais raparigas e rapazes no País X concluem um ensino básico de qualidade e inclusivo com consequências de aprendizagem melhoradas). Os Indicadores constituem medidas utilizadas para monitorizar os progressos alcançados na obtenção dos resultados pretendidos ou na aplicação dos processos desejados. Um indicador é neutro, não faz julgamentos prévios nem define metas, pelo que é “vazio de dados” (Workshop de GBR, ESARO, 2016). 13 Workshop de GBR, ESARO, 2016 14 Workshop de GBR, ESARO, 2016 15 Workshop de GBR, ESARO, 2016 Exemplo de como formular resultados e indicadores (adaptado do Workshop de GBR, ESARO, 2016): • Declaração do resultado (ao nível da consequência intermédia): Até 2021, 80% dos inquiridos pensam que a MGF/E deveria ser descontinuada na sua comunidade • Indicador: % dos inquiridos que pensam que a MGF/E deveria ser descontinuada na sua comunidade • Base de referência: 50% • Meta Ano 1: 65% • Desempenho no final do Ano 1: 67% dos inquiridos Quadro 5: Princípios e critérios de qualidade para os resultados e o indicador Princípios para formular resultados14 Critérios de qualidade para os indicadores15 • Clareza relativa ao nível: Efeito direto, consequência intermédia, consequência ou impacto e responsabilidades. • Resultados SMARTER: eStratégico, Mensurável, Alinhado, Realista, Transformador, capacitantE, Relatável. • Cadeias de resultados coerentes: Aplica a lógica “se/ então”; caso contrário, faz a pergunta “e então” entre níveis. • Utiliza a linguagem da mudança: Coloca a ênfase no assunto da mudança. • Considera a equidade, os direitos humanos, o género, as determinantes e os riscos. • Relação clara com as questões identificadas na AnSit: Utiliza a linguagem da mudança, que coloca a ênfase no assunto da mudança. • Rácio entre indicador e resultado: O número de indicadores para cada resultado deve ser mantido num mínimo, de preferência um a quatro, dependendo do nível do resultado. • Nível do indicador: Os indicadores devem medir o resultado diretamente ou constituir uma medida aproximada óbvia. • Mensurabilidade dos indicadores: Os indicadores devem ser SMART – eStratégico, Mensurável, Alcançável, Relevante e limitado no Tempo – com uma unidade de medição clara e um efeito direto operacional. • Qualidade do indicador: O indicador deve dispor de bases de referência, metas e uma fonte de dados fiável.
  • 23. 19 Os indicadores propostos são formulados em termos de número (N.º) ou sob a forma de rácio (%). Quando formulado como um rácio, o numerador é o número de [definição do indicador] e o denominador consiste no número total de pessoas inquiridas. O rácio é calculado dividindo o numerador pelo denominador e multiplicando o resultado por 100. Quando necessário, os indicadores podem ser desagregados por idade, religião, região, etnia, género, quintil de riqueza, educação, etc. Por exemplo, no indicador “% de inquiridos que declaram que a mutilação genital feminina (MGF)/E não é dolorosa para as raparigas” , o numerador é o número de inquiridos que declararam que a MGF/E não era dolorosa para as raparigas e o denominador é o número total de pessoas inquiridas: 16 UNICEF (2019), Communication for Development Programme Guidance, Versão preliminar somente para feedback. x 100 [Numerador] número de inquiridos que declaram que a MGF/E não é dolorosa para as raparigas [Denominador] número total de pessoas inquiridas (inquiridos) 3.5.1 Resultados e indicadores ao nível do impacto A CMSC não tem resultados e indicadores ao nível do impacto por si só, na medida em que a CMSC contribui para o alcance de resultados setoriais. Por conseguinte, os indicadores ao nível do impacto relacionam-se com mudanças de longo prazo nos direitos/privações/desigualdades na situação de crianças e mulheres para as quais a CMSC contribui. Devem ser retirados do quadro de resultados da UNICEF e correspondem ao respetivo indicador setorial ao nível do impacto. A base de referência, a meta, a fonte dos dados e a frequência constituem exemplos de informações que já se encontram disponíveis ao nível do programa. Por exemplo, a redução da mortalidade materna constitui um resultado ao nível do impacto. 3.5.2 Resultados e indicadores da CMSC ao nível da consequência Os resultados e indicadores ao nível da consequência relacionam-se com mudanças no comportamento ou desempenho dos indivíduos ou instituições visados, manifestando-se na cobertura e igualdade dos serviços/intervenções. Relacionam-se com a adoção ou dissuasão de certas práticas realizadas por indivíduos, incluindo prestadores de serviços (na saúde, educação, proteção, etc.). Referem-se sobretudo à prevalência comportamental, pelo que são formulados com um verbo ativo que descreve uma ação concreta que um tipo específico de pessoa ou um grupo de pessoas pratica ou não pratica ou o que um inquirido comunica ter visto ou testemunhado alguém ou um grupo de pessoas a fazer. Possíveis resultados ao nível da consequência relacionados com a CMSC são os seguintes16 : • Procura acrescida dos serviços existentes • Adoção de práticas familiares e comunitárias fundamentais • Abandono de normas sociais e comportamentos prejudiciais e/ou a criação de positivos • Capacitação e envolvimento de grupos e comunidades marginalizados, incluindo adolescentes. Geralmente, os resultados da consequência e os indicadores serão formulados da seguinte forma: • Resultado ao nível da consequência: Até [data], n.º acrescido ou % de [população] adotaram/procuraram/[ação]/estão em [situação melhorada] - Indicador ao nível da consequência: % ou n.º de [população] praticaram [uma ação específica ou não]/estão [numa situação específica]. - Indicador ao nível da consequência: % ou n.º de [população] que comunicaram/ouviram/viram alguém/ um grupo de pessoas [a praticar uma ação específica/estão numa situação específica].
  • 24. 20 Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos ©UNICEF/UN030147/Rich 20
  • 25. 21 Com vista a formular melhores resultados e indicadores ao nível da consequência, é importante contar com uma lista predefinida de práticas ou comportamentos que o programa pretende promover (ou dissuadir), para cada uma das categorias de participantes no modelo socioecológico relevante com as consequências comportamentais, ou seja, aos níveis individual, interpessoal e comunitário. Um exemplo é a MGF/E. • Nível individual: - Resultado: Até 2021, a percentagem de raparigas entre os 0 e os 14 anos que sofreram alguma forma de MGF/E será reduzida em X%. - Indicador MICS PR 11: Percentagem de filhas dos 0 aos 14 anos que sofreram alguma forma de MGF/E, conforme comunicado por mães entre os 15 e os 49 anos17 . • Nível familiar: - Resultado: Até 2021, a percentagem de pais e mães que se envolvem ativamente contra a MGF/E irá aumentar x%. - Indicador: % dos inquiridos (mãe ou pai) que comunicam envolver-se ativamente contra a MGF/E no seio da sua família. • Nível comunitário: - Resultado: Até 2021, o número de comunidades em que os praticantes de circuncisão/excisão já não exercem esta profissão cresceu x. - Indicador: » % de comunidades em que os inquiridos comunicaram que pelo menos um praticante de circuncisão/excisão na sua comunidade não exerce esta profissão (e não foi substituído por outra pessoa); » % de comunidades em que os inquiridos comunicaram que conhecem pelo menos um caso em que os pais que tinham praticado MGF/E na filha foram denunciados à autoridade competente; » % de comunidades em que os inquiridos comunicaram que testemunharam pelo menos um líder que impediu uma cerimónia de MGF/E de se realizar na sua comunidade; » N.º de casos de MGF/E que foram denunciados à polícia. É possível encontrar alguns dados de indicadores ao nível da consequência relacionados com a CMSC em inquéritos nacionais como os Inquéritos aos Indicadores Múltiplos (MICS), os Inquéritos Demográficos e de Saúde (IDS), os Sistemas de Informação de Gestão da Educação (SIGE) ou estatísticas nacionais de diferentes setores. Geralmente, fornecem informações representativas ao nível nacional, com um certo grau de desagregação por género, idade ou localização geográfica. Os SIGE e outros sistemas de informação setorial fornecem dados anualmente, mas todos os dados de inquéritos aos agregados familiares dos MICS, IDS e outros fornecem dados de cinco em cinco anos (ou menos frequentemente). 3.5.3 Resultados e indicadores da CMSC ao nível da consequência intermédia Os resultados ao nível da consequência intermédia a alcançar são os seguintes: • % acrescida de pessoas com fatores psicológicos positivos em relação a práticas familiares e comunitárias fundamentais; • % acrescida de pessoas que apoiam ativamente os seus parentes ou amigos na implementação de práticas familiares e comunitárias fundamentais; • Comunidade crescentemente envolvida no diálogo, planeamento e ação; • Mudanças positivas nas normas sociais. 17 Indicadores e Definições do MICS 6 2019.
  • 26. Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 22 Os indicadores da CMSC ao nível da consequência intermédia (bem como os indicadores do efeito direto) são maioritariamente declarativos ou de autorrelato (utilizando verbos como pensar, comunicar, declarar) e relacionam-se com fatores identificados como cruciais durante a investigação formativa, além de confirmados como tais nos inquéritos quantitativos. Por conseguinte, para formular indicadores ao nível da consequência intermédia, é necessário consultar o fator relevante, a sua definição e adaptá-lo ao tópico específico. A escolha de fatores a medir e indicadores relacionados dependerá do resultado ao nível da consequência intermédia formulado na árvore do resultado. Geralmente, um indicador da CMSC ao nível da consequência intermédia será formulado da seguinte forma: • % ou n.º de [categoria do inquirido] que pensam/comunicam/declaram que [catalisadores de nível 1/declaração relacionada com fatores comportamentais]; • % ou n.º de [categoria do inquirido] que comunicaram/ouviram/viram alguém/um grupo de pessoas pensam/esperam que estes façam [aprovação ou recusa de/uma prática relacionada com catalisadores de nível 1/fatores comportamentais]. Relativamente à população/inquiridos, é também importante incluir não somente participantes primários, mas também participantes de nível comunitário e de prestação de serviços, especialmente se tiverem uma influência significativa no comportamento dos participantes primários. Por outras palavras, se as atitudes dos enfermeiros dissuadirem as mães de se deslocarem ao centro de saúde para receberem cuidados pré-natais ou se as atitudes dos professores em relação a disciplinar as crianças ou à higiene menstrual dissuadirem as crianças de frequentarem a escola, estes fatores têm de ser abordados. Mais uma vez, fatores cruciais serão identificados durante a análise do contexto e da situação e nas fases de estabelecimento de prioridades e de planeamento estratégicos, bem como através do inquérito de referência. Um exemplo é a MGF/E. • % de inquiridos que declaram que se sentem confiantes em como podem recusar que a filha seja alvo de MGF/E; • % de inquiridos que pensam que a MGF/E deveria ser descontinuada na sua comunidade; • % de inquiridos que declaram que a opinião de (membro de um grupo de referência) importa para decidir quanto à prática de MGF/E nas suas filhas/membros do género feminino das suas famílias; • % de inquiridos que conhecem algumas pessoas no seu grupo de referência ou comunidade que não praticaram MGF/E nas suas filhas/membros do género feminino das suas famílias. 3.5.4 Resultados e indicadores para a CMSC a nível do efeito direto Os indicadores para a CMSC a nível do efeito direto relacionam-se com mudanças nas dimensões comportamentais, como, por exemplo, ao nível da comunidade, a melhoria do reconhecimento coletivo do problema, o sentido de apropriação do processo comunitário, a igualdade de participação nas deliberações, etc., bem como a mudança nas capacidades das pessoas ou instituições, incluindo novos produtos, competências, aptidões e serviços. Os efeitos diretos devem-se em grande parte às ações da UNICEF e o organismo é responsabilizado pelas mesmas. Os indicadores da CMSC ao nível do efeito direto são maioritariamente declarativos ou de autorrelato (utilizando verbos como pensar, comunicar, declarar) e relacionam-se com as dimensões cruciais de cada fator conforme identificadas durante a investigação formativa. Por conseguinte, para formular indicadores da CMSC ao nível do efeito direto, é necessário consultar a dimensão relevante, a sua definição e adaptá-la à TdM específica. Os resultados ao nível do efeito direto são os seguintes: • Melhoria da informação, conhecimento e perceção para a mudança de comportamentos; • Melhoria da autoconfiança, motivação e competências para tomar decisões informadas e medidas adequadas; • Discurso positivo a nível familiar, comunitário e público e narrativa sobre as normas sociais; • Acréscimo da não aceitação social do estigma, discriminação, violência, abuso e desigualdade de género; • Acréscimo do apoio de pares e da comunidade à mudança social e de comportamentos; • Políticas, planos e serviços com uma capacidade de resposta cada vez maior à procura da comunidade;
  • 27. 23 • Capacidade governamental acrescida em termos de planeamento, orçamentação, monitorização e avaliação da Comunicação para o Desenvolvimento; • Capacitar e envolver os grupos e comunidades marginalizados, incluindo adolescentes; • Planos, políticas e regulamentações favoráveis implementados. Os indicadores ao nível do efeito direto podem ser formulados da seguinte forma: • % ou n.º de [população] que pensam/comunicam/declaram que [catalisadores de nível 2/declaração relacionada com a dimensão comportamental]; • % ou n.º de [população] que comunicaram/ouviram/viram alguém/um grupo de pessoas pensam/esperam que estes façam [aprovação ou recusa de/uma prática relacionada com catalisadores de nível 2/dimensões comportamentais]. Mais uma vez, é também importante incluir não somente participantes primários, mas também participantes de nível comunitário e de prestação de serviços, especialmente se tiverem uma influência significativa no comportamento dos participantes primários. Tomando a MGF como exemplo: • % de inquiridos que declaram que a MGF/E não é dolorosa para as raparigas; • % de inquiridos que declaram que pedem (a um membro de um grupo de referência) conselho no que respeita a praticar a MGF/E nas suas filhas/membros do género feminino das suas famílias; • % de inquiridos que declaram ter exposição a mensagens sobre o abandono da prática de MGF/E através de programas de televisão ou de rádio ou das redes sociais nos últimos xxx meses/semanas.
  • 28. Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 24 Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 24 ©UNICEF/UN0311779/Kokic
  • 29. 25 4 Como utilizar as listas de indicadores O Anexo 2 apresenta uma lista de indicadores relativos aos seguintes tópicos: • Abuso sexual; • Surto de doenças; • Registos de nascimento; • Abandono escolar; • Práticas de alimentação das mães, bebés e crianças pequenas; • VIH/SIDA; • Vacinação. Outras três listas de indicadores (métodos de disciplinar crianças, casamento de menores e MGF/excisão) já foram elaboradas e testadas18 . As listas do Anexo 2 foram elaboradas com base em estratégias e diretrizes de CMSC existentes. Alguns dos indicadores ao nível da consequência (a vermelho) referidos nestas listas foram medidos recorrendo a inquéritos nacionais como os MICS e os IDS. Outros (a negrito) já constituem parte das normas do programa (indicadores do Módulo de Avaliação de Resultados). Os restantes indicadores constituem propostas para orientar o desenvolvimento de cadeias de resultados que incluem resultados da CMSC em programas setoriais. Os indicadores foram analisados pela equipa de Comunicação para o Desenvolvimento e especialistas do setor do ESARO. Os indicadores estão agrupados de acordo com consequências comportamentais, fatores (determinantes comportamentais de Nível 1, consequências intermédias) e dimensões (determinantes comportamentais de Nível 2, indicadores do efeito direto). A lista de indicadores de vacinação é organizada de acordo com a Jornada em Direção à Saúde e Vacinação. Na medida em que estas listas de indicadores são dinâmicas, os indicadores propostos devem ser adaptados ao contexto nacional. Assim que os resultados tenham sido selecionados, há que selecionar indicadores, adaptá-los ao país e quantificá- los com base nos dados disponíveis ou num inquérito quantitativo conduzido na área do programa. A experiência da utilização destes indicadores, incluindo as perguntas elaboradas que pertencem a estes indicadores, bem como as mudanças propostas, devem ser partilhadas com o ESARO a fim de melhorar estas listas. Informações práticas sobre as listas de indicadores: Legenda • Indicadores a negrito: Indicadores da consequência ou do efeito direto do Módulo de Avaliação de Resultados. • Indicadores a vermelho: Indicadores existentes (MICS 2019, IDS, etc). • Na lista de verificação de indicadores de imunização: os fatores e as dimensões a vermelho são considerados catalisadores de alta prioridade. Documentos de referência/documentos utilizados: • Indicadores da consequência padrão (Módulo de Avaliação de Resultados) da UNICEF (lista Excel); • Indicadores do efeito direto padrão (Módulo de Avaliação de Resultados) da UNICEF (lista Excel); • Lista de indicadores MICS de 2019. Abuso sexual • UNICEF (2014), Protecting children from violence: A comprehensive evaluation of UNICEF’s strategies and programme performance. Relatório nacional da Tanzânia. • UNICEF (2015), Child Protection Resource Pack. How to Plan, Monitor and Evaluate Child Protection Programmes. 18 UNICEF MENA, 2018, Measuring social and behavioural drivers of child protection issues.
  • 30. Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 26 • UNICEF (2015), Ghana: VAC Evaluation. Estudo de caso do Gana. • UNICEF (2019), C4D programmes addressing violence against children. Orientação técnica. • UNICEF (2018), Preventing and Responding to Child Sexual Abuse and Exploitation. Análise de dados. • UNICEF (2018), INSPIRE Indicator Guidance and Results Framework. Ending violence against children: How to define and measure change. • Darkness to light (site), Os 5 Passos para Proteger as Crianças™ formam uma estrutura para prevenir o abuso sexual infantil. Vacinação • GAVI (2019), An Atlas of Vaccine Demand. A roadmap for GAVI, government, and CSOs to immunize the never-reached child. Versão preliminar. Setembro de 2019. • UNICEF (2018), Human Centred Approach for Health (https://www.hcd4health.org/). • Crocker, Buqueetal (2017), Immunization, urbanization and slums. A systematic review of factors and interventions. • Brewer et al. (2017), Increasing vaccination, putting psychological science into action. • JSI (2014), Drivers of routine immunization coverage improvement in Africa: Findings from district-level case studies. • OMS (2013), The Guide to Tailoring Immunization Programmes (TIP). Surto de doenças • República da Serra Leoa (2014), National Communication Strategy for Ebola Response in Sierra Leone. • Ministério da Saúde da Libéria (2015), National Knowledge, Attitudes and Practices (KAP) Study on Ebola Virus disease in Liberia, março de 2015. • OMS (2018), Risk communication and community engagement preparedness and readiness framework: Ebola response in the Democratic Republic of Congo in North Kivu. • OMS (2016), Medical Anthropology Study of the Ebola Virus Disease (EVD) Outbreak in Liberia/West Africa. Registos de nascimento • UNICEF (2013), A passport to protection. A guide to birth registration programming. Abandono escolar • UNICEF (2013), Global Initiative on Out-of-School Children. Relatório Regional da Região da África Oriental e Austral. • UNICEF (2019), Data Must Speak (DMS) Toolbox on Community Engagement Social Accountability (Versão preliminar). Alimentação das mães, bebés e crianças pequenas • UNICEF (2018), C4D/SBCC Framework for Improving Maternal, Infant and Young Child Feeding in Ethiopia. PCI Media. • UNICEF (2020), Improving Young Children’s Diets during the Complementary Feeding Period. Orientação de Programação da UNICEF . • UNICEF (2016), IYCF SBCC Strategy 2016-2020. Versão final. • USAID/IYCN (2010), Formative assessment of infant and young child feeding practices at the community level in Zambia. • Ministério da Saúde da Jordânia (2013), Jordan Guidelines for Management of Acute Malnutrition.
  • 31. 27 VIH • Fundo Global (2011), Kit de Ferramentas de Monitorização e Avaliação. Parte 2: VIH. • Shisana, O., Rehle, T., Simbayi L.C., Zuma, K., Jooste, S., Zungu N., Labadarios, D., Onoya, D. et al. (2014), South African National HIV Prevalence, Incidence and Behaviour Survey, 2012. • República da Namíbia (2009), HIV/AIDs in Namibia: Behavioral and Contextual Factors Driving the Epidemic. • Comissão Nacional para a SIDA do Malawi (2014), National HIV Prevention Strategy 2015-2020. • USAID (2011), The unpeeled mango. A Qualitative Assessment of Views and Preferences concerning Voluntary Medical Male Circumcision in Iringa Region, Tanzania. • PSI (2019), Breaking the cycle of transmission: increasing uptake of HIV testing, prevention and linkage to treatment among young men in South Africa. • FNUAP (2014), UNFPA Operational Guidance for Comprehensive Sexuality Education: A Focus on Human Rights and Gender. Caso tenha alguma dúvida sobre a utilização destas listas, queira enviá-las para Natalie Fol, Consultora de Comunicação para o Desenvolvimento, Gabinete Regional da UNICEF para a África Oriental e Austral – ESARO (nfol@unicef.org).
  • 32. Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 28 Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 28 ©UNICEF/UN0271249/Tremeau
  • 33. 29 5 Anexos 5.1 Anexo 1: Definições de determinantes comportamentais 5.1.1 Catalisadores psicológicos Nível de MSE Fatores e Dimensões19 Vieses cognitivos: os vieses cognitivos referem-se à utilização de modelos mentais para filtrar e interpretar informações, geralmente para dar sentido ao mundo que nos rodeia. A mente humana é preguiçosa e a cognição exige vários tipos de atalhos para dar sentido às coisas. Estes atalhos conduzem a erros: cometemos erros quando raciocinamos, avaliamos e recordamos; como resultado, as escolhas são quase sempre baseadas em informações imperfeitas. Os atalhos constituem parte do pensamento automático (por oposição ao pensamento deliberativo), que é quando alguém retira conclusões com base em informações limitadas. As pessoas geralmente consideram aquilo que vem automaticamente à mente para substituir informações em falta, associam a situação àquilo que já conhecem, formulam pressupostos, saltam para conclusões e eventualmente tomam decisões com base numa imagem enviesada de uma situação. Este processo mental é comum e exige menos esforço. Do ponto de vista social, estes modelos mentais estão associados a formas de pensar, frequentemente passadas de geração em geração, o que inclui estereótipos e ideologias. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Evitar informação: as pessoas podem evitar informação de forma ativa e/ou inconsciente caso esta informação ameace as suas crenças, as force a agir, as incomode ou simplesmente porque já estão sobrecarregadas de informação. As pessoas podem optar por não reconhecer e considerar determinados pormenores sobre um tema, mesmo que não haja qualquer custo associado à obtenção de tais pormenores e existam benefícios por fazê-lo. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Heurística da disponibilidade: temos tendência para sobrestimar a importância das informações que estão à nossa disposição. Como resultado, recorremos a exemplos imediatos que vêm à mente quando fazemos julgamentos, em lugar de reconhecer a necessidade de dispor de mais dados. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Ancoragem: tal implica uma dependência excessiva de uma caraterística de um assunto ou de uma informação quando se tomam decisões. A ancoragem recorre frequentemente à exposição inicial das pessoas a uma determinada informação (geralmente um número), que funciona como um ponto de referência que influencia os julgamentos e opiniões subsequentes. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Efeito do mensageiro: o valor que atribuímos a uma informação é largamente condicionado pela respetiva fonte. O nível de confiança, familiaridade e credibilidade de um canal de comunicação é um catalisador-chave da nossa recetividade. O julgamento de um tema por parte de uma pessoa pode ser influenciado pelo representante desse tema e não pelo tema em si. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Viés de confirmação e de crença: as pessoas ignoram ou criticam facilmente informações que contradizem os seus pressupostos e crenças existentes e filtram-nas de uma forma que sustenta os seus preconceitos e se adapta às suas crenças. Trata-se de um processo automático que utilizamos naturalmente para procurar a confirmação das nossas opiniões, o que pode levar-nos a dar importância a pormenores que são irrelevantes no cenário geral. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Viés de simplicidade: descartamos pormenores específicos a favor de formar generalidades, reduzimos eventos e listas aos seus elementos-chave e favorecemos opções aparentemente simples em lugar de outras complexas e ambíguas. Favorecemos os aspetos imediatos, fiáveis e tangíveis à nossa frente, simplificamos probabilidades e números para torná-los mais fáceis de compreender e pensamos que sabemos o que os outros estão a pensar, já que tudo isto tende a facilitar-nos a vida. Também simplificamos a nossa visão da vida ao projetar a nossa mentalidade e pressupostos atuais para o passado e o futuro. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Viés do mais recente: ao favorecer as informações mais recentes, tendemos a retirar conclusões incorretas devido a reforçarmos e sobrestimarmos a importância de eventos, experiências e observações recentes em relação aos que se situam no passado próximo ou distante. 19 UNICEF MENA, 2018, Measuring social and behavioural drivers of child protection issues.
  • 34. Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 30 Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Viés do otimismo: as pessoas tendem a sobrestimar a probabilidade de eventos positivos e subestimam a probabilidade de eventos negativos, incluindo os riscos que enfrentam em comparação com outras pessoas. De igual modo, apercebemo-nos de defeitos nos outros mais facilmente do que em nós próprios (também designado por viés de autoindulgência). Também imaginamos que as coisas e pessoas com que estamos familiarizados ou de que gostamos são melhores do que as coisas ou pessoas com que não estamos familiarizados. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Heurística da representatividade: preenchemos caraterísticas com base em estereótipos, generalidades e histórias anteriores. Como resultado, fazemos julgamentos sobre pessoas e eventos com base no grau mediante o qual se parecem com outros. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Dissonância cognitiva: as pessoas sofrem de tensão psicológica quando se apercebem de que se envolvem em comportamentos incoerentes com o tipo de pessoa que gostariam de ser. A reação natural consiste em reduzir esta tensão, quer através da mudança de atitudes e comportamentos ou da aceitação de uma autoimagem diferente (o que pode ser muito mais difícil). Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Viés de memória: o que e como alguém se lembra das coisas nunca é objetivo. Editamos e reforçamos algumas memórias depois dos eventos, armazenamos memórias de modo diferente com base na forma como foram experimentadas (por exemplo, lembramo-nos melhor das informações se tivermos sido nós próprios a produzi-las), estamos mais inclinados a considerar memórias associadas a eventos significativos ou emoções como sendo exatas e reparamos em coisas que já memorizámos ou repetimos com frequência. Em resumo, os vieses cognitivos afetam os conteúdos e/ou a recordação de uma memória tanto de forma negativa como positiva. Interesse: o interesse carateriza a medida pela qual as pessoas estão sensíveis a uma prática alternativa, até que ponto querem conhecê-la, envolverem-se em atividades relativas à mesma ou experimentá-la. Tal inclui algumas considerações de custo/benefício, bem como uma dimensão de apelo a um nível mais emocional. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Atenção: podemos ou não aperceber-nos do que é colocado à nossa frente. Frequentemente assumimos erradamente que as pessoas estão devidamente informadas acerca das opções existentes porque estas opções lhes foram comunicadas. No entanto, assegurar que as pessoas estão informadas e a prestar atenção ao que é sugerido, ou que os promotores de comportamentos consigam captar a atenção do seu público, são medidas fundamentais para considerar um novo comportamento. Esta tarefa é dificultada ainda mais pelo facto de as pessoas tenderem a ouvir apenas as informações que confirmam as suas ideias preconcebidas (viés de confirmação). Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Viabilidade: refere-se à medida pela qual a adoção de um novo comportamento é percecionada como viável ou não por uma pessoa na sua situação corrente (trata-se de uma autoavaliação individual e que é não-objetiva). Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Fruição: refere-se à medida pela qual alguém gosta ou pode gostar de fazer algo e é um estado cognitivo e afetivo que se segue a uma atividade em que foi experimentada uma sensação de prazer. O termo inclui o divertimento básico, bem como outras formas de gratificação e de emoção, como a sensação de poder. Sentir paixão por algo é um poderoso catalisador da ação. Em economia, a satisfação e a felicidade são por vezes referidas como “utilidade”. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Ganhos potenciais/perdas evitadas: referem-se aos benefícios que uma pessoa pensa que pode ganhar com a mudança, especialmente no curto prazo (os ganhos rápidos tendem a ser mais importantes na tomada de decisões). Estes ganhos não são somente materiais, já que podem apresentar-se sob a forma de relações, imagem, etc. Os ganhos devem também ser entendidos como “perdas evitadas” , já que uma determinada perda é frequentemente encarada como sendo bastante pior do que é, ao passo que um ganho equivalente é percecionado de forma menos positiva (“aversão ao risco” humana). Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Riscos percecionados: refere-se à possibilidade de que algo de mau possa ocorrer como resultado da mudança, em termos de segurança, por exemplo, entre outros aspetos. As pessoas desejam a certeza, mesmo quando esta é contraproducente. A aversão ao risco excessiva é um viés humano natural. Nível de MSE Fatores e Dimensões19
  • 35. 31 Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Esforços necessários: refere-se à medida pela qual é prático e fácil adotar um novo comportamento. A dificuldade percecionada não é proporcional à probabilidade de adoção, já que inconveniências menores (também conhecidas como “fatores de complicação”) podem impedir-nos de agir em conformidade com as nossas intenções. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Acessibilidade económica: é a medida pela qual uma pessoa considera que a mudança de prática está ao seu alcance a nível financeiro e inclui custos e possíveis incentivos monetários. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Apelo: tal indica em que medida algo é atrativo a um nível mais emocional. Como se entende na psicologia, o apelo é um estímulo, que pode ser visual ou auditivo, que influencia as atitudes dos seus alvos relativamente a um sujeito. Muitos tipos de apelo psicológico foram explorados pelos setores da publicidade e do marketing, como o apelo do medo, o apelo sexual, a falácia genética ou a culpa por associação. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Desejo: tal refere-se a um intenso sentimento ou ânsia por algo ou ao desejo de que algo aconteça. Este sentimento de ansiedade está associado a uma gama de impulsos humanos, como a necessidade de criar laços, de possuir o que não temos, de amar e reproduzir-se, de dominar, etc. O desejo pode ser consciente ou inconsciente. Atitude: a atitude é o que alguém pensa ou sente sobre algo. Na medida em que combina elementos cognitivos e emocionais, a atitude define as predisposições das pessoas para responderem de forma positiva ou negativa a uma ideia, uma situação ou uma mudança sugerida. Constitui um dos principais catalisadores da escolha de uma ação por parte de uma pessoa e é provavelmente o fator mais importante para moldar a mudança de comportamentos. O contexto socioeconómico, a religião e outras caraterísticas individuais constituem catalisadores importantes da atitude; quando os medimos, as perguntas demográficas nos inquéritos irão ajudar a efetuar referências cruzadas com as caraterísticas dos inquiridos e a compreender melhor a sua influência. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Consciencialização e conhecimento: estes conceitos são interdependentes, mas não permutáveis. A consciencialização reside em ter consciência de um facto (por exemplo, estar consciente de que a disciplina violenta tem repercussões negativas e saber que existem alternativas à mesma), ao passo que o conhecimento está associado a uma compreensão mais profunda desta informação (como uma apreciação dos motivos pelos quais a disciplina violenta é prejudicial e estar apto a debater alternativas à mesma). É importante ter em mente que as pessoas tendem a ignorar informações “negativas” relacionadas com as suas ações e podem por vezes favorecer as “provas” prévias que reafirmam as suas ações. A perceção é altamente seletiva. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Crenças: existem vários tipos de crenças que influenciam as atitudes, sendo as principais as seguintes: » Crenças de efeito: considerar que uma cadeia de causalidade é verdadeira (X conduz a Y); por exemplo, disciplinar uma criança fisicamente irá torná-la num bom adulto. » Ter convicções pessoais sobre o que “necessita” de ser feito numa dada situação; por exemplo, se uma mulher é vista a andar com outro homem, deve ser punida. » Crenças normativas pessoais: crenças sobre o que deveria ser, o que deveria acontecer; por exemplo, os homens devem ser os principais responsáveis pela honra da família, as mulheres devem denunciar a violência às mãos do seu parceiro íntimo à polícia e por aí adiante. As crenças são pessoais, mas altamente influenciadas por outras pessoas. A probabilidade de uma pessoa adotar uma crença aumenta em função do número de pessoas que já tem essa crença. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Aspirações: trata-se de objetivos e sonhos pessoais, a visão do “eu” futuro e a esperança e ambição de alcançar feitos, como aspirar a ser o melhor pai/mãe possível, ser uma mulher independente, ser um estudante bem-sucedido, etc. Reflete o verdadeiro desejo de alguém na vida. Nível de MSE Fatores e Dimensões19
  • 36. Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 32 Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 32 ©UNICEF/UNI171211/Ose
  • 37. 33 Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Valores: os valores são aquilo que percecionamos como sendo bom, certo ou aceitável e envolvem convicções pessoais de certo e errado e do que exige uma boa consciência. Estes princípios constituem fortes catalisadores de comportamentos padrão. Os valores individuais são diretamente influenciados pelas normas morais. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Intuições: as intuições são sentimentos instintivos relativos a uma situação ou uma ideia e são frequentemente formados como resultado de experiências passadas. As intuições envolvem processos com carga emocional, rápidos e inconscientes que contribuem para atitudes ou decisões imediatas que não decorrem do raciocínio. Por outras palavras, o nosso cérebro pode já ter decidido o que fazer numa situação antes de analisar as opções. As intuições constituem um dos elementos do pensamento automático. As leis e regras influenciam o nosso cérebro racional, ao passo que muitas decisões são tomadas de forma intuitiva. Os palpites influenciam muitos dos nossos atos e frequentemente confiamos mais nas nossas suspeitas do que em factos. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Experiência passada: os estudos demonstram que a experiência passada contribui para formar decisões complexas. As memórias de experiências, como fracassos e frustrações do passado com um comportamento ou experiências negativas como um mau tratamento por parte de um prestador de serviços, irão moldar as nossas atitudes relativamente a experimentar novas coisas. A um nível mais profundo, as experiências da infância também influenciam o comportamento enquanto adulto, incluindo comportamentos negativos, violentos ou abusivos. Este conceito de réplica é fundamental na maioria das escolas do pensamento psicológico. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Normas morais: trata-se de princípios de moralidade que se espera que as pessoas sigam. A sua aprendizagem é efetuada socialmente. Por exemplo, os direitos humanos, enquanto doutrina global, representam as normas morais que a ONU está a tentar aplicar universalmente. A questão importante nesta área é o que as pessoas percecionam como direitos das mulheres e das crianças, já que este aspeto irá condicionar a classificação de certas práticas como sendo inerentemente imorais ou não (por exemplo, bater numa mulher). Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Emoções: as emoções são geradas subconscientemente e são concebidas para avaliar e resumir uma experiência e informar a tomada de medidas. As emoções envolvem um processo de sentimento em que as reações cognitivas, fisiológicas e comportamentais se combinam para responder a um estímulo. Várias decisões são informadas pelas nossas respostas emocionais, que podem constituir uma barreira ao pensamento racional. Por exemplo, as fobias e as aversões são mecanismos importantes no quotidiano. Outro exemplo do poder das emoções é que informações idênticas desencadeiam diferentes atitudes se forem apresentadas de forma positiva ou negativa. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Mentalidade: refere-se à forma de pensar de uma pessoa e é uma atitude padrão para abordar várias situações que criam uma predisposição para adotar ou rejeitar certos comportamentos, como ter uma mentalidade inovadora, uma mentalidade conservadora, uma mentalidade de aprendizagem e crescimento, etc. Autoeficácia: a autoeficácia alia a capacidade objetiva de uma pessoa realizar a mudança proposta e a sua própria crença sobre esta capacidade. A autoeficácia positiva constitui uma condição prévia necessária para dar passos em direção a novas práticas. Tal como acontece com a atitude, os fatores demográficos constituem geralmente um catalisador-chave para a autoeficácia de alguém. Por exemplo, a pobreza impõe uma carga cognitiva significativa que dificulta às pessoas mais pobres pensarem de forma deliberada, encararem-se como capazes, terem fé na possibilidade de mudar e tirarem proveito das oportunidades. As intervenções relacionadas com a perceção que uma pessoa tem de si própria podem ser poderosas fontes de mudança. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Agência: refere-se ao sentimento de controlo que uma pessoa sente relativamente a uma ação e respetivas repercussões. Se a intenção de realizar uma ação parece preceder, orientar e causar a ação exclusivamente, uma pessoa terá um sentimento de agência sobre aquilo que acabou de fazer. Caso contrário, a dissonância resultante irá impedir que a pessoa tenha um sentimento de controlo sobre o que acabou de acontecer. Um sentimento de agência constitui um sentimento de controlo geral sem qualquer pensamento explícito sobre uma ação específica. O julgamento de agência refere-se ao nível de controlo conceptual, quando uma pessoa pensa explicitamente em iniciar uma ação. Nível de MSE Fatores e Dimensões19
  • 38. Medir Resultados na Programação da Comunicação sobre a Mudança Social e de Comportamentos 34 Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Bem-estar emocional: refere-se à qualidade emocional da experiência quotidiana de uma pessoa ou à frequência e intensidade de sentimentos positivos e negativos que tornam a vida de uma pessoa agradável ou desagradável. Elevados níveis de stress podem prejudicar a nossa capacidade de fazer escolhas e de termos uma perceção positiva e capaz de nós próprios e podem paralisar a mudança e a adoção de práticas positivas; em alguns casos, podem resultar na adoção de mecanismos de defesa negativos. A ansiedade e a angústia mental são particularmente comuns em contextos de emergência. O trauma é um obstáculo de peso à ação. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Capacidade física: refere-se à força e capacidade de desempenhar ações físicas essenciais. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Fadiga: estar cansado (e com fome) esgota os recursos cognitivos e afeta significativamente a nossa tomada de decisões. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Competências: as competências referem-se a determinadas aptidões e capacidades de realizar algo. A maioria das competências é adquirida através da experiência e/ou da aprendizagem deliberada. Alguns exemplos de competências são técnicas parentais e disciplina positiva ou competências de vida como o pensamento crítico ou a cidadania ativa. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Autonomia de decisão: refere-se à capacidade de uma pessoa tomar as suas próprias decisões. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Confiança: refere-se à crença de uma pessoa de que consegue ter sucesso na criação da mudança ou de que tem confiança nas suas aptidões próprias. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Autoimagem: muitas das nossas escolhas estão sujeitas ao impacto da perceção que temos de nós e do nosso papel na família, na comunidade e na sociedade. Esta identidade percecionada frequentemente faz com que nos comportemos de acordo com estereótipos comuns associados à nossa identidade dominante. Este aspeto pode impedir que as pessoas façam coisas que são totalmente capazes de fazer porque subestimam as suas aptidões em conformidade com o estereótipo do seu grupo. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Nível de stress geral: elevados níveis de stress prejudicam a nossa capacidade de fazer escolhas, de termos uma perceção positiva e capaz de nós próprios, podem paralisar a mudança e a adoção de práticas positivas e, em alguns casos, resultam na adoção de mecanismos de defesa negativos. A ansiedade e a angústia mental são particularmente frequentes em contextos de emergência. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Apoio: refere-se à disponibilidade de parentes ou amigos de confiança que encorajam, ajudam e protegem alguém quando necessário. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Mobilidade social: refere-se a um processo socioeconómico em que uma pessoa, família ou grupo se movimenta para uma nova posição no âmbito de uma hierarquia social, de emprego para emprego ou de um nível ou classe social para outro. A mobilidade social é também entendida como o movimento de determinadas categorias de pessoas de local para local. Em muitas sociedades, a mobilidade é um problema para as mulheres em ambos os sentidos do termo: estão impedidas de ascender a posições de poder, mas podem também não ter a liberdade ou a capacidade de abandonar a família, interagir com determinadas pessoas ou aceder a certos bens e serviços por motivos culturais ou de segurança. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Inteligência emocional: a capacidade de reconhecer e processar as suas próprias emoções e de utilizá-las para ajudar no pensamento. Nível de MSE Fatores e Dimensões19
  • 39. 35 Nível de MSE Fatores e Dimensões19 Racionalidade limitada: as pessoas nem sempre tomam as decisões que melhor servem os seus interesses. Trata-se de casos em que realmente não sabemos por que fazemos ou não fazemos as coisas. Um motivo que o explica pode ser porque sempre foi feito da mesma forma, mesmo que pareça irracional. Várias caraterísticas psicológicas (como sentir-se mais confortável numa rotina estabelecida, considerar a inação o caminho mais fácil, sentir-se excessivamente positivo quanto a uma escolha feita previamente e sentimentos semelhantes) constituem parte da “natureza humana” e podem ser utilizadas para explicar por que motivo as pessoas não se comportam da forma que poderíamos prever do ponto de vista racional. A racionalidade limitada ou condicionada refere-se a esta caraterística da cognição humana, que é restringida em termos de recursos (capacidade de pensar, informação a contribuir disponível e quantidade de tempo atribuída). Como resultado, as pessoas têm a tendência para encontrar formas mais simples e mais fáceis de tomar decisões e de agir, independentemente da inteligência. O conceito de racionalidade condicionada é muito semelhante ao de avarento cognitivo. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Autocontrolo/Força de vontade: tentações e impulsos afetam as nossas decisões e ações, incluindo as que são contrárias ao caminho que tínhamos decidido seguir e às metas que definimos. Todos experimentamos estas lutas, mas nem sempre temos capacidade igual no que respeita a restringir ou regular estes ímpetos. Quando os nossos recursos mentais estão esgotados (devido ao stress ou à fadiga, por exemplo), a nossa força de vontade diminui. Determinados comportamentos são mais aditivos do que outros. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Viés do presente: as pessoas geralmente favorecem um pequeno ganho no curto prazo em relação a um ganho maior no futuro, por vezes até conscientemente quando medem os prós e os contras. Sobrevalorizamos as recompensas imediatas, o que prejudica a nossa capacidade de tomar decisões a favor de interesses a mais longo prazo que nos beneficiariam mais. Este aspeto tem várias repercussões, incluindo a necessidade de criar ganhos pequenos e rápidos para as pessoas no processo de obter um ganho maior no comportamento com recompensas maiores, o que serve para trazer aspetos do benefício futuro para mais perto do presente. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Procrastinação: podemos ser tão bons a adiar ações positivas como o somos quando nos deixamos levar por impulsos negativos súbitos (“hoje não é um bom dia, ainda há tempo”). Adiar decisões pode ser explicado pelo desejo de utilizar o presente para ações mais satisfatórias ou pela complexidade de realizar uma mudança. Em ambos os casos, as nossas emoções comandam e esquecemo-nos do plano a mais longo prazo, apesar do custo da ação adiada. Ampliar as repercussões da ação ou da inação no que respeita ao que nos irá acontecer no futuro é uma resposta programática clássica a este problema. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Fatores de complicação: esta expressão refere-se a inconveniências menores que impedem as pessoas de agir. Uma tarefa pode exigir algum tempo, o preenchimento de papelada ou um pequeno investimento; estas são percecionadas como complicações de peso que podem impedir-nos desproporcionadamente de agir. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Hábitos e statu quo: a opção padrão para os seres humanos geralmente é o statu quo. Normalmente, sentimo-nos mais confortáveis numa rotina definida, consideramos a inação mais fácil, sentimo-nos excessivamente positivos quanto a uma escolha feita anteriormente e somos avessos à mudança porque pode ser arriscada. Muitos destes sentimentos conduzem- nos à inércia mesmo que tal não sirva os nossos melhores interesses. Além disso, uma parte significativa das nossas vidas é habitual e as ações relacionadas são frequentemente automáticas e impulsionadas por partes específicas do cérebro, estão associadas a um contexto ou a um momento ou seguem um ritual e a finalidade específica destas ações perde importância. A introdução de novidade nestes padrões mentais não acontece sem fricção e disrupção. Individual + interpessoal + prestador de serviços individual Heurística: a heurística consiste em atalhos cognitivos ou regras práticas que simplificam as decisões. Geralmente, fundamentam-se em vieses cognitivos semelhantes aos que os nossos cérebros usam para filtrar informações (ver vieses cognitivos) e tornar as perguntas mais fáceis de responder. Na medida em que fazer uma escolha pode ser difícil e exige esforço, recorremos à nossa intuição, tentamos adivinhar, estereotipar ou usar aquilo que descrevemos como “senso comum” para evitar a fadiga das decisões.