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O meu gato sabiá
de Constantino Mendes Alves
o meu gato sabiá
sabe pensar muito bem,
tem aqueles olhos espertos,
de quem sabe mais
do que o que diz.
dorme tanto o sabiá,
como se o mundo
fosse seu conhecido
e não fosse preciso ir
a qualquer lado,
saber
como é que ele é.
por vezes caminha no telhado,
esgueira-se por frestas,
cai pela chaminé,
mas cai sempre em pé.
há quem diga que
tem dignidade,
por ser gato como é,
não renuncia
a uma boa refeição,
mas rejeita
a mais modesta ração.
pequenas coisas o divertem
“- safadas, sempre em movimento!”
só para quando são apanhadas
“- que boa ginástica este divertimento!”
tem a mania dos esconderijos
esconde-se e resconde-se
qualquer sítio não lhe serve
quanto mais esquisito o sítio for
mais peripécias pode ter.
parece que carrega um segredo
de um lado para o outro em silêncio
às vezes penso, este gato é extragalático!
Sabiá adora estar à janela
Só, a observar
A ver quem lá está
A ver quem se vá.
Olha por olhar
à janela a admirar:
“como o mundo roda a
rodar!”
ao sol,
depois de longas horas,
espreguiça-se como um ginasta.
Nunca vi tamanho preguiçoso,
com tanta
pompa de atleta.
a noite para ele é simples,
uma boa conhecida,
acende aqueles grandes olhos
como a lua acendida.
gato que é gato
não chora não ri
mas lá dentro, na alma
há um sentimento:
“hei! Eu sinto-te aqui!”
não faz grandes amigos,
mas as pessoas
adoram-no,
por ele ser gato como é,
vago, às vezes distante
sendo só,
até faz companhia.
ser gato deve ser muito fácil,
miar, comer, fazer rom-rom
mas eu adoro o sabiá
não me lambuza como um cão,
mas ele cai-me no colo
como quem dá
um chi-coração.
FIM
Imagens da internet
Texto e composição – Constantino Mendes Alves
constalves19@gmail.com 2017
(agradeço feedbeck, dê a sua opinião)
Esta edição não tem intuitos comerciais.

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  • 5. há quem diga que tem dignidade, por ser gato como é, não renuncia a uma boa refeição, mas rejeita a mais modesta ração.
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