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Curso de Treinadores de Futebol
UEFA Advanced + Elite Jovem /Grau III
A dificuldade na
“transição do
jogador júnior para
sénior” no
futebol profissional
Temática do Prof. Edgar Borges - transição do jogador júnior para sénior
Pedro Moutinho Vieira, 28 de Fevereiro de 2016
A dificuldade “ na transição do jogador
Júnior para Sénior ” no futebol profissional!
Pedro Moutinho Vieira
Treinador de Futebol do Curso UEFA A
“Advanced” + Elite Jovem (Grau III) 2015/16
A dificuldade na transição do jovem jogador júnior para o
futebol sénior é infelizmente uma questão intemporal, e complexa, que coloca em equação
inúmeras variáveis de natureza singular do jogador júnior a um contexto completamente
diferente, quer a nível técnico-tático, física e psicológica do realizado até ao momento ao
qual foi preparado, que é a chegada ao futebol sénior profissional.
Fala-se hoje muito de formação ou falta da mesma, no entanto, julgo sinceramente que,
muitas vezes, se entende pouco do que se está a falar, existe alguma confusão no papel dos
clubes entre o desporto profissional e amador, traduzida pela máxima, que muitos dirigentes
fazem questão de pronunciar: «antes de formar jogadores, queremos formar homens», para
a sociedade em geral este tipo de afirmação são “palavras mágicas”, mas como toda a magia
estas palavras, não passam afinal de uma “ilusão” dita para o exterior por alguns dirigentes
de clubes de futebol profissional, porque o objetivo principal de um clube de futebol
profissional foi, é, e será formar o maior número de jogadores para o plantel sénior.
Porem este tipo de comentário tem um grande fundo de verdade ao ser pronunciada por
dirigentes e treinadores de clubes amadores inseridos em zonas problemáticas e por vezes
desprotegidas da nossa sociedade, um clube amador ao formar o jovem jogador, esta
indiretamente a colocar/formar homens para a sociedade, devido ao espaço onde estão
inseridos este tipo de jovens aprendem a traçar objetivos e valores que pode levar
«abstraísse» de outros focos menos recomendáveis para um adolescente fruto da sua idade
mais propício adquiri-los junto de bairros problemáticos onde esta inserido.
Aos clubes compete formar jogadores e a sociedade formar homens, esta é a logica
normal que devia ser seguida por todos, porem esta longe de ser assim por todos os motivos
atras referenciados, porque a formação integral do jovem não é função dos clubes, mas sim
competência da família e da sociedade.
Por vários motivos a transição do jogador júnior para sénior é e será sempre um caso de
estudo (case study) incontornável no futebol Português da atualidade, e se vem perlongado
nas últimas duas décadas, em que o problema já esteja sinalizado ou identificado, por todos
os intervenientes na formação de jovens jogadores de futebol em Portugal, é um problema
que existe aparentemente em todos os grandes clubes de formação em Portugal, mas
continua sendo um tema atual por vários motivos e opiniões, desde o adepto comum aos
dirigentes desportivos até aos vários órgãos de comunicação social ligados á modalidade.
Todos já ouvimos a frase «passou ao lado de uma grande carreira», direta ou indiretamente
dos próprios intervenientes em questão, que apôs a chegada ao futebol sénior por mais bem
preparados que tenham sido pelos treinadores nas várias fases da sua formação, quer a nível
Técnico, Tático, Físico e Psicológico, muitos dos jovens jogadores não conseguem chegar a
ter o sucesso pretendido no futebol sénior que evidenciaram desde tenra idade durante o
percurso nas várias equipas da formação, grande percentagem destes jovens jogadores de
formação terão sido rotulados prematuramente como “craques” pelos dirigentes, empresários
e em alguns casos, sobretudo mal aconselhados pelos próprios Pais.
Os Pais são as principais referências na educação do jovem jogador de futebol e dessa
missão não a devem delegar nem para o melhor «treinador do Mundo», pois devem ser o
exemplo na educação e personalidade a seguir pelo jovem, em particular para lá do futebol,
porque isso ajuda a construir um caráter forte, que o prepara melhor para a vida como ela
vai ser, como no futuro na transição de júnior para sénior.
Os Pais são os principais gestores da vida do jovem jogador extra futebol, para o bem e
para o mal, como nas suas decisões e grandes impulsionadores das suas carreiras, mas nesta
euforia caem muita boa gente, que vêm no futebol um caminho cómodo para projetar os
filhos num universo dourado pelos lucros fáceis e imediatos, que pode levar o jovem jogador
a desviar-se do seu principal objetivo que é jogar futebol.
Primeiro porque, em futebol, o que os pais julgam ser o melhor para o filho, nem sempre é,
e, segundo porque, muitos de forma inconsciente procuram, é o melhor para eles mesmos,
ou seja muitos pais procuram «viver o sonho dele na pele do filho», os pais nas ultimas
décadas acompanham os filhos nos treinos, jogos e torneios e por isso na pratica tornaram-
se nos «adeptos mais críticos dos próprios filhos» esquecendo-se que fora de campo o jovem
precisa principalmente de apoio emocional e estabilidade no seio familiar e não de um
«treinador em sua casa», a prática mostra que os pais com este tipo de atitude em nada
beneficiam na transição do jovem jogador de futebol de júnior para sénior.
Nas várias faces durante o seu processo de crescimento como atleta na formação de
futebol, onde quer que seja abordado de maneira correta, é uma disciplina rigorosa na qual
podem emergir apenas aqueles que são naturalmente dotados e têm a possibilidade de
evoluir as suas capacidades técnicas, táticas e fazer crescer as suas capacidades físicas e
psicológicas sobre o comando técnico de Treinadores certificados, porque todos sabemos que
seguindo a norma das coisas um treinador qualificado esta mais capacitado para potenciar
um jovem jogador na transição de júnior para sénior. Por outro lado jogadores mais
ambiciosos, determinados e mais fortes a nível psicológico tem mais probabilidades de
conseguir «ultrapassar as barreiras» para conseguir os seus objetivos de afirmação numa
equipa sénior, ou dito de outra forma, grande percentagem do jovem jogador não consegue
passar a «ultima barreira», do seu grande sonho e objetivo que muitas vezes são traçados
prematuramente desde o início da sua formação no futebol, e depois se tornam em
desilusões para os mesmos que traçaram um grande futuro no futebol sénior, como se
esquecendo «que para lá do futebol não existisse outras profissões» a seguir!
O Futebol apaixona e fascina milhões de pessoas é sem duvida o desporto com mais
praticantes por todo o Mundo que arrasta multidões, mexe com paixões e emoções, mas
acima de tudo é hoje em dia sem duvida um grande negócio de milhões para todos os
intervenientes ligados diretamente ou indiretamente á modalidade que é o futebol.
Por isso o futebol é uma organização em «pirâmide» a nível mundial sobre o comando da
FIFA, Europeu UEFA e Portugal FPF, e aqueles que promovem o futebol como as grandes
multinacionais, empresários e os vários órgãos de comunicação social como as televisões,
jornais e rádios, e no meio deste grande negócio que é o futebol esta o jovem jogador de
futebol, que por vezes não passam de «ativos» para todos os intervenientes atrás referidos e
como todos os ativos das grandes empresas tem que produzir e dar o lucro pretendido pela
entidade empregadora, quer desportivo quer financeiro e esta é a realidade do nosso futebol
de formação em Portugal e Mundial, são preparados (treinados), para um dia poder
representar a equipa sénior de futebol profissional, e depois poderem ter o retorno do
«investimento» até então feito na formação do jovem jogador, mas a grande maioria dos
jovens jogadores juniores não chega a completar o «sonho» e objetivo de representar a
equipa sénior de futebol do seu clube de formação, por vários motivos extrínsecos.
Daqui resulta que à volta da transição do jovem jogador júnior para sénior, permanece
muitas dúvidas e alguns interesses, não só como se formam os jovens jogadores, mas
também como se forma o plantel sénior de futebol profissional, composto por jogadores de
formação nacionais, estrangeiros ou jogadores de créditos formandos no futebol sénior; esta
é a realidade deste grande desporto que é o futebol!
Desde o início do futebol em Portugal nas últimas décadas do século XIX, os jovens
britânicos foram uns dos principais impulsionadores da modalidade trazida pelos mesmos
residentes em Portugal, que estudavam em Inglaterra, assim como os estudantes
portugueses que de lá regressavam, por todos estes e outros motivos históricos ligados
maioritariamente aos estrangeiros em Portugal, não se pode associar de forma direta ou
indireta a responsabilidade ou causa ao jogador estrangeiro pela falta de oportunidades ou
adaptação do jovem jogador Português em todo o seu processo de transição júnior para
sénior no futebol Profissional: porem assistiu-se a uma acentuada chegada a nível
quantitativos no final da década de noventa do século XX e princípios do século XXI de
muitos jogadores estrangeiros para o nosso campeonato da 1 ª Divisão hoje 1ª Liga, «alguns
de alguma qualidade duvidosa», mas não nos podemos esquecer da chegada de outros
tantos jogadores de seleções estrangeiras que vieram dar mais qualidade ao nosso futebol
em Portugal como; Kostadinov, Balakov, Iordanov, Ricardo, Valdo, Dóriva, Branco, Jardel, e
muitos mais.
Por tudo o que muitos deram em prol do futebol português e por ser também para muitos
como a «porta de entrada para outras ligas de futebol» em tudo na vida, á sempre os «prós
e contras», reflexo de todas as sociedades ocidentais democráticas; e a nossa constituição
consagra o direito ao trabalho como um direito fundamental de todos, … (ponto 1 do artigo
58.º CRP).
Mas também foi com a chegada de grande número de jogadores estrangeiros ao nosso
futebol, que coincidiu com alguns dos maiores feitos que o nosso futebol Português
conquistou a nível de Seleções o Mundial de Juniores sub-20 em 1989 e 1991; sobre o
comando técnico do Professor Carlos Queiroz, (Selecionador de Juniores) na altura.
Como sequência e fruto desses êxitos no nosso futebol júnior surgiu a denominada «geração
de Ouro» do futebol Português, compostos pôr: João V. Pinto, Fernando Couto, Vítor Baia,
Figo, Rui Costa, Jorge Costa, Peixe, Capucho, Folha, Abel Xavier e Paulo Sousa, todos estes
jogadores jogaram em grandes clubes em Portugal e no estrangeiro e mais tarde viriam a
representar a principal Seleção Nacional, outros tantos não mais conseguiram os mesmos
êxitos de outra hora como: Abel Silva, Tozé, Resende, Bizarro, Morgado, Toni e Cao, etc.,
para todos estes jogadores, o sucesso ficou-se apenas pelo grande feito com a conquista do
Mundial de juniores (sub-20) e nunca mais voltariam a ter a projeção e mediatismo no
futebol sénior que a grande parte deles lhe era apontada nos juniores, tanto nos seus clubes
de formação como na principal seleção de Portugal.
Nunca se falou tanto como hoje em Portugal sobre a formação de jovens jogadores e
academias de futebol, talvez por necessidade do futebol e da nossa sociedade em geral que
passa por uma perlongada «crise económica e de valores» em que os clubes se tentam
adaptar ou ajustar particularmente na composição do seu plantel sénior com a introdução de
alguns jogadores provenientes dos juniores ou equipa B, mas ainda assim pequeno, assim,
como algumas melhorias na construção de melhores infraestruturas para a pratica do futebol;
como uma aposta sustentada de futuro, seguindo uma lógica cada vez mais empresarial, «se
eu produzir qualidade logo não preciso de comprar qualidade», para dar resposta as
necessidades do futebol sénior profissional.
Parece nos pertinente refletir sobre algumas questões ligadas à filosofia como os clubes se
organizam, formam e potenciam o jogador de formação (júnior) na transição para o futebol
sénior profissional.
Na formação de jovens jogadores de futebol em Portugal, temos assistido no geral a uma
clara evolução na conceção na Metodologia de treino na formação praticada por alguns
clubes chamados «grandes» e por vezes copilada por todos os outros ditos «pequenos» que
fruto da rápida informação e novas tecnologias existentes hoje em dia, que na minha
modesta opinião, não passa de uma; «Metodologia de Treino Robótica», esquecendo o
objetivo principal na formação de jovens jogadores, são formar e potenciar as qualidades
individuais de cada jogador e dai poder surgir diferenciação na inteligência do jovem jogador
nas várias qualidades técnico-tático, física e psicológica para a sua rápida integração numa
equipa sénior profissional.
Muitas da vezes substitui-se inconscientemente a preparação do jovem jogador júnior, para
os resultados imediatos nos jogos em função do adversário, privilegiando na metodologia de
treino e nos vários Microciclos exercícios desajustados, á capacidade de execução de cada
atleta, que por vezes os mesmos exercícios não tem nada em comum com o grau de
complexidade das características coletivas e capacidades técnicas individuais de cada um dos
atletas, não indo ao encontro na metodologia de treino e modelo e sistema de jogo do clube
ao qual esta inserido e de toda a sua realidade atual.
O mesmo sucede, ao idealizar um projeto de formação de futebol de um clube, por vezes
momentânea do atual coordenador do futebol de formação, em que o próprio na grande
parte das vezes faz prevalecer as suas ideias em detrimento das ideias e «ADN» do próprio
clube e toda a sua historia, não esquecer no entanto que as ideias do coordenador são
sempre do clube onde desempenha a sua atual função e as ideias de formação do clube
estão sempre presentes independente do coordenador, apenas à que dar continuidade
seguindo a especificidade do futebol de formação na metodologia de treino e modelo e
sistema de jogo do clube.
Qual as causas diretamente ligadas ao insucesso na transição do jogador júnior para sénior?
1 - O modelo de competição atual do campeonato nacional de juniores será o ideal?
O campeonato nacional de Futebol Júnior (sub-19) está dividido inicialmente em duas zonas
Norte e Sul, onde as equipas mais fortes numa face inicial do campeonato vão jogar contra
adversários supostamente mais limitados, que não vão além de determinados limites quer a
nível técnico-tático, física e psicológica e dai aparecerem alguns jogos com resultados
desnivelados, onde a equipa e o jovem jogador júnior têm a possibilidade de aperfeiçoar os
seus hábitos e rotinas de jogo, mas numa intensidade de jogo media/baixa, sendo o nível
competitivo na primeira fase do campeonato nacional de Juniores de menor nível de
exigência, quer qualitativo, quer físico, já na segunda metade do campeonato nacional de
futebol júnior (sub-19), a competição esta dividida em 3 Grupos, sendo estes o apuramento
do campeão e manutenção zona norte e sul, nesta face final o nível de exigência do jovem
jogador júnior vai ao limite das suas capacidades técnicas-táticas, físicas e psicológicas no
entanto parece-nos pouco tempo de competição, já que a um nível de competição alto, se
resumem a pouco mais de 3 meses de competição, sendo este por sinal o ultimo ano na
formação do jogador na transição de júnior para o futebol sénior.
Do ponto de vista evolutivo e competitivo para o jovem jogador de futebol a criação de
equipas B no futebol sénior e sua inclusão no campeonato da 2ª Liga, foi uma boa medida
adotada para aproximar diferenças existentes entre futebol júnior para o sénior, mas outras
medidas podem ser implementadas como por exemplo; 1) a «inclusão da equipa júnior (sub-
19) dos clubes que representam os campeonatos profissionais da 1 e 2ª Liga no principal
campeonato sénior regional do seu distrito, seria do especto técnico-tático, físico e
psicológico como a “verdadeira transição do jogador júnior para sénior”, por todas as
situações existentes no jogo, desde o aspeto competitivo como físico, iriam ganhar mais
experiencia para no ano seguinte nas equipas B, ai sim, nos campeonatos profissionais da 2
Liga, terem mais argumentos para poderem desenvolver todas as suas competências
adquiridas e aproximar diferenças entre a formação e o futebol sénior profissional.
2 - O modelo e sistema de jogo na formação deve ser o mesmo da equipa principal?
Numa equipa de futebol o modelo e sistema de jogo nas equipas de formação deve, ir
primeiro ao encontro das características técnicas-táticas, físicas e psicológicas dos jogadores
da equipa júnior/formação que dispõe no momento, tendo em conta as suas qualidades
fisiológicas dos jogadores e depois a partir dai criar uma ideia do modelo e sistema de jogo
ideal para o coletivo, tendo em conta no entanto que na formação é importante os jogadores
experienciarem os vários sistemas de jogo e suas variantes, só assim vão poder formatar-se
de maneira a poder evoluir e crescer na sua posição dentro da especificidade que é o
processo de formação e toda a sua posição dentro de campo no jogo de futebol!
Não é de todo correta a imposição às equipas de formação seguir o mesmo modelo e
sistema de jogo da equipa principal sénior e profissional do clube, pois sabemos que cada
treinador de futebol tem a sua ideia de modelo e sistema de jogo, e devido a essa mesma
razão sendo o futebol sénior a “maior referência” do clube, e o cargo de treinador principal
da equipa sénior devido a sua especificidade estar sempre sujeita a uma maior presão nos
resultados, deste os dirigentes, adeptos e órgãos de comunicação social, por esse motivo o
futebol de formação não pode estar pendente de ideias de uma pessoa (treinador equipa
sénior), mas sim, de ideias próprias, do clube implementadas no futebol de formação como
um todo e algo só deles nas várias equipas de formação.
3 - Qual a mentalidade competitiva pretendida na transição júnior para sénior?
Num projeto de formação de jogadores a finalidade principal é a colocação do jogador júnior
no plantel sénior, dentro da qualidade competitiva que o futebol sénior exige, no entanto não
nos podemos desassociar que o objetivo final é a sua melhoria qualitativa como jogador
júnior para sénior e sua rápida adaptação ao futebol profissional, ninguém forma jogadores
sem olhar para a competição como objetivo final, na formação devemos ter como referência
inicial a obtenção e superação da capacidade individual no jogador júnior e sua melhoria nos
resultados a nível técnico-tático, físico e psicológica, e só depois treinar ideias de jogo do
treinador em conjunto as ideias dos jogadores que nos transmitem no treino, dentro da
especificidade e a identidade da equipa e seus jogadores, e só depois vamos idealizar o
nosso modelo de jogo, “uma coisa é jogar futebol, outra é ler um manual sobre como treinar
a jogar futebol”, a mentalidade competitiva no jogador júnior emerge desde o processo de
treino, princípios e subprincípios de jogo, dentro das suas diferentes variáveis.
4 - Como modelar o processo de treino e exercícios referência, na formação?
A priorização do processo de treino técnico-tático, física e psicológica, numa equipa de
futebol de formação deve-se idealizar inicialmente o processo de treino simples consoante as
características da equipa e jogadores dentro das ideias de jogo - princípios e subprincípios
próprios com o nosso modelo e sistema de jogo predefinido e ir aumentado o grau de
dificuldade no decorrer, mas sempre próximo de situações do nosso modelo e sistema de
jogo dentro da especificidade.
No futebol, o jogador aprende melhor quando esta intrinsecamente envolvido
emocionalmente no processo de treino, o empenho e a força motivacional é tanto maior
quanto mais ativo for o papel do jogador/júnior no exercício de treino, ai entra o treinador
parte integrante na planificação no processo operacional de treino e seus exercícios/unidades
que passa essas próprias ideias do plano concetual para o treino, microciclo e meso-ciclo que
desenvolve na prática a teoria estudada e aprofundada pelo treinador para o treino prático
dentro da especificidade do coletivo e individual.
4 - Qual a mentalidade e motivação competitiva pretendida no jogador de formação?
O objetivo de qualquer jogador na formação é alcançar o melhor resultado, no entanto sabe-
se que nem todos têm a mentalidade de “querer sempre mais” seja no treino ou competição,
os grandes jogadores de futebol da atualidade como Ronaldo ou Messi, tem essa “força de
mentalidade” aleada a todas outras capacidades técnico-tática e física, no entanto
concordamos que este tipo de mentalidade não é própria de qualquer jogador, no futebol
dificilmente a competência técnica e o potencial da equipa em termos técnico-tático são
suficientes para conquistar algo, na verdade os fatores psicológicos e motivacionais são
determinantes, uma vez que estamos a falar de situações de grande presão que diretamente
atinge o jogador de formação desde o treinador, dirigentes, adeptos e familiares, outro foco
motivacional próprio do jovem jogador é saber antes do jogo onde esta o Pai, Mãe ou
Namorada, estes muitas vezes são os principais focos de auto - motivação indiretos, ligados
ao jovem jogador.
No entanto é importante estabelecer metas atingir, para que toda a mentalidade e
motivação dos jogadores sejam trabalhadas e direcionadas durante a época em função
desses mesmos objetivos, e dotar o plantel de recursos humanos e materiais para fazer
sentir na equipa de formação como um investimento de futuro no clube e no panorama
nacional.
5 - Qual o perfil ideal para o treinador da equipa júnior (sub-19) de formação?
Grande parte dos nossos clubes em Portugal tem como norma a integração de ex.: atletas
profissionais de futebol nos seus quadros como treinador de formação, é algo lógico, já que
são referências do clube e dos próprios jovens jogadores, mas muitos deles podem ainda não
ter a experiencia de treinador, mas será a idade verdadeiramente decisiva, não nos podemos
esquecer que a competência não tem idade predefinida, e o futebol não é exceção, quem
forma e treina precisa de entender que deve ter uma visão otimista acerca das capacidades
daqueles que ensina. Quem ensina deve captar a atenção dos jogadores, conseguir que se
empenhem sempre ao máximo das suas capacidades técnico-tática, física e psicológica, quer
no treino e jogo, só assim terão condições de estar mais próximo de alcançar o seu objetivo.
Por outro lado o jovem jogador júnior ”não são máquinas programáveis”, são jovens
adolescentes com personalidades distintas que pensam, interpretam e se emocionam, e
todos com formas diferentes de reagir e de comportarem nas várias faces durante o processo
de transição de júnior para sénior.
Para quem forma e treina jogadores de formação, não basta saber de futebol, tem que
existir competência na metodologia de treino, liderança e principalmente técnicas de
comunicação, porque o treinador necessita de ser capaz de levar aqueles a quem se dirige a
reconhecer essa autoridade, dentro e fora de campo.
Esse reconhecimento deve ser feito através da criação de ambientes de trabalho onde a sua
competência seja demonstrada e exista confiança e respeito mútuos, o sucesso de uns seja o
sucesso de todos. Não basta portanto adquirir conhecimento, sendo fundamental que o
mesmo seja aplicado de forma eficaz, tanto no treino como no jogo, por outro lado, é
decisivo para o treinador respeitar o princípio básico da formação, que nos diz que a sua
qualidade depende, acima de tudo, do modo responsável e participativo com que os
jogadores aderem às atividades que lhe são propostas, estas são algumas verdades cuja
aplicação ao processo final de formação, que é a transição do jogador júnior para sénior.
DEDICATÓRIA
 Em memória do meu irmão Marco António
Moutinho Gomes Vieira, apesar de não estar mais
entre nós, “esta sempre no meu coração”, ele
como muitos no passado e presente na transição
de júnior para futebol sénior, simplesmente
desistiu, … mas a maior “rasteira” que a vida lhe
pregou, lutou sempre e nunca desistiu até um dia
a dormir “ veio um anjo e o levou”!
“Na teoria todos nós temos algumas ideias e soluções na transição de júnior para sénior, mas
na prática é como um jogo de futebol, só sabemos o resultado no final”!
Pedro Moutinho Vieira, 28 de Fevereiro de 2016

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A dificuldade na "transiçâo do Jogador Júnior para Sénior" no futebol profissional.

  • 1. Curso de Treinadores de Futebol UEFA Advanced + Elite Jovem /Grau III A dificuldade na “transição do jogador júnior para sénior” no futebol profissional Temática do Prof. Edgar Borges - transição do jogador júnior para sénior Pedro Moutinho Vieira, 28 de Fevereiro de 2016
  • 2. A dificuldade “ na transição do jogador Júnior para Sénior ” no futebol profissional! Pedro Moutinho Vieira Treinador de Futebol do Curso UEFA A “Advanced” + Elite Jovem (Grau III) 2015/16 A dificuldade na transição do jovem jogador júnior para o futebol sénior é infelizmente uma questão intemporal, e complexa, que coloca em equação inúmeras variáveis de natureza singular do jogador júnior a um contexto completamente diferente, quer a nível técnico-tático, física e psicológica do realizado até ao momento ao qual foi preparado, que é a chegada ao futebol sénior profissional. Fala-se hoje muito de formação ou falta da mesma, no entanto, julgo sinceramente que, muitas vezes, se entende pouco do que se está a falar, existe alguma confusão no papel dos clubes entre o desporto profissional e amador, traduzida pela máxima, que muitos dirigentes fazem questão de pronunciar: «antes de formar jogadores, queremos formar homens», para a sociedade em geral este tipo de afirmação são “palavras mágicas”, mas como toda a magia estas palavras, não passam afinal de uma “ilusão” dita para o exterior por alguns dirigentes de clubes de futebol profissional, porque o objetivo principal de um clube de futebol profissional foi, é, e será formar o maior número de jogadores para o plantel sénior. Porem este tipo de comentário tem um grande fundo de verdade ao ser pronunciada por dirigentes e treinadores de clubes amadores inseridos em zonas problemáticas e por vezes desprotegidas da nossa sociedade, um clube amador ao formar o jovem jogador, esta indiretamente a colocar/formar homens para a sociedade, devido ao espaço onde estão inseridos este tipo de jovens aprendem a traçar objetivos e valores que pode levar «abstraísse» de outros focos menos recomendáveis para um adolescente fruto da sua idade mais propício adquiri-los junto de bairros problemáticos onde esta inserido. Aos clubes compete formar jogadores e a sociedade formar homens, esta é a logica normal que devia ser seguida por todos, porem esta longe de ser assim por todos os motivos atras referenciados, porque a formação integral do jovem não é função dos clubes, mas sim competência da família e da sociedade. Por vários motivos a transição do jogador júnior para sénior é e será sempre um caso de estudo (case study) incontornável no futebol Português da atualidade, e se vem perlongado nas últimas duas décadas, em que o problema já esteja sinalizado ou identificado, por todos
  • 3. os intervenientes na formação de jovens jogadores de futebol em Portugal, é um problema que existe aparentemente em todos os grandes clubes de formação em Portugal, mas continua sendo um tema atual por vários motivos e opiniões, desde o adepto comum aos dirigentes desportivos até aos vários órgãos de comunicação social ligados á modalidade. Todos já ouvimos a frase «passou ao lado de uma grande carreira», direta ou indiretamente dos próprios intervenientes em questão, que apôs a chegada ao futebol sénior por mais bem preparados que tenham sido pelos treinadores nas várias fases da sua formação, quer a nível Técnico, Tático, Físico e Psicológico, muitos dos jovens jogadores não conseguem chegar a ter o sucesso pretendido no futebol sénior que evidenciaram desde tenra idade durante o percurso nas várias equipas da formação, grande percentagem destes jovens jogadores de formação terão sido rotulados prematuramente como “craques” pelos dirigentes, empresários e em alguns casos, sobretudo mal aconselhados pelos próprios Pais. Os Pais são as principais referências na educação do jovem jogador de futebol e dessa missão não a devem delegar nem para o melhor «treinador do Mundo», pois devem ser o exemplo na educação e personalidade a seguir pelo jovem, em particular para lá do futebol, porque isso ajuda a construir um caráter forte, que o prepara melhor para a vida como ela vai ser, como no futuro na transição de júnior para sénior. Os Pais são os principais gestores da vida do jovem jogador extra futebol, para o bem e para o mal, como nas suas decisões e grandes impulsionadores das suas carreiras, mas nesta euforia caem muita boa gente, que vêm no futebol um caminho cómodo para projetar os filhos num universo dourado pelos lucros fáceis e imediatos, que pode levar o jovem jogador a desviar-se do seu principal objetivo que é jogar futebol. Primeiro porque, em futebol, o que os pais julgam ser o melhor para o filho, nem sempre é, e, segundo porque, muitos de forma inconsciente procuram, é o melhor para eles mesmos, ou seja muitos pais procuram «viver o sonho dele na pele do filho», os pais nas ultimas décadas acompanham os filhos nos treinos, jogos e torneios e por isso na pratica tornaram- se nos «adeptos mais críticos dos próprios filhos» esquecendo-se que fora de campo o jovem precisa principalmente de apoio emocional e estabilidade no seio familiar e não de um «treinador em sua casa», a prática mostra que os pais com este tipo de atitude em nada beneficiam na transição do jovem jogador de futebol de júnior para sénior. Nas várias faces durante o seu processo de crescimento como atleta na formação de futebol, onde quer que seja abordado de maneira correta, é uma disciplina rigorosa na qual podem emergir apenas aqueles que são naturalmente dotados e têm a possibilidade de
  • 4. evoluir as suas capacidades técnicas, táticas e fazer crescer as suas capacidades físicas e psicológicas sobre o comando técnico de Treinadores certificados, porque todos sabemos que seguindo a norma das coisas um treinador qualificado esta mais capacitado para potenciar um jovem jogador na transição de júnior para sénior. Por outro lado jogadores mais ambiciosos, determinados e mais fortes a nível psicológico tem mais probabilidades de conseguir «ultrapassar as barreiras» para conseguir os seus objetivos de afirmação numa equipa sénior, ou dito de outra forma, grande percentagem do jovem jogador não consegue passar a «ultima barreira», do seu grande sonho e objetivo que muitas vezes são traçados prematuramente desde o início da sua formação no futebol, e depois se tornam em desilusões para os mesmos que traçaram um grande futuro no futebol sénior, como se esquecendo «que para lá do futebol não existisse outras profissões» a seguir! O Futebol apaixona e fascina milhões de pessoas é sem duvida o desporto com mais praticantes por todo o Mundo que arrasta multidões, mexe com paixões e emoções, mas acima de tudo é hoje em dia sem duvida um grande negócio de milhões para todos os intervenientes ligados diretamente ou indiretamente á modalidade que é o futebol. Por isso o futebol é uma organização em «pirâmide» a nível mundial sobre o comando da FIFA, Europeu UEFA e Portugal FPF, e aqueles que promovem o futebol como as grandes multinacionais, empresários e os vários órgãos de comunicação social como as televisões, jornais e rádios, e no meio deste grande negócio que é o futebol esta o jovem jogador de futebol, que por vezes não passam de «ativos» para todos os intervenientes atrás referidos e como todos os ativos das grandes empresas tem que produzir e dar o lucro pretendido pela entidade empregadora, quer desportivo quer financeiro e esta é a realidade do nosso futebol de formação em Portugal e Mundial, são preparados (treinados), para um dia poder representar a equipa sénior de futebol profissional, e depois poderem ter o retorno do «investimento» até então feito na formação do jovem jogador, mas a grande maioria dos jovens jogadores juniores não chega a completar o «sonho» e objetivo de representar a equipa sénior de futebol do seu clube de formação, por vários motivos extrínsecos. Daqui resulta que à volta da transição do jovem jogador júnior para sénior, permanece muitas dúvidas e alguns interesses, não só como se formam os jovens jogadores, mas também como se forma o plantel sénior de futebol profissional, composto por jogadores de formação nacionais, estrangeiros ou jogadores de créditos formandos no futebol sénior; esta é a realidade deste grande desporto que é o futebol! Desde o início do futebol em Portugal nas últimas décadas do século XIX, os jovens
  • 5. britânicos foram uns dos principais impulsionadores da modalidade trazida pelos mesmos residentes em Portugal, que estudavam em Inglaterra, assim como os estudantes portugueses que de lá regressavam, por todos estes e outros motivos históricos ligados maioritariamente aos estrangeiros em Portugal, não se pode associar de forma direta ou indireta a responsabilidade ou causa ao jogador estrangeiro pela falta de oportunidades ou adaptação do jovem jogador Português em todo o seu processo de transição júnior para sénior no futebol Profissional: porem assistiu-se a uma acentuada chegada a nível quantitativos no final da década de noventa do século XX e princípios do século XXI de muitos jogadores estrangeiros para o nosso campeonato da 1 ª Divisão hoje 1ª Liga, «alguns de alguma qualidade duvidosa», mas não nos podemos esquecer da chegada de outros tantos jogadores de seleções estrangeiras que vieram dar mais qualidade ao nosso futebol em Portugal como; Kostadinov, Balakov, Iordanov, Ricardo, Valdo, Dóriva, Branco, Jardel, e muitos mais. Por tudo o que muitos deram em prol do futebol português e por ser também para muitos como a «porta de entrada para outras ligas de futebol» em tudo na vida, á sempre os «prós e contras», reflexo de todas as sociedades ocidentais democráticas; e a nossa constituição consagra o direito ao trabalho como um direito fundamental de todos, … (ponto 1 do artigo 58.º CRP). Mas também foi com a chegada de grande número de jogadores estrangeiros ao nosso futebol, que coincidiu com alguns dos maiores feitos que o nosso futebol Português conquistou a nível de Seleções o Mundial de Juniores sub-20 em 1989 e 1991; sobre o comando técnico do Professor Carlos Queiroz, (Selecionador de Juniores) na altura. Como sequência e fruto desses êxitos no nosso futebol júnior surgiu a denominada «geração de Ouro» do futebol Português, compostos pôr: João V. Pinto, Fernando Couto, Vítor Baia, Figo, Rui Costa, Jorge Costa, Peixe, Capucho, Folha, Abel Xavier e Paulo Sousa, todos estes jogadores jogaram em grandes clubes em Portugal e no estrangeiro e mais tarde viriam a representar a principal Seleção Nacional, outros tantos não mais conseguiram os mesmos êxitos de outra hora como: Abel Silva, Tozé, Resende, Bizarro, Morgado, Toni e Cao, etc., para todos estes jogadores, o sucesso ficou-se apenas pelo grande feito com a conquista do Mundial de juniores (sub-20) e nunca mais voltariam a ter a projeção e mediatismo no futebol sénior que a grande parte deles lhe era apontada nos juniores, tanto nos seus clubes de formação como na principal seleção de Portugal. Nunca se falou tanto como hoje em Portugal sobre a formação de jovens jogadores e
  • 6. academias de futebol, talvez por necessidade do futebol e da nossa sociedade em geral que passa por uma perlongada «crise económica e de valores» em que os clubes se tentam adaptar ou ajustar particularmente na composição do seu plantel sénior com a introdução de alguns jogadores provenientes dos juniores ou equipa B, mas ainda assim pequeno, assim, como algumas melhorias na construção de melhores infraestruturas para a pratica do futebol; como uma aposta sustentada de futuro, seguindo uma lógica cada vez mais empresarial, «se eu produzir qualidade logo não preciso de comprar qualidade», para dar resposta as necessidades do futebol sénior profissional. Parece nos pertinente refletir sobre algumas questões ligadas à filosofia como os clubes se organizam, formam e potenciam o jogador de formação (júnior) na transição para o futebol sénior profissional. Na formação de jovens jogadores de futebol em Portugal, temos assistido no geral a uma clara evolução na conceção na Metodologia de treino na formação praticada por alguns clubes chamados «grandes» e por vezes copilada por todos os outros ditos «pequenos» que fruto da rápida informação e novas tecnologias existentes hoje em dia, que na minha modesta opinião, não passa de uma; «Metodologia de Treino Robótica», esquecendo o objetivo principal na formação de jovens jogadores, são formar e potenciar as qualidades individuais de cada jogador e dai poder surgir diferenciação na inteligência do jovem jogador nas várias qualidades técnico-tático, física e psicológica para a sua rápida integração numa equipa sénior profissional. Muitas da vezes substitui-se inconscientemente a preparação do jovem jogador júnior, para os resultados imediatos nos jogos em função do adversário, privilegiando na metodologia de treino e nos vários Microciclos exercícios desajustados, á capacidade de execução de cada atleta, que por vezes os mesmos exercícios não tem nada em comum com o grau de complexidade das características coletivas e capacidades técnicas individuais de cada um dos atletas, não indo ao encontro na metodologia de treino e modelo e sistema de jogo do clube ao qual esta inserido e de toda a sua realidade atual. O mesmo sucede, ao idealizar um projeto de formação de futebol de um clube, por vezes momentânea do atual coordenador do futebol de formação, em que o próprio na grande parte das vezes faz prevalecer as suas ideias em detrimento das ideias e «ADN» do próprio clube e toda a sua historia, não esquecer no entanto que as ideias do coordenador são sempre do clube onde desempenha a sua atual função e as ideias de formação do clube estão sempre presentes independente do coordenador, apenas à que dar continuidade
  • 7. seguindo a especificidade do futebol de formação na metodologia de treino e modelo e sistema de jogo do clube. Qual as causas diretamente ligadas ao insucesso na transição do jogador júnior para sénior? 1 - O modelo de competição atual do campeonato nacional de juniores será o ideal? O campeonato nacional de Futebol Júnior (sub-19) está dividido inicialmente em duas zonas Norte e Sul, onde as equipas mais fortes numa face inicial do campeonato vão jogar contra adversários supostamente mais limitados, que não vão além de determinados limites quer a nível técnico-tático, física e psicológica e dai aparecerem alguns jogos com resultados desnivelados, onde a equipa e o jovem jogador júnior têm a possibilidade de aperfeiçoar os seus hábitos e rotinas de jogo, mas numa intensidade de jogo media/baixa, sendo o nível competitivo na primeira fase do campeonato nacional de Juniores de menor nível de exigência, quer qualitativo, quer físico, já na segunda metade do campeonato nacional de futebol júnior (sub-19), a competição esta dividida em 3 Grupos, sendo estes o apuramento do campeão e manutenção zona norte e sul, nesta face final o nível de exigência do jovem jogador júnior vai ao limite das suas capacidades técnicas-táticas, físicas e psicológicas no entanto parece-nos pouco tempo de competição, já que a um nível de competição alto, se resumem a pouco mais de 3 meses de competição, sendo este por sinal o ultimo ano na formação do jogador na transição de júnior para o futebol sénior. Do ponto de vista evolutivo e competitivo para o jovem jogador de futebol a criação de equipas B no futebol sénior e sua inclusão no campeonato da 2ª Liga, foi uma boa medida adotada para aproximar diferenças existentes entre futebol júnior para o sénior, mas outras medidas podem ser implementadas como por exemplo; 1) a «inclusão da equipa júnior (sub- 19) dos clubes que representam os campeonatos profissionais da 1 e 2ª Liga no principal campeonato sénior regional do seu distrito, seria do especto técnico-tático, físico e psicológico como a “verdadeira transição do jogador júnior para sénior”, por todas as situações existentes no jogo, desde o aspeto competitivo como físico, iriam ganhar mais experiencia para no ano seguinte nas equipas B, ai sim, nos campeonatos profissionais da 2 Liga, terem mais argumentos para poderem desenvolver todas as suas competências adquiridas e aproximar diferenças entre a formação e o futebol sénior profissional. 2 - O modelo e sistema de jogo na formação deve ser o mesmo da equipa principal? Numa equipa de futebol o modelo e sistema de jogo nas equipas de formação deve, ir primeiro ao encontro das características técnicas-táticas, físicas e psicológicas dos jogadores da equipa júnior/formação que dispõe no momento, tendo em conta as suas qualidades
  • 8. fisiológicas dos jogadores e depois a partir dai criar uma ideia do modelo e sistema de jogo ideal para o coletivo, tendo em conta no entanto que na formação é importante os jogadores experienciarem os vários sistemas de jogo e suas variantes, só assim vão poder formatar-se de maneira a poder evoluir e crescer na sua posição dentro da especificidade que é o processo de formação e toda a sua posição dentro de campo no jogo de futebol! Não é de todo correta a imposição às equipas de formação seguir o mesmo modelo e sistema de jogo da equipa principal sénior e profissional do clube, pois sabemos que cada treinador de futebol tem a sua ideia de modelo e sistema de jogo, e devido a essa mesma razão sendo o futebol sénior a “maior referência” do clube, e o cargo de treinador principal da equipa sénior devido a sua especificidade estar sempre sujeita a uma maior presão nos resultados, deste os dirigentes, adeptos e órgãos de comunicação social, por esse motivo o futebol de formação não pode estar pendente de ideias de uma pessoa (treinador equipa sénior), mas sim, de ideias próprias, do clube implementadas no futebol de formação como um todo e algo só deles nas várias equipas de formação. 3 - Qual a mentalidade competitiva pretendida na transição júnior para sénior? Num projeto de formação de jogadores a finalidade principal é a colocação do jogador júnior no plantel sénior, dentro da qualidade competitiva que o futebol sénior exige, no entanto não nos podemos desassociar que o objetivo final é a sua melhoria qualitativa como jogador júnior para sénior e sua rápida adaptação ao futebol profissional, ninguém forma jogadores sem olhar para a competição como objetivo final, na formação devemos ter como referência inicial a obtenção e superação da capacidade individual no jogador júnior e sua melhoria nos resultados a nível técnico-tático, físico e psicológica, e só depois treinar ideias de jogo do treinador em conjunto as ideias dos jogadores que nos transmitem no treino, dentro da especificidade e a identidade da equipa e seus jogadores, e só depois vamos idealizar o nosso modelo de jogo, “uma coisa é jogar futebol, outra é ler um manual sobre como treinar a jogar futebol”, a mentalidade competitiva no jogador júnior emerge desde o processo de treino, princípios e subprincípios de jogo, dentro das suas diferentes variáveis. 4 - Como modelar o processo de treino e exercícios referência, na formação? A priorização do processo de treino técnico-tático, física e psicológica, numa equipa de futebol de formação deve-se idealizar inicialmente o processo de treino simples consoante as características da equipa e jogadores dentro das ideias de jogo - princípios e subprincípios próprios com o nosso modelo e sistema de jogo predefinido e ir aumentado o grau de dificuldade no decorrer, mas sempre próximo de situações do nosso modelo e sistema de
  • 9. jogo dentro da especificidade. No futebol, o jogador aprende melhor quando esta intrinsecamente envolvido emocionalmente no processo de treino, o empenho e a força motivacional é tanto maior quanto mais ativo for o papel do jogador/júnior no exercício de treino, ai entra o treinador parte integrante na planificação no processo operacional de treino e seus exercícios/unidades que passa essas próprias ideias do plano concetual para o treino, microciclo e meso-ciclo que desenvolve na prática a teoria estudada e aprofundada pelo treinador para o treino prático dentro da especificidade do coletivo e individual. 4 - Qual a mentalidade e motivação competitiva pretendida no jogador de formação? O objetivo de qualquer jogador na formação é alcançar o melhor resultado, no entanto sabe- se que nem todos têm a mentalidade de “querer sempre mais” seja no treino ou competição, os grandes jogadores de futebol da atualidade como Ronaldo ou Messi, tem essa “força de mentalidade” aleada a todas outras capacidades técnico-tática e física, no entanto concordamos que este tipo de mentalidade não é própria de qualquer jogador, no futebol dificilmente a competência técnica e o potencial da equipa em termos técnico-tático são suficientes para conquistar algo, na verdade os fatores psicológicos e motivacionais são determinantes, uma vez que estamos a falar de situações de grande presão que diretamente atinge o jogador de formação desde o treinador, dirigentes, adeptos e familiares, outro foco motivacional próprio do jovem jogador é saber antes do jogo onde esta o Pai, Mãe ou Namorada, estes muitas vezes são os principais focos de auto - motivação indiretos, ligados ao jovem jogador. No entanto é importante estabelecer metas atingir, para que toda a mentalidade e motivação dos jogadores sejam trabalhadas e direcionadas durante a época em função desses mesmos objetivos, e dotar o plantel de recursos humanos e materiais para fazer sentir na equipa de formação como um investimento de futuro no clube e no panorama nacional. 5 - Qual o perfil ideal para o treinador da equipa júnior (sub-19) de formação? Grande parte dos nossos clubes em Portugal tem como norma a integração de ex.: atletas profissionais de futebol nos seus quadros como treinador de formação, é algo lógico, já que são referências do clube e dos próprios jovens jogadores, mas muitos deles podem ainda não ter a experiencia de treinador, mas será a idade verdadeiramente decisiva, não nos podemos esquecer que a competência não tem idade predefinida, e o futebol não é exceção, quem forma e treina precisa de entender que deve ter uma visão otimista acerca das capacidades
  • 10. daqueles que ensina. Quem ensina deve captar a atenção dos jogadores, conseguir que se empenhem sempre ao máximo das suas capacidades técnico-tática, física e psicológica, quer no treino e jogo, só assim terão condições de estar mais próximo de alcançar o seu objetivo. Por outro lado o jovem jogador júnior ”não são máquinas programáveis”, são jovens adolescentes com personalidades distintas que pensam, interpretam e se emocionam, e todos com formas diferentes de reagir e de comportarem nas várias faces durante o processo de transição de júnior para sénior. Para quem forma e treina jogadores de formação, não basta saber de futebol, tem que existir competência na metodologia de treino, liderança e principalmente técnicas de comunicação, porque o treinador necessita de ser capaz de levar aqueles a quem se dirige a reconhecer essa autoridade, dentro e fora de campo. Esse reconhecimento deve ser feito através da criação de ambientes de trabalho onde a sua competência seja demonstrada e exista confiança e respeito mútuos, o sucesso de uns seja o sucesso de todos. Não basta portanto adquirir conhecimento, sendo fundamental que o mesmo seja aplicado de forma eficaz, tanto no treino como no jogo, por outro lado, é decisivo para o treinador respeitar o princípio básico da formação, que nos diz que a sua qualidade depende, acima de tudo, do modo responsável e participativo com que os jogadores aderem às atividades que lhe são propostas, estas são algumas verdades cuja aplicação ao processo final de formação, que é a transição do jogador júnior para sénior. DEDICATÓRIA  Em memória do meu irmão Marco António Moutinho Gomes Vieira, apesar de não estar mais entre nós, “esta sempre no meu coração”, ele como muitos no passado e presente na transição de júnior para futebol sénior, simplesmente desistiu, … mas a maior “rasteira” que a vida lhe pregou, lutou sempre e nunca desistiu até um dia a dormir “ veio um anjo e o levou”! “Na teoria todos nós temos algumas ideias e soluções na transição de júnior para sénior, mas na prática é como um jogo de futebol, só sabemos o resultado no final”! Pedro Moutinho Vieira, 28 de Fevereiro de 2016