SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 4
Descargar para leer sin conexión
Como se faz uma Recensão Crítica 
José Carlos Vilhena Mesquita 
Designa-se como recensão crítica o texto que emite juízos críticos de apreciação, de valorização ou de rejeição, sobre uma determinada obra escrita, quer seja livro ou ensaio. O autor da recensão é, em suma, um crítico especializado que estabelece uma apreciação criteriosa e com profundo rigor científico. Da sua análise deve resultar uma avaliação global do texto em apreço. Portanto, uma recensão é uma avaliação, e o seu autor é um crítico, especializado, experimentado e idóneo. 
Vejamos agora, e em síntese, os diversos passos que devem conduzir até ao produto final, isto é, à recensão em si. 
O Crítico, que passamos a designar por recensor, passo o neologismo, deve ser, tanto quanto possível, um perito na matéria em apreço ou, pelo menos, um estudioso dos assuntos em discussão. 
O recensor só pode pronunciar-se ou emitir juízos críticos depois de ler atentamente a obra, dissecando o seu conteúdo nas partes mais relevantes. Nesse aspecto torna-se fundamental incluir no início da recensão um breve resumo da obra. 
Todavia, uma recensão não é propriamente um resumo dos conteúdos da obra, pois que o seu objectivo principal perspectiva-se na apreciação da mesma, por forma a distinguir o seu valor científico e a motivar o interesse do leitor a quem a mesma possa vir a ser útil. 
Uma recensão é um texto síntese, pelo que não deve ser longo nas suas apreciações sob pena de se tornar enfadonho e maçador. Caso contrário corre o risco de se transformar num ensaio e não numa recensão crítica. O tamanho aconselhável será de três a quatro páginas, impressas de um só lado, em Times New Roman 12 e num entrelinhado a espaço e meio. Recomenda-se que não exceda as 3500 palavras ou os 25000 caracteres, tudo dependendo do espaço público a que se destinam. 
Deve notar-se que uma recensão não é um texto científico, mas deve ser rigoroso, objectivo e conciso. Não raras vezes uma recensão crítica, quando
Como se faz uma Recensão Crítica 
2 
[Ano] 
elaborada por um especialista, pode ajudar ao avanço da ciência, pois que dela se podem extrair correcções e, sobretudo, novas ideias ou sugestões para o progresso do conhecimento científico. 
Resumidamente, uma recensão crítica deve abrir com um parágrafo descritivo da obra em análise, enunciando o nome do autor, o título do livro, o local da edição, a editora, o ano de edição e o número de páginas. Não esquecer de indicar o nome do tradutor quando a obra pertença a autor estrangeiro. 
Seguidamente a recensão deve obedecer aos seguintes pontos e conter as indicações que passamos a enunciar: 
1.º O recensor deve ler atentamente a obra em análise, do princípio ao fim, se possível sem interrupção. 
Em seguida deve reiniciar a leitura da obra, um ou dois dias depois da primeira leitura, de forma pausada, ao mesmo tempo que procede à anotação das ideias basilares da mesma, assim como das afirmações que lhe pareçam geniais ou fundamentais para o alicerçamento teórico do texto em análise. Serão essas frases e citações objecto de transcrição para a relevância crítica do texto analítico da recensão. 
Deve apontar as impressões críticas que lhe forem ocorrendo ao longo da leitura. No final da leitura deve apagar ou corrigir as notas que lhe pareçam confusas ou menos claras, assim como os juízos críticos que estiverem repetidos. Evitar o discurso redondo, isto é, o raciocínio que não progride de forma rectilínea e na construção objectiva do texto crítico. 
2.º O recensor (depois do parágrafo descritivo do livro em análise) deve elaborar um breve resumo da obra para que o leitor da sua recensão crítica se aperceba do seu conteúdo geral. Só depois é que deve passar à análise crítica. 
3.º O recensor deve definir claramente qual é o assunto fundamental da obra, subdividindo a sua análise pelos diversos conteúdos em que a mesma se decompõe. Não importa falar de todos os assuntos ou capítulos da obra (isso está contido no resumo inicial), mas apenas dos mais relevantes, isto é, daqueles que se distinguem pela sua qualidade, rigor e aprofundamento científico.
Como se faz uma Recensão Crítica 
3 
[Ano] 
4.º O recensor deve salientar, com rigor e imparcialidade, a forma como a obra está estruturada, definindo os critérios desse ordenamento. Deve apontar as vantagens ou desvantagens de que se reveste para o leitor a formulação sequencial dos capítulos, nomeadamente se existe ou não uma perspectiva evolutiva do conhecimento científico. 
5.º O recensor deve criticar a orientação ideológica do autor da obra, quando esta influencie a objectividade da mesma e prejudique a isenção ou clarividência da sua exposição teórica. Sempre que possível deve também comparar a obra com outras já anteriormente editadas no âmbito da mesma especialidade, de forma a avaliar as diferenças e os progressos evidenciados. 
6.º O recensor deve salientar qual o público-alvo a atingir com a obra em análise, isto é, a quem poderá ser necessária, indispensável ou apenas útil, a sua leitura. Mas também pode apontar a que tipo de público pode a mesma vir a ser prejudicial. 
Em suma, o recensor para garantir a objectividade da sua recensão terá que interrogar a obra em apreço, formulando, por exemplo as seguintes questões: Qual foi a intenção do autor ao escrever esta obra? Logrou alcançá-la? Tem qualidade científica para ser referenciada numa bibliografia da sua especialidade? Qual o seu significado, importância, carácter ou possibilidade de permanência no seio da bibliografia de recomendação pública ou universitária? 
Não obstante tudo quanto ficou dito, e que consideramos imprescindível para a elaboração duma recensão crítica (tanto para a obra científica como, com as devidas alterações, para a obra literária) importa ter em linha de conta mais alguns aspectos que consideramos importantes. 
a) Exactidão, Rigor e Objectividade. Isto é, a recensão deve ser exacta na forma como expõe as ideias contidas na obra. Deve ser rigorosa nos juízos críticos que tece acerca da obra em análise – o que implica da parte do recensor um forte domínio das matérias contidas nessa obra ou nesse ensaio. Quem não possuir conhecimentos básicos de Sociologia, de História, de Filosofia ou de Psicologia, dificilmente conseguirá escrever um texto expositivo com recurso a juízos críticos que assegurem a objectividade das suas afirmações, dos seus valores e das suas apreciações.
Como se faz uma Recensão Crítica 
4 
[Ano] 
b) Imparcialidade. A crítica para ser justa tem de obedecer a esta característica, pois o crítico não pode atender nem só às virtudes, nem só aos defeitos: deve-se ter em atenção todo o conjunto da obra. Obviamente o recensor deve abster-se de todo o tipo de preconceitos, favoráveis ou desfavoráveis, em relação à temática da obra e ao autor. 
c) Elegância, escrúpulos e delicadeza. São atributos do recensor educado e bem intencionado. Embora a recensão deva, na sua objectividade e isenção crítica, apontar as fragilidades, inexactidões e incongruências da obra em análise, aconselha-se a que não o faça de forma agressiva, arrogante e depreciativa. O recensor deve ser acima de tudo uma pessoa educada, elegante na escrita, escrupulosa na crítica, mas acima de tudo delicada e polida na forma como enuncia as suas discordâncias. Deve ser prudente para não atacar de forma ríspida e delegante a obra, e muito menos o autor, ainda que para isso tenha irrefutáveis fundamentos. É preferível ser-se indulgente do que demasiadamente severo. Por isso a recensão dever ser objectiva e rigorosa, alheia a quaisquer paixões ideológicas ou políticas, procedendo sempre que possível a comparações com outras obras da mesma área científica ou da mesma temática. 
d) Clareza, evidência e perspicácia. O recensor deve impregnar a sua recensão de uma absoluta clareza, de forma a dar ao seu leitor uma nítida perspectiva do valor e importância da obra em análise. A falta de perspicácia e de clarividência das suas afirmações pode tornar a recensão num texto inútil. Por vezes os pruridos de elegância e delicadeza podem deixar dúvidas ao leitor e criar confusões desnecessárias. 
Acima de tudo o recensor é um ser Crítico que deve pugnar pelo progresso da ciência ou da literatura, através do seu distanciamento da obra e do autor, fazendo da isenção e da objectividade a sua bandeira e o seu lema de trabalho. Basta estes dois atributos para que a sua recensão possa ser credível e respeitada. 
Em suma, uma recensão crítica é uma avaliação e como tal deve ser operada com rigor e isenção, unicamente por especialistas na matéria cuja apreciação deve ser chancelada por uma instituição científica, para que a mesma possa ter credibilidade e ser objecto de referência.

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Como fazer um resumo (passo a passo)
Como fazer um resumo (passo a passo)Como fazer um resumo (passo a passo)
Como fazer um resumo (passo a passo)Jazon Pereira
 
Elaboração de trabalhos acadêmicos: APA 6ª edição (2013) - VERSÃO DESATUALIZA...
Elaboração de trabalhos acadêmicos: APA 6ª edição (2013) - VERSÃO DESATUALIZA...Elaboração de trabalhos acadêmicos: APA 6ª edição (2013) - VERSÃO DESATUALIZA...
Elaboração de trabalhos acadêmicos: APA 6ª edição (2013) - VERSÃO DESATUALIZA...Biblioteca FEAUSP
 
Defesa da tese de doutorado
Defesa da tese de doutoradoDefesa da tese de doutorado
Defesa da tese de doutoradoCarlos d'Andréa
 
Apresentação metodologia do trabalho científico
Apresentação metodologia do trabalho científicoApresentação metodologia do trabalho científico
Apresentação metodologia do trabalho científicoLarissa Almada
 
Como fazer uma boa introdução de tcc
Como fazer uma boa introdução de tccComo fazer uma boa introdução de tcc
Como fazer uma boa introdução de tccAlan
 
Guião para elaboração de projetos de investigação
Guião para elaboração de projetos de investigaçãoGuião para elaboração de projetos de investigação
Guião para elaboração de projetos de investigaçãoESTeSC
 

La actualidad más candente (20)

Como fazer um resumo (passo a passo)
Como fazer um resumo (passo a passo)Como fazer um resumo (passo a passo)
Como fazer um resumo (passo a passo)
 
Como elaborar uma resenha
Como elaborar uma resenhaComo elaborar uma resenha
Como elaborar uma resenha
 
Elaboração de trabalhos acadêmicos: APA 6ª edição (2013) - VERSÃO DESATUALIZA...
Elaboração de trabalhos acadêmicos: APA 6ª edição (2013) - VERSÃO DESATUALIZA...Elaboração de trabalhos acadêmicos: APA 6ª edição (2013) - VERSÃO DESATUALIZA...
Elaboração de trabalhos acadêmicos: APA 6ª edição (2013) - VERSÃO DESATUALIZA...
 
Cap. 3 Entrevistas individuais e grupais de George Gaskell
Cap. 3 Entrevistas individuais e grupais de George GaskellCap. 3 Entrevistas individuais e grupais de George Gaskell
Cap. 3 Entrevistas individuais e grupais de George Gaskell
 
Modelo de fichamento
Modelo de fichamentoModelo de fichamento
Modelo de fichamento
 
Redação Científica
Redação CientíficaRedação Científica
Redação Científica
 
Defesa da tese de doutorado
Defesa da tese de doutoradoDefesa da tese de doutorado
Defesa da tese de doutorado
 
Redação científica
Redação científicaRedação científica
Redação científica
 
Noções básicas para apresentação de seminário
Noções básicas para apresentação de seminárioNoções básicas para apresentação de seminário
Noções básicas para apresentação de seminário
 
Fichamento
FichamentoFichamento
Fichamento
 
Tipos de trabalhos acadêmicos
Tipos de trabalhos acadêmicosTipos de trabalhos acadêmicos
Tipos de trabalhos acadêmicos
 
Ficha de leitura
Ficha de leituraFicha de leitura
Ficha de leitura
 
Normas da abnt
Normas da abntNormas da abnt
Normas da abnt
 
Apresentação metodologia do trabalho científico
Apresentação metodologia do trabalho científicoApresentação metodologia do trabalho científico
Apresentação metodologia do trabalho científico
 
Introdução a pesquisa bibliográfica
Introdução a pesquisa bibliográficaIntrodução a pesquisa bibliográfica
Introdução a pesquisa bibliográfica
 
Como fazer uma boa introdução de tcc
Como fazer uma boa introdução de tccComo fazer uma boa introdução de tcc
Como fazer uma boa introdução de tcc
 
Pesquisa Documental
Pesquisa DocumentalPesquisa Documental
Pesquisa Documental
 
Revisão bibliográfica
Revisão bibliográficaRevisão bibliográfica
Revisão bibliográfica
 
Guião para elaboração de projetos de investigação
Guião para elaboração de projetos de investigaçãoGuião para elaboração de projetos de investigação
Guião para elaboração de projetos de investigação
 
Metodologia do trabalho cientifico
Metodologia do trabalho cientifico  Metodologia do trabalho cientifico
Metodologia do trabalho cientifico
 

Similar a Como fazer uma resenha crítica

Similar a Como fazer uma resenha crítica (20)

Normas resenha esma
Normas resenha esmaNormas resenha esma
Normas resenha esma
 
Como fazer uma resenha
Como fazer uma resenhaComo fazer uma resenha
Como fazer uma resenha
 
como fazer resenha.pdf
como fazer resenha.pdfcomo fazer resenha.pdf
como fazer resenha.pdf
 
Normas para a elaboração de uma resenha
Normas para a elaboração de uma resenhaNormas para a elaboração de uma resenha
Normas para a elaboração de uma resenha
 
Como se faz uma resenha 2012 slides
Como se faz uma resenha 2012   slidesComo se faz uma resenha 2012   slides
Como se faz uma resenha 2012 slides
 
Como Fazer Uma Resenha
Como Fazer Uma ResenhaComo Fazer Uma Resenha
Como Fazer Uma Resenha
 
A RESENHA e valores especificos e alguns tipos.ppt
A RESENHA e valores especificos e alguns tipos.pptA RESENHA e valores especificos e alguns tipos.ppt
A RESENHA e valores especificos e alguns tipos.ppt
 
A RESENHA.ppt
A RESENHA.pptA RESENHA.ppt
A RESENHA.ppt
 
Resenha resumo1
Resenha resumo1Resenha resumo1
Resenha resumo1
 
Como fazer resenha
Como fazer  resenhaComo fazer  resenha
Como fazer resenha
 
Aula resumo e resenha carla
Aula resumo e resenha carlaAula resumo e resenha carla
Aula resumo e resenha carla
 
Resenha Crítica
Resenha CríticaResenha Crítica
Resenha Crítica
 
Resenha.
Resenha.Resenha.
Resenha.
 
Metodo 03 resenha
Metodo 03 resenhaMetodo 03 resenha
Metodo 03 resenha
 
Apresentação (1).pptx
Apresentação (1).pptxApresentação (1).pptx
Apresentação (1).pptx
 
Resumo e resenha agnes
Resumo e resenha agnesResumo e resenha agnes
Resumo e resenha agnes
 
Resenha
ResenhaResenha
Resenha
 
Resenha como fazer
Resenha como fazerResenha como fazer
Resenha como fazer
 
Resumo e Resenha
Resumo e Resenha Resumo e Resenha
Resumo e Resenha
 
Estrutura+do+ensaio
Estrutura+do+ensaioEstrutura+do+ensaio
Estrutura+do+ensaio
 

Más de José Mesquita

O ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdf
O ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdfO ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdf
O ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdfJosé Mesquita
 
As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...
As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...
As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...José Mesquita
 
O Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassa
O Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassaO Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassa
O Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassaJosé Mesquita
 
O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828
O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828
O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828José Mesquita
 
José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...
José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...
José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...José Mesquita
 
Loulé no contexto político e socioeconómico das Lutas Liberais
Loulé no contexto político e socioeconómico das Lutas LiberaisLoulé no contexto político e socioeconómico das Lutas Liberais
Loulé no contexto político e socioeconómico das Lutas LiberaisJosé Mesquita
 
Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...
Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...
Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...José Mesquita
 
A Banha da Cobra - uma patranha com história
A Banha da Cobra - uma patranha com históriaA Banha da Cobra - uma patranha com história
A Banha da Cobra - uma patranha com históriaJosé Mesquita
 
Para a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIX
Para a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIXPara a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIX
Para a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIXJosé Mesquita
 
Cenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de Faro
Cenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de FaroCenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de Faro
Cenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de FaroJosé Mesquita
 
Sagres um lugar na história e no património universal
Sagres um lugar na história e no património universalSagres um lugar na história e no património universal
Sagres um lugar na história e no património universalJosé Mesquita
 
Encanamento da barra de Tavira
Encanamento da barra de TaviraEncanamento da barra de Tavira
Encanamento da barra de TaviraJosé Mesquita
 
Breve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIX
Breve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIXBreve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIX
Breve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIXJosé Mesquita
 
Salazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma música
Salazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma músicaSalazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma música
Salazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma músicaJosé Mesquita
 
História das Pescas em Tavira
História das Pescas em TaviraHistória das Pescas em Tavira
História das Pescas em TaviraJosé Mesquita
 
O Remexido e a resistência miguelista no Algarve
O Remexido e a resistência miguelista no AlgarveO Remexido e a resistência miguelista no Algarve
O Remexido e a resistência miguelista no AlgarveJosé Mesquita
 
Da extinção à restauração do concelho de Aljezur
Da extinção à restauração do concelho de AljezurDa extinção à restauração do concelho de Aljezur
Da extinção à restauração do concelho de AljezurJosé Mesquita
 
Quem foi Silvio Pellico
Quem foi Silvio PellicoQuem foi Silvio Pellico
Quem foi Silvio PellicoJosé Mesquita
 
O órgão da sé de faro
O órgão da sé de faroO órgão da sé de faro
O órgão da sé de faroJosé Mesquita
 
Tradições do Natal Português
Tradições do Natal PortuguêsTradições do Natal Português
Tradições do Natal PortuguêsJosé Mesquita
 

Más de José Mesquita (20)

O ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdf
O ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdfO ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdf
O ódio nacionalista ao rei D. Pedro IV.pdf
 
As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...
As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...
As instituições reguladoras da Fazenda Pública no Algarve nos primórdios do l...
 
O Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassa
O Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassaO Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassa
O Terror Miguelista no Algarve - perseguição e devassa
 
O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828
O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828
O primeiro relógio público de Lagoa, adquirido em 1828
 
José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...
José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...
José Carlos Vilhena Mesquita, As minhas memórias académicas e cívicas com o P...
 
Loulé no contexto político e socioeconómico das Lutas Liberais
Loulé no contexto político e socioeconómico das Lutas LiberaisLoulé no contexto político e socioeconómico das Lutas Liberais
Loulé no contexto político e socioeconómico das Lutas Liberais
 
Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...
Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...
Felipa de Sousa, algarvia condenada na Inquisição pelo "pecado nefando da sod...
 
A Banha da Cobra - uma patranha com história
A Banha da Cobra - uma patranha com históriaA Banha da Cobra - uma patranha com história
A Banha da Cobra - uma patranha com história
 
Para a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIX
Para a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIXPara a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIX
Para a História da Saúde no Algarve. As epidemias do cólera-mórbus no século XIX
 
Cenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de Faro
Cenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de FaroCenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de Faro
Cenótáfio do bispo D. António Pereira da Silva na Sé de Faro
 
Sagres um lugar na história e no património universal
Sagres um lugar na história e no património universalSagres um lugar na história e no património universal
Sagres um lugar na história e no património universal
 
Encanamento da barra de Tavira
Encanamento da barra de TaviraEncanamento da barra de Tavira
Encanamento da barra de Tavira
 
Breve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIX
Breve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIXBreve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIX
Breve ensaio geo-económico sobre o Algarve na primeira metade do séc. XIX
 
Salazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma música
Salazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma músicaSalazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma música
Salazar e Duarte Pacheco não ouviam a mesma música
 
História das Pescas em Tavira
História das Pescas em TaviraHistória das Pescas em Tavira
História das Pescas em Tavira
 
O Remexido e a resistência miguelista no Algarve
O Remexido e a resistência miguelista no AlgarveO Remexido e a resistência miguelista no Algarve
O Remexido e a resistência miguelista no Algarve
 
Da extinção à restauração do concelho de Aljezur
Da extinção à restauração do concelho de AljezurDa extinção à restauração do concelho de Aljezur
Da extinção à restauração do concelho de Aljezur
 
Quem foi Silvio Pellico
Quem foi Silvio PellicoQuem foi Silvio Pellico
Quem foi Silvio Pellico
 
O órgão da sé de faro
O órgão da sé de faroO órgão da sé de faro
O órgão da sé de faro
 
Tradições do Natal Português
Tradições do Natal PortuguêsTradições do Natal Português
Tradições do Natal Português
 

Último

PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕESPRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕESpatriciasofiacunha18
 
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfBRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfHenrique Pontes
 
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosBingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosAntnyoAllysson
 
Aula 1, 2 Bacterias Características e Morfologia.pptx
Aula 1, 2  Bacterias Características e Morfologia.pptxAula 1, 2  Bacterias Características e Morfologia.pptx
Aula 1, 2 Bacterias Características e Morfologia.pptxpamelacastro71
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfaulasgege
 
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISPrática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISVitor Vieira Vasconcelos
 
Educação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPEducação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPanandatss1
 
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024Sandra Pratas
 
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdf
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdfSlides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdf
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdfpaulafernandes540558
 
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 anoAdelmaTorres2
 
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptxAula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptxBiancaNogueira42
 
Geometria 5to Educacion Primaria EDU Ccesa007.pdf
Geometria  5to Educacion Primaria EDU  Ccesa007.pdfGeometria  5to Educacion Primaria EDU  Ccesa007.pdf
Geometria 5to Educacion Primaria EDU Ccesa007.pdfDemetrio Ccesa Rayme
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxIsabellaGomes58
 
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecasMesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecasRicardo Diniz campos
 
Mapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdf
Mapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdfMapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdf
Mapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdfangelicass1
 
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024Sandra Pratas
 
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basicoPRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basicoSilvaDias3
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveaulasgege
 

Último (20)

PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕESPRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES
PRÉ-MODERNISMO - GUERRA DE CANUDOS E OS SERTÕES
 
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfBRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
 
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosBingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
 
Aula 1, 2 Bacterias Características e Morfologia.pptx
Aula 1, 2  Bacterias Características e Morfologia.pptxAula 1, 2  Bacterias Características e Morfologia.pptx
Aula 1, 2 Bacterias Características e Morfologia.pptx
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
 
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISPrática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
 
Educação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPEducação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SP
 
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
 
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
 
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdf
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdfSlides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdf
Slides criatividade 01042024 finalpdf Portugues.pdf
 
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
 
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptxAula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
 
Geometria 5to Educacion Primaria EDU Ccesa007.pdf
Geometria  5to Educacion Primaria EDU  Ccesa007.pdfGeometria  5to Educacion Primaria EDU  Ccesa007.pdf
Geometria 5to Educacion Primaria EDU Ccesa007.pdf
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
 
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecasMesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
 
Mapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdf
Mapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdfMapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdf
Mapas Mentais - Português - Principais Tópicos.pdf
 
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
 
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basicoPRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
PRIMEIRO---RCP - DEA - BLS estudos - basico
 
treinamento brigada incendio 2024 no.ppt
treinamento brigada incendio 2024 no.ppttreinamento brigada incendio 2024 no.ppt
treinamento brigada incendio 2024 no.ppt
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
 

Como fazer uma resenha crítica

  • 1. Como se faz uma Recensão Crítica José Carlos Vilhena Mesquita Designa-se como recensão crítica o texto que emite juízos críticos de apreciação, de valorização ou de rejeição, sobre uma determinada obra escrita, quer seja livro ou ensaio. O autor da recensão é, em suma, um crítico especializado que estabelece uma apreciação criteriosa e com profundo rigor científico. Da sua análise deve resultar uma avaliação global do texto em apreço. Portanto, uma recensão é uma avaliação, e o seu autor é um crítico, especializado, experimentado e idóneo. Vejamos agora, e em síntese, os diversos passos que devem conduzir até ao produto final, isto é, à recensão em si. O Crítico, que passamos a designar por recensor, passo o neologismo, deve ser, tanto quanto possível, um perito na matéria em apreço ou, pelo menos, um estudioso dos assuntos em discussão. O recensor só pode pronunciar-se ou emitir juízos críticos depois de ler atentamente a obra, dissecando o seu conteúdo nas partes mais relevantes. Nesse aspecto torna-se fundamental incluir no início da recensão um breve resumo da obra. Todavia, uma recensão não é propriamente um resumo dos conteúdos da obra, pois que o seu objectivo principal perspectiva-se na apreciação da mesma, por forma a distinguir o seu valor científico e a motivar o interesse do leitor a quem a mesma possa vir a ser útil. Uma recensão é um texto síntese, pelo que não deve ser longo nas suas apreciações sob pena de se tornar enfadonho e maçador. Caso contrário corre o risco de se transformar num ensaio e não numa recensão crítica. O tamanho aconselhável será de três a quatro páginas, impressas de um só lado, em Times New Roman 12 e num entrelinhado a espaço e meio. Recomenda-se que não exceda as 3500 palavras ou os 25000 caracteres, tudo dependendo do espaço público a que se destinam. Deve notar-se que uma recensão não é um texto científico, mas deve ser rigoroso, objectivo e conciso. Não raras vezes uma recensão crítica, quando
  • 2. Como se faz uma Recensão Crítica 2 [Ano] elaborada por um especialista, pode ajudar ao avanço da ciência, pois que dela se podem extrair correcções e, sobretudo, novas ideias ou sugestões para o progresso do conhecimento científico. Resumidamente, uma recensão crítica deve abrir com um parágrafo descritivo da obra em análise, enunciando o nome do autor, o título do livro, o local da edição, a editora, o ano de edição e o número de páginas. Não esquecer de indicar o nome do tradutor quando a obra pertença a autor estrangeiro. Seguidamente a recensão deve obedecer aos seguintes pontos e conter as indicações que passamos a enunciar: 1.º O recensor deve ler atentamente a obra em análise, do princípio ao fim, se possível sem interrupção. Em seguida deve reiniciar a leitura da obra, um ou dois dias depois da primeira leitura, de forma pausada, ao mesmo tempo que procede à anotação das ideias basilares da mesma, assim como das afirmações que lhe pareçam geniais ou fundamentais para o alicerçamento teórico do texto em análise. Serão essas frases e citações objecto de transcrição para a relevância crítica do texto analítico da recensão. Deve apontar as impressões críticas que lhe forem ocorrendo ao longo da leitura. No final da leitura deve apagar ou corrigir as notas que lhe pareçam confusas ou menos claras, assim como os juízos críticos que estiverem repetidos. Evitar o discurso redondo, isto é, o raciocínio que não progride de forma rectilínea e na construção objectiva do texto crítico. 2.º O recensor (depois do parágrafo descritivo do livro em análise) deve elaborar um breve resumo da obra para que o leitor da sua recensão crítica se aperceba do seu conteúdo geral. Só depois é que deve passar à análise crítica. 3.º O recensor deve definir claramente qual é o assunto fundamental da obra, subdividindo a sua análise pelos diversos conteúdos em que a mesma se decompõe. Não importa falar de todos os assuntos ou capítulos da obra (isso está contido no resumo inicial), mas apenas dos mais relevantes, isto é, daqueles que se distinguem pela sua qualidade, rigor e aprofundamento científico.
  • 3. Como se faz uma Recensão Crítica 3 [Ano] 4.º O recensor deve salientar, com rigor e imparcialidade, a forma como a obra está estruturada, definindo os critérios desse ordenamento. Deve apontar as vantagens ou desvantagens de que se reveste para o leitor a formulação sequencial dos capítulos, nomeadamente se existe ou não uma perspectiva evolutiva do conhecimento científico. 5.º O recensor deve criticar a orientação ideológica do autor da obra, quando esta influencie a objectividade da mesma e prejudique a isenção ou clarividência da sua exposição teórica. Sempre que possível deve também comparar a obra com outras já anteriormente editadas no âmbito da mesma especialidade, de forma a avaliar as diferenças e os progressos evidenciados. 6.º O recensor deve salientar qual o público-alvo a atingir com a obra em análise, isto é, a quem poderá ser necessária, indispensável ou apenas útil, a sua leitura. Mas também pode apontar a que tipo de público pode a mesma vir a ser prejudicial. Em suma, o recensor para garantir a objectividade da sua recensão terá que interrogar a obra em apreço, formulando, por exemplo as seguintes questões: Qual foi a intenção do autor ao escrever esta obra? Logrou alcançá-la? Tem qualidade científica para ser referenciada numa bibliografia da sua especialidade? Qual o seu significado, importância, carácter ou possibilidade de permanência no seio da bibliografia de recomendação pública ou universitária? Não obstante tudo quanto ficou dito, e que consideramos imprescindível para a elaboração duma recensão crítica (tanto para a obra científica como, com as devidas alterações, para a obra literária) importa ter em linha de conta mais alguns aspectos que consideramos importantes. a) Exactidão, Rigor e Objectividade. Isto é, a recensão deve ser exacta na forma como expõe as ideias contidas na obra. Deve ser rigorosa nos juízos críticos que tece acerca da obra em análise – o que implica da parte do recensor um forte domínio das matérias contidas nessa obra ou nesse ensaio. Quem não possuir conhecimentos básicos de Sociologia, de História, de Filosofia ou de Psicologia, dificilmente conseguirá escrever um texto expositivo com recurso a juízos críticos que assegurem a objectividade das suas afirmações, dos seus valores e das suas apreciações.
  • 4. Como se faz uma Recensão Crítica 4 [Ano] b) Imparcialidade. A crítica para ser justa tem de obedecer a esta característica, pois o crítico não pode atender nem só às virtudes, nem só aos defeitos: deve-se ter em atenção todo o conjunto da obra. Obviamente o recensor deve abster-se de todo o tipo de preconceitos, favoráveis ou desfavoráveis, em relação à temática da obra e ao autor. c) Elegância, escrúpulos e delicadeza. São atributos do recensor educado e bem intencionado. Embora a recensão deva, na sua objectividade e isenção crítica, apontar as fragilidades, inexactidões e incongruências da obra em análise, aconselha-se a que não o faça de forma agressiva, arrogante e depreciativa. O recensor deve ser acima de tudo uma pessoa educada, elegante na escrita, escrupulosa na crítica, mas acima de tudo delicada e polida na forma como enuncia as suas discordâncias. Deve ser prudente para não atacar de forma ríspida e delegante a obra, e muito menos o autor, ainda que para isso tenha irrefutáveis fundamentos. É preferível ser-se indulgente do que demasiadamente severo. Por isso a recensão dever ser objectiva e rigorosa, alheia a quaisquer paixões ideológicas ou políticas, procedendo sempre que possível a comparações com outras obras da mesma área científica ou da mesma temática. d) Clareza, evidência e perspicácia. O recensor deve impregnar a sua recensão de uma absoluta clareza, de forma a dar ao seu leitor uma nítida perspectiva do valor e importância da obra em análise. A falta de perspicácia e de clarividência das suas afirmações pode tornar a recensão num texto inútil. Por vezes os pruridos de elegância e delicadeza podem deixar dúvidas ao leitor e criar confusões desnecessárias. Acima de tudo o recensor é um ser Crítico que deve pugnar pelo progresso da ciência ou da literatura, através do seu distanciamento da obra e do autor, fazendo da isenção e da objectividade a sua bandeira e o seu lema de trabalho. Basta estes dois atributos para que a sua recensão possa ser credível e respeitada. Em suma, uma recensão crítica é uma avaliação e como tal deve ser operada com rigor e isenção, unicamente por especialistas na matéria cuja apreciação deve ser chancelada por uma instituição científica, para que a mesma possa ter credibilidade e ser objecto de referência.