A Associação dos Cafeicultores do Brasil denuncia que a Organização Internacional do Café (OIC) divulgou dados incorretos sobre a produção mundial de café para 2019, manipulando as estatísticas para manter os preços baixos e prejudicar produtores. Segundo dados do governo brasileiro, a produção do país será 9,74 milhões de sacas menor do que a estimada pela OIC. A carta pede que o governo brasileiro exija a correção dos dados divulgados pela OIC.
Laércio Favarin Tendências e avanços da pesquisa na nutrição do cafeeiro
Denúncia sobre manipulação de dados da produção mundial de café pela OIC
1. Associação dos Cafeicultores do
Brasil
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Guapé, 6 de Novembro de 2019.
Aos
Sra. Tereza Cristina Correa da Costa Dias
Ministra da Agricultura Pecuária e Abastecimento.
Sr. Marcos Montes Cordeiro
Secretário Executivo do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento.
Ref.: Denuncia sobre manipulação de dados pela OIC – Organização Internacional do Café.
Prezados Ministra Tereza Cristina e Secretário Executivo Marcos Montes,
Nós da Associação dos Cafeicultores do Brasil vimos respeitosamente nos dirigir a V.Sas. afim de
denunciar que a Organização Internacional do Café-OIC divulgou no seu relatório de Outubro de
2019 informações de dados errôneos e manipulados sobre a produção mundial de café para a
safra de 2019.
Infelizmente esta organização não respeita os dados oficiais do Governo Brasileiro, manipulando
assim os verdadeiros dados e este erro colabora para que os preços de café permaneçam
aviltados, levando a miséria e pobreza a 25 milhões de famílias de cafeicultores no mundo.
Abaixo reproduzimos traduzido parte do documento “Coffee Market Report October 2019” em
anexo e publicado no sitio da OIC , http://www.ico.org/documents/cy2019-20/cmr-1019-e.pdf
“Produção global de café diminuirá em 2019/20
A produção mundial de café no ano cafeeiro de 2019/20 é projetada 0,9% menor, para 167,4
milhões de sacas, com declínio de 2,7% na produção de arábica para 95,68 milhões de sacas,
enquanto a produção de Robusta deverá aumentar em 1,5% para 71,72 milhões de sacas. A
produção da América do Sul deverá cair 3,2%, para 78,08 milhões sacos, devido em grande parte
ao declínio na produção de arábica do Brasil em seu off-year do ciclo bienal das culturas. Prevê-
se que a produção da Ásia e Oceania cresça 1,9%, para 49,58 milhões de sacas, devido em grande
parte a recuperação da produção da Indonésia, enquanto o Vietnã deve permanecer estável.
América Central e México poderia ver um aumento de 0,9% para 21,54 milhões de sacas,
enquanto a produção da África é estimada em um declínio de 0,6% a 18,2 milhões de sacas. É
provável que o crescimento do consumo mundial de café diminua em 2019/20, em linha com
crescimento mais lento esperado para a economia global, e a demanda deverá aumentar em 1,5%
para 167,9 milhões de sacas. ”
2. Associação dos Cafeicultores do
Brasil
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Nota-se que a OIC informou que a produção a produção da América do Sul deverá cair apenas
3,2%, para 78,08 milhões sacos, devido em grande parte ao declínio na produção de arábica do
Brasil em seu off-year do ciclo bienal das culturas.
No mesmo relatório na página 7 foi apresentado uma Tabela 3 denominada Balanço mundial de
oferta / demanda que reproduzimos abaixo:
Os principais países produtores de café que compõe a América do Sul são Brasil, Colômbia, Peru,
Equador, Venezuela e Bolívia, então a somatória de produção da América do Sul de 2019 foi
estimado em 78,08 milhões de sacas, quando no ano anterior foi 80,69 milhões de sacas.
Porém nos anos de 2015 até 2018 a própria OIC publica nas suas estáticas em anexo que as
produções destes países foram:
fonte : http://www.ico.org/prices/po-production.pdf
3. Associação dos Cafeicultores do
Brasil
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Observem que já em anos anteriores a OIC não respeita os dados oficiais do Brasil, porém o mais
grave ocorre agora, vamos explicar.
As safras dos outros países da América do Sul mantem uma certa constância de produção, não
há o efeito de bienalidade expressiva em suas produções cafeeiras, então podemos estimar que
para o ano de 2019 as produções destes países serão próximas a dos anos anteriores, a média
dos 4 anos anteriores foi de 19,35 milhões de sacas conforme abaixo.
América do Sul excluindo Brasil, em mil sacas
ano 2015 2016 2017 2018 Média
Bolívia 84 78 84 83 82,25
Colômbia 14.009 14.634 13.824 13.858 14.081,25
Equador 644 645 624 601 628,50
Peru 3.304 4.223 4.279 4.181 3.996,75
Venezuela 500 525 572 525 530,50
Outros 31 30 30 30 30,25
Subtotal 18.572 20.135 19.413 19.278 19.349,50
Desta forma, partindo de uma estimativa de 19,35 milhões de sacas no ano de 2019 e
considerando que a OIC divulgou uma safra para a América do Sul em 78,07 milhões de sacas,
consequentemente a produção do Brasil para 2019 foi estimada em 58,73 milhões de sacas.
Porém a CONAB divulgou em setembro de 2019 o ACOMPANHAMENTO DA SAFRA BRASILEIRA
DE CAFÉ, V.5 - SAFRA 2019 - N.3 - Terceiro levantamento | SETEMBRO 2019, em anexo, no qual
indicou a produção brasileira em 48,99 milhões de sacas, copiado abaixo.
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Brasil
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Desta forma, é enorme a diferença de estimativa de produção publicada pela OIC para a América
do Sul, pois a diferença correta é menos 9,74 milhões de sacas produzidas em 2019.
Inclusive no que tange a produção de cafés arábicos, a CONAB indica uma produção do Brasil em
2019 em referência a safra de 2018 de menos 13,01 milhões de sacas , pois em 2018 a produção
foi estimada em 47,48 milhões de sacas em 2019 de apenas 34,46 milhões de sacas.
A OIC aponta uma diminuição de produção de cafés Arábicos de apenas 2,65 milhões de sacas,
sendo em 2018 um total de 98,33 milhões e em 2019 de 95,68 milhões de sacas, quando a
diminuição apenas no Brasil foi de 13,01 milhões de sacas.
em milhões de sacas Brasil Mundo
ano de 2018 47,48 98,33
ano de 2019 34,47 95,68
diferença 13,01 2,65
Considerando correta os dados de todos outros países, a exceção do Brasil, a correta diminuição
de safras de arábicos é de 10,36 milhões de sacas, nota-se que o erro da OIC é proposital, afim
de criar uma oferta de café inexistente.
5. Associação dos Cafeicultores do
Brasil
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Nota-se que os relatórios da OIC são sempre enviesados para parecer que sempre há excesso de
produção de café, causando superávits, a quem a OIC quer ajudar?
Como é de conhecimento geral, sabemos que no setor produtivo mundial temos uma
concorrência perfeita,istoé, milhões de cafeicultores empaíses pobres e do lado industrialtemos
um oligopólio, poucas industrias em países ricos, então dado a esta desigualdade traz uma falha
de mercado, gerando a ineficiência e prejudicando os mais vulneráveis, que são as 25 milhões de
famílias de cafeicultores mundiais.
Atualmente a formação de preços se dá em mercados futuros onde os grandes fundos de
investimento que na realidade são grandes especuladores e que não produzem nenhum grão de
café, vendem milhões de sacas de café, criando assim uma enorme e artificial oferta de café.
Então temos uma um oligopólio importador, aliados a grandes especuladores e ajudados por
entidades que se dizem representar os cafeicultores divulgando informações errôneas com dados
manipulados e sempre aumentando a produção de café.
Isto é cruel e criminoso, prejudica diretamente mais de 100 milhões de pessoas que são os
familiares dos cafeicultores mundiais, inclusive brasileiros, Nações estão sendo exploradas e
levados a pobreza e miséria.
Enfim, no ano de 2019 haverá um déficit de produção versus consumo próximo de 10 milhões de
sacas e a OIC tenta esconder este fato.
Resumindo, milhões de cafeicultores no mundo são manipulados a entregarem o fruto de suas
colheitas a preço vil por uma ardilosa manipulação de informações que fazem os preços de café
serem abaixo do custo de produção, é a moderna escravização do século XXI.
Nosso Presidente Jair Bolsonaro nos ensina uma passagem bíblica. João 8:32: “E conhecereis a
verdade, e a verdade vos libertará'”
Diante do exposto, solicitamos que V.Sas. em nome dos cafeicultores brasileiros e da soberania
do Brasil tomem as devidas providencias e exijam que a Organização Internacional de Café corrija
este erro e manipulação de dados com a máxima urgência, informando e publicando a verdade,
pois milhões de cafeicultores estão sendo explorados.
Estamos a vossa disposição para maiores esclarecimentos.
Atenciosamente,
Armando Mattiello Marco Antonio Jacob
Associação dos Cafeicultores do Brasil.